A expressão “façam o que eu falo e não façam o que eu faço” costuma
interferir muito nas relações de trabalho. É comum funcionários me
confidenciarem que ficam muito desmotivados para colocarem em prática algumas
melhorias em seu trabalho, principalmente aquelas que se referem a atitudes
comportamentais, pois seus gestores falam bastante, mas não praticam o que tanto
pregam!
Todos nós passamos por esse tipo de incômodo pelo menos uma vez na vida.
Estou falando da distância entre teoria e prática, o que os especialistas chamam
de Teoria Proclamada e Teoria de Uso.
Os indivíduos agem no seu dia a dia a partir do seu sistema de crenças e
valores. Muitas de suas atitudes são inconscientes, ficando difícil perceber a
dissonância entre fala e ações. A teoria proclamada fica clara para os ouvintes,
mas acaba passando muitas vezes despercebida por quem a pronuncia. Acredito que
as pessoas adotam discursos diferentes da prática por autodefesa, para agradar o
outro, por sua dificuldade em agir diferente e para persuadir as pessoas.
Alguns exemplos
- Aquelas pessoas que fazem discurso contra o nepotismo, mas somente
entregam cargos de confiança a algum parente;
- Chefes que exigem qualidade nas relações interpessoais de sua equipe,
mas não aceitam nenhuma interferência em suas decisões;
- Outros dizem que é preciso cuidar das pessoas carentes, estimulam a
caridade, mas não dão um centavo de seu salário para ninguém!
Os impactos negativos dentro das empresas
A falta de coerência entre discurso e ação gera desconfiança,
insegurança, desmotivação e baixa credibilidade. Quando isso ocorre entre líder
e liderado, os resultados são mais desconfortáveis ainda! Um dos papéis da
liderança é inspirar as pessoas, mas como isso será possível se a equipe não vê
coerência nas ações desse condutor?
Pesquisas já demonstraram que o tempo de permanência e a motivação para o
trabalho dentro das empresas dependem não somente do salário recebido, mas da
confiança e admiração que os colaboradores têm sobre seu líder.
A teoria proclamada é comum em todo mundo
Atenção: é importante saber que esse “gap” acontece com todos nós. Para
auxiliar na descoberta de algumas de nossas teorias proclamadas, a especialista
em condução de equipes Áurea Castilho nos fornece algumas
ferramentas. Vamos tentar descobrir?
- Pense e liste seus valores e crenças;
- Liste algumas de suas teorias proclamadas e de uso. Se estiver difícil
perceber, peça que as pessoas que convivem com você façam essa lista. Mas
não fique chateado com resultados desagradáveis;
- Trace para você algumas ações prioritárias para reduzir o “gap” e
reverter a situação;
- Com disciplina e tempo é possível melhorar sensivelmente.
Essa ferramenta também é útil para ser utilizada dentro das empresas durante
algum workshop envolvendo equipes de trabalho. Sendo bem conduzida,
traz resultados positivos. Quero saber: você convive com pessoas que exageram
muito no uso da teoria proclamada? Esse tipo de comportamento afeta as relações
de trabalho? Como você lida com essa questão?