Você já deve ter presenciado uma cena como esta: uma pessoa faz uma crítica,
mas não tem exemplos ou justificativas para fundamentá-la nem sabe apontar uma
solução para o problema. Pois saiba que, apesar de não indicada, a situação
acontece o tempo todo, inclusive no ambiente corporativo, e é um exemplo
clássico da "crítica insignificativa ou injustificada".
De acordo com a psicoterapeuta Clarice Barbosa, quando se critica, a intenção é
apontar o erro do outro, seja no comportamento, seja no trabalho realizado. Mas,
quando isso é feito de maneira injustificada, o que a pessoa está tentando fazer
é se defender e colocar o foco no outro.
O especialista em Gestão de Projetos Anthony Mersino, em seu livro "Inteligência
emocional para gerenciamento de projetos" (Ed. M.Books), afirmou que a crítica
injustificada muitas vezes vem de indivíduos que estão se sentindo inseguros,
ameaçados ou emocionalmente vulneráveis. Muitas vezes, a crítica costuma ser uma
reação "à mágoa que sentimos", explicou na obra.
Por que criticar?
Segundo Clarice, uma justificativa para a pessoa criticar muito pode estar na
infância. Imagine a seguinte situação, que pode ilustrar esta ideia: quando você
estava no colégio, tirava notas boas de maneira geral, mas sempre ia mal em
matemática. A reação dos seus pais era parabenizá-lo em relação às matérias em
que ia bem ou criticar muito por conta da falta de habilidade com cálculos?
Se você respondeu que seus pais optariam pela segunda opção, significa que você
cresceu forçado a enxergar o lado negativo das situações.
Outro motivo para o comportamento crítico injustificável é a autodefesa. "Quando
uma pessoa aponta os defeitos do outro, ela expõe essa pessoa e tira o foco dela
mesma", afirmou Clarice.
Cenário favorável
Mas a pessoa que critica sem justificativas não o faz em território inimigo. A
psicoterapeuta explicou que ou ela está em um ambiente que convive há muito
tempo ou em uma posição de poder. "Ela está se sentindo segura para fazer isso.
Assim que se sente confortável, começa a expor o outro, deixando-o vulnerável".
O cenário começa a ficar desfavorável para esse profissional que critica sem
justificativas quando ele se depara com um colega de trabalho com perfil
questionador. Isso acontece com mais frequência em empresas em que o ambiente de
trabalho é mais flexível, em que há espaço para questionar, e em ambientes onde
a hierarquia não gera medo.
"A crítica insignificante também é destrutiva. Se não questionada, ela acaba
sendo uma verdade", disse Clarice. Por exemplo: você entra numa empresa e falam
que um funcionário é agressivo. Quando conversa com a pessoa, você percebe outra
imagem. O que aconteceu é que se disseminou a imagem negativa do profissional,
porque alguém começou com isso. "Se você tem bom senso, vai avaliar o que é
verdade mesmo. Uma crítica sempre contém um julgamento".
Tipos de crítica
Existe aquela crítica que é destrutiva, a qual diminui a autoestima do
profissional e não o motiva a melhorar. Normalmente, não é dito o que ele deve
melhorar e, por isso, ele deve questionar.
Na construtiva, por outro lado, pontua-se o que o profissional está fazendo de
errado e o que pode melhorar. "Ela não faz o profissional se sentir inferior e
aponta também as qualidades. A pessoa que receber isso não vai se sentir
menosprezada".