Carro / Veículo - Tuning: hobby caro pode desvalorizar veículo
Mais vale um gosto do que dinheiro no bolso. O velho ditado parece se aplicar
à prática do tuning, ou seja, a personalização de automóveis, já que o dinheiro
investido com acessórios para o hobby dificilmente é recuperado. "Por ser uma
coisa muito pessoal, o dinheiro gasto dificilmente volta ao dono, quando ele
decide vender o carro. É muito difícil encontrar alguém que goste das mesmas
coisas e aceite pagar R$ 50 mil em um carro que vale R$ 25 mil, mas que tem mais
R$ 25 mil em acessórios", afirma o editor-chefe da revista CarStereo, Ademir
Pernias.
"Como a prática se popularizou, é considerada tuning qualquer modificação no
veículo, e algumas dessas alterações, que valorizam o carro, podem, sim, ser
incluídas no valor de venda do automóvel. É o caso das rodas, dos bancos de
couro, dos sistemas de som e chips que aumentam a potência do motor. Mas
mudanças na pintura, volantes coloridos e suspensão mexida, muito usadas nessa
prática, chegam até a desvalorizar o carro", garante.
No entanto, Pernias conta que são poucas as pessoas que gostam de mudar o
veículo e o colocam à venda. "Proprietários constroem carreira no tuning. Eles
personalizam o veículo porque gostam e muitos participam de concursos e ganham
prêmios com suas criações. Tem gente que chega a alugar seus carros para ficarem
expostos em eventos automotivos. Essas pessoas querem sempre melhorar o carro
dentro do seu ponto de vista e não fazer dinheiro vendendo ele".
Hobby pesa no bolso
Personalizar um carro pode ser bastante caro. "Um bom jogo de rodas chega a
custar R$ 15 mil e um kit multimídia, com som e DVD, por exemplo, também não sai
muito menos do que isso. Portanto, dependendo das alterações que você deseja
fazer, a brincadeira pode sair bem cara", afirma.
O editor garante ainda que, para os tuneiros, sempre há algo que pode ser
melhorado. "É como na moda, por mais que você tenha roupas suficientes, em cada
estação, são lançadas coisas novas que você quer ter. E a indústria de
equipamentos para carros é muito grande e cria desejos de consumo nas pessoas.
Por mais que o veículo tenha um ótimo volante, se uma empresa cria um novo, mais
bonito, com um material que proporciona uma nova sensação ao dirigir, você acaba
querendo trocar o seu, é óbvio".
A prática, que começou a crescer no Brasil depois que o filme "Velozes e
Furiosos" foi exibido no País, atinge pessoas de todas as idades, sexo e poder
aquisitivo. "Os tuneiros são jovens, velhos, mulheres e homens, sem
discriminação. É um hobby que junta quem gosta de carros. E mesmo quem não tem
muito dinheiro pode participar. Apesar de alguns equipamentos serem muito caros,
também existem alguns mais em conta. Sem falar que hoje a tunagem é feita em
qualquer tipo de automóvel", conta.
Perneias explica que, antes, a prática era mais aplicada em carros grandes e
antigos, como Cadillacs, mas hoje isso mudou. "Inspiradas pelo filme, as pessoas
começaram tunando os carrões antigos, que eram bastante caros. Hoje, nos
encontros de tuning, vemos desde carros caros até mais baratos, como Chevette e
Fusca".
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