Para o alfaiate
Querido (nome)
Lembro de você e sinto saudade. Lembro do seu atelier, ou da alfaiataria, como
era antigamente chamada a oficina de costura de roupas masculinas. Com a
tesoura, réguas e centímetros, eu te via sempre cortando pano e montando paletós
e coletes, para prova, em sua clientela distinta.
Eu era sua calceira, e não via a hora de acabar as suas encomendas e ir
correndo entregá-las no seu atelier. Só nesses momentos é que podia te ver e
conversar com você, pois já gostava de te ver e admirar. Achava demais o seu
trabalho.
Admirava muito a sua nobre profissão. O seu corte era inconfundível e as
roupas feitas sob medida, eram sem dúvida grande sucesso. Mas essa admiração se
acentuava porque sempre tive uma queda por você. Nossos contactos profissionais
viraram logo paquera, e em pouco tempo estávamos namorando.
Que bonita foi a história da costureira que se apaixonou pelo alfaiate seu
patrão. Foi um caso especial, pois jovem e atraente como você era, e eu mulher
solitária que só pensava na costura, tinha que dar samba. Com poucas palavras
fui conquistada. Caí inapelavelmente em sua “entretela” ou melhor na sua rede.
Tenho saudade de nossos encontros em sua alfaiataria, “A Tesoura de Ouro”
pois lá passamos momentos que ficaram marcados, inesquecíveis para mim, por isso
estou escrevendo esta cartinha, talvez você ainda se lembre da sua calceira
favorita.
Eu me lembro sempre de você.
Beijos (assinatura)