Se você quer quitar as dívidas, planejar uma viagem ou realizar um sonho de
consumo, já sabe: gaste menos do que ganha, controle suas despesas, faça uma
planilha. Contudo, se é tão simples assim organizar o orçamento, por que tanta
gente não consegue? Talvez, o problema esteja na tal planilha de controle.
A ferramenta é disseminada entre os especialistas como uma das melhores
formas de controlar os gastos. De fato, ela é. Mas alguns consumidores precisam
ficar atentos, principalmente aqueles que retiram modelos de planilhas pela
internet. A escolha pode atrapalhar o planejamento!
Isso porque muitos desses modelos são de planejamento financeiro corporativo
e não familiar. “O planejamento corporativo é uma ferramenta para tomadas de
decisões, ajuda as empresas a maximizar resultados e diminuir custos”, explica o
especialista em finanças e diretor da Human Value, Mario Kuniy.
“No caso das famílias, esse planejamento lida com aspectos mais amplos e visa
controlar os gastos”, diz. Pensando nisso, aí sim dá para planejar o orçamento
de maneira eficiente. “Não é tão difícil assim, o que pesa mesmo são os
bloqueios psicológicos”. Para ele, não tem jeito, o ideal é cada um montar sua
própria planilha.
Planeje certo
Para conseguir realizar aquele sonho que envolverá algum dinheiro extra,
Kuniy aconselha primeiro deixar os entraves psicológicos de lado. “Às vezes, a
pessoa não quer fazer uma planilha porque não quer ver o quanto está gastando”,
afirma.
Além disso, outro fator que torna a planilha ineficiente para muitas famílias
é a falta de noção quanto ao limite de gastos. “O ideal é ter 20% da receita
líquida mensal livre para poupar”, diz o especialista.
De resto, é seguir a receita de bolo, mas dando atenção a alguns ingredientes
que muitas vezes ficam de fora do planejamento, mas que são essenciais.
Anotar as receitas é fácil, o problema recai na hora de anotar as despesas.
“Geralmente, as pessoas vão deixando de lado aqueles R$ 10 da padaria, aqueles
R$ 20 de outro lugar, aí quando fecham a planilha parece que está tudo dentro do
previsto”, explica o especialista.
Por isso, a primeira lição de um bom controle orçamentário é detalhar todas
as despesas. “Apesar de chocar mais, porque você visualiza todos os seus gastos,
você visualiza exatamente onde está gastando mais”, diz Kuniy. Com isso, na hora
de economizar, você saberá exatamente o que cortar.
Outro erro comum, que pode prejudicar a eficiência da ferramenta, é
relacionado aos gastos com cartão de crédito. Quando o débito é parcelado, o
certo, explica Kuniy, é colocar as despesas referentes a cada mês que você terá
de desembolsar para pagar a conta. “Muita gente coloca o valor total na planilha
do mês que efetuou a compra”. O risco é perder o controle das contas.
Seja paciente!
Ficou claro que não existe dificuldade em anotar e detalhar gastos e
despesas, mas, manter esse hábito parece difícil. “Percebemos que as pessoas
conseguem ter esse hábito com um mínimo de 21 dias, mas isso depende muito da
pessoa, da situação”, diz Kuniy.
Por isso, na receita do bom planejamento deve entrar também uma boa dose de
paciência. “Depois de um tempo, você consegue saber o que vai gastar nos meses
seguintes”, ressalta o especialista. A partir daí, depois do controle, fica mais
fácil planejar as contas. “Se a pessoa tem essa vontade, acredito que depois de
dois ou três meses, ela consiga prever gastos”. Desta forma, fica mais fácil
planejar o pagamento de dívidas, aquela viagem, realizar aquele sonho de
consumo...