Investimentos / Fundos - A importância da diversificação dos seus investimentos
Freqüentemente nos deparamos com perguntas do tipo: Qual a melhor alternativa de
investimento no momento? Qual é o investimento mais rentável? Estas perguntas
são tão sem sentido quanto entrar em uma farmácia e solicitar o melhor remédio
para curar uma gripe, por exemplo. A tabela abaixo apresenta uma relação de
alguns aspectos que devem ser observados em relação a um medicamento e um
determinado investimento.
MELHOR REMÉDIO |
MELHOR INVESTIMENTO |
Informações ao paciente (vide bula) |
Descrição e objetivos de determinada
alternativa de investimento |
Informações técnicas (vide bula) |
Riscos envolvidos, retorno, liquidez do
investimento, etc. |
Indicações e Contra-Indicações |
Se o investimento é adequado ao seu
perfil de investidor, a sua tolerância ao risco ou aos seus objetivos de
investimento. Se o investimento está adequado ao prazo disponível. |
Reações adversas |
Comportamento do investimento de acordo
com as reações adversas de mercado, gerando ou não perdas, parciais ou
totais. |
Precauções e Superdosagem |
Concentração total ou parcial dos
recursos em um único investimento. Importância da diversificação. |
Um bom
investimento é aquele que a pessoa escolhe, após uma análise cuidadosa das
informações disponíveis, como apropriado às suas preferências em termos de risco
e taxa de retorno (rentabilidade), bem como adequando o investimento ao perfil
de consumo, patrimônio e fluxo de caixa, do indivíduo ou da família.
Baseado nesta
premissa, o investidor deve alocar seus recursos de acordo com suas
necessidades. Em contrapartida, se o investidor busca maiores retornos precisa
assumir maiores riscos. Portanto, o investimento mais adequado é aquele que
atende aos seus objetivos financeiros ao longo do tempo e com a melhor relação
entre risco e retorno. Podemos entender que a parcela de recursos disponível
para um prazo maior pode ser direcionada para alternativas de investimento com
maior risco e conseqüentemente com expectativas de maiores retornos. E recursos
disponíveis para um prazo mais curto devem ser destinados para investimentos com
menor risco e maior liquidez e conseqüentemente menores rentabilidades.
Com as
elevadas taxas de juros vigentes no Brasil, fica difícil justificar a
diversificação em ativos com maiores riscos em troca de expectativas de maior
retorno. O mercado de ações, naturalmente uma alternativa de investimento de
longo prazo, vem apresentando riscos mais elevados dos que os tradicionais
fundos de renda fixa, porém, sem oferecer rentabilidades compensadoras. Nos
últimos sete anos (junho de 1995-2002), o índice da Bolsa de Valores de São
Paulo registrou uma rentabilidade acumulada de 167,1%, enquanto que o
Certificado de Depósito Interbancário (CDI), o referencial mais utilizado para
investimentos em renda fixa, 160,0%. Porém, o risco proporcionado pela Bovespa
foi 15 (quinze) vezes ao de um investimento de renda fixa. Então, podemos
concluir, que para este período analisado o retorno em ações não compensou o
risco proporcionado. Em contrapartida, a poupança no mesmo período apresentou
uma rentabilidade de 95,3% (líquida de IR). Neste caso, o ganho proporcionado
pelo mercado de ações foi de aproximadamente 40% sobre a poupança.
O maior
problema para conscientizar as pessoas da necessidade de diversificação em
ativos de maior risco está representado no gráfico abaixo. Este gráfico mostra a
rentabilidade mensal do Ibovespa, CDI, Dólar e Poupança no período de junho de
1995 a 2002. A volatilidade (= risco) apresentada pelo Ibovespa assusta,
principalmente, o investidor menos experiente. Historicamente, observamos que
investidores optam em diversificar na Bolsa em momentos de alta, porém sem
entender a dinâmica deste mercado. A conseqüência imediata é o resgate (ou
liquidação) da posição no primeiro retorno negativo apresentado.
Outro bom
exemplo seria a demanda existente atualmente pelo dólar devido, principalmente,
a escalada desenfreada e desequilibrada do seu valor em relação ao real nos
últimos dois meses. Comprar dólares ou investir em papéis atrelados ao dólar é
uma alternativa para as pessoas que estejam poupando para realizar um gasto
futuro em dólar (viagem, estudo dos filhos no exterior, compra de imóveis no
exterior, etc) ou que tenham dívidas atreladas em dólar.
A
diversificação dos investimentos tem por objetivo a redução do risco e a
adequação às reais necessidades e/ou objetivos do investidor no curto, médio e
longo prazos Vamos utilizar um exemplo para apresentar a importância da
diversificação mesmo em momentos de elevada incerteza e volatilidade no mercado.
Uma pessoa
concentra todo o seu dinheiro em poupança. Em junho de 1995 havia definido como
meta de longo prazo (junho de 2002) fazer uma viagem para os Estados Unidos de
um mês com sua família. O correto seria definir o valor em dólares que gostaria
de acumular neste período e programar investimentos periódicos equivalentes em
dólar em alguma alternativa de investimento atrelada ao dólar. Porém, como esta
pessoa é muito conservadora resolveu concentrar seus investimentos em poupança.
Decorridos três anos fez uma comparação entre a poupança e o dólar e chegou a
conclusão de que sua escolha foi correta. Porém, em janeiro de 1999 veio a
surpresa, o dólar se valorizou em relação ao Real. Em junho de 2002, o dólar
havia acumulado uma valorização próxima a 120% enquanto a poupança estava com
100%. A escolha mais conservadora seria poupar em dólar para gastos em dólar,
independente das expectativas de valorização do dólar ou se este está caro ou
barato.
A conclusão é que a diversificação dos seus investimentos é muito importante e
necessária, porém não descarta uma boa análise e um entendimento das principais
alternativas existentes.
Não deixe de
consultar um especialista em investimentos.
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