Segundo os estudiosos em psicologia do consumidor,
apenas 20% das compras ou contratação de serviços são realmente imprescindíveis.
Os outros 80% são realizados por motivos ou situações diversos - impulsos
incontroláveis, ingenuidade, influência da propaganda e até problemas de
comportamento, como a compra por compulsão -, que fazem com que o consumidor
acabe gastando mais do que o necessário. É interessante avaliar o que nos leva a
comprar não apenas o indispensável para sobreviver, mas determinados produtos
cuja finalidade ou utilidade são bastante duvidosas. E o prejuízo nem sempre é
sentido apenas no bolso.
Comprar por necessidade: Tudo o que compramos
satisfaz de alguma forma as nossas necessidades, seja para matar a fome, saciar
a sede, curar uma doença, seja para proporcionar conforto, lazer e satisfação
pessoal - mas será que precisamos de tudo o que compramos? Durante séculos as
pessoas somente consumiam o que precisavam para viver. Alimentos, roupas,
remédios eram comprados na medida certa para atender às prioridades de momento,
até porque a oferta de produtos era pequena. Mas, a evolução da sociedade, as
mudanças de costumes, de comportamento e o progresso, fizeram com que as
necessidades do homem também se transformassem e fossem ficando caca vez mais
complexas, gerando um verdadeiro círculo vicioso. Quanto mais novidades no
mercado, maiores os sonhos de consumo. O que até ontem parecia ser
desnecessário, de repente se torna totalmente indispensável., como os
eletrodomésticos, o microcomputador, o telefone celular e tantos outros
produtos, que passaram a fazer parte da nossa vida de tal maneira que não é
possível imaginar viver sem eles. Por outro lado, o homem passou a desejar
produtos que nem sempre conhece, ou sabe a sua real utilidade. Essa febre
consumista fez surgir também a indústria do supérfluo. Produtos de aparente
praticidade, acabam se transformando em verdadeiros elefantes brancos, que ficam
jogados no fundo de um armário qualquer e o que é pior, pesando no bolso. Por
isso, é preciso tomar cuidado para não acabar se transformando em vítima de uma
falsa impressão de conforto e acabar atolado em produtos sem a menor utilidade.
Comprar por impulso ou por compulsão: Quantas
vezes você voltou para casa com alguma coisa que comprou sem saber porquê. Ou
saiu para comprar determinado produto e acabou comprando outros que não
precisava, só porque não resistiu à tentação? Essa atitude é o que se chama de
compra por impulso. Um estudo feito pelo instituto americano Point of Purchase
Advertising Institute (Popai), revelou que 53% dos consumidores costumam levar
para casa produtos que não planejavam comprar, e que 66% das compras são
decididas no próprio ponto de venda, em menos de cinco segundos.O apelo
publicitário, o preço ou, até mesmo, a embalagem, são atrativos instantâneos
para se comprar por impulso. São aquelas pequenas loucuras que se cometem ao
passar pelas gôndolas dos supermercados, diante de vitrines atraentes de lojas
que têm ofertas tentadoras, ou em liquidações, quando se compra muito mais do
que se precisa ou acaba-se levando alguma coisa totalmente desnecessária.Mas o
comprador impulsivo não é um caso perdido. Com um pouco de disciplina e
auto-controle é possível deixar o impulso de lado na hora de comprar e fazer
bons negócios. E o bolso, certamente, vai agradecer.
Como evitar a compra por impulso: - Quando for
fazer compras, seja na feira, no supermercados, faça uma lista de tudo o que
pretende comprar
- Saia de casa com o firme propósito só comprar o que estiver na lista.
- Cuidado com ofertas tentadoras, promoções espetaculares ou sensacionais
liquidações.
- Antes de pagar, respire fundo, olhe mais uma vez para a mercadoria e se
pergunte se está comprando apenas o que precisa.
- Procure saber se o produto pode ser trocado.
- Deixe essa possibilidade bem clara, se possível na nota fiscal.
- E não esqueça de pedir nota fiscal. Ela é sua garantia, caso precise trocar
alguma coisa.
Comprar por compulsão: É preciso distinguir o
consumidor que compra por impulso do que é compulsivo. O consumidor compulsivo é
aquele que não se impõe limites. Desconsidera planos econômicos, mudanças de
moeda, altas taxas juros de cheques especiais e de cartões de crédito. E não há
ministro da Fazenda ou medida provisória que consiga detê-lo. Ele compra, mesmo
que esteja em dificuldades e não tenha como pagar. Faz dívidas em seu nome, em
nome de outras pessoas, porque para ele o que importa é comprar.A compulsão é um
estado emocional que anula o raciocínio e no caso do consumidor acaba também com
o prazer de comprar. Enquanto quem compra por impulso se entusiasma ou se
encanta com determinados produtos que, por um momento, julga serem necessários,
o consumidor compulsivo vai às compras como um viciado em jogo, que sai de casa
apenas para jogar, sem se importar se vai ganhar ou perder, ou como alguém que
bebe muito e não faz mais distinção entre um copo de uísque falsificado e um
autêntico. Dessa forma, uma camisa, um vestido, um par de sapatos, será apenas
mais um objeto e jamais uma peça especial.O vírus do consumo incessante ataca
principalmente as pessoas que têm problemas em aceitar limites e regras. Esse
comportamento é sintoma de que há um desajuste, que algo está fora de lugar e,
muitas vezes, é preciso a ajuda de um profissional.
Comprar Influenciado pela propaganda: A
publicidade surgiu para convencer o consumidor a comprar e, com isso, estimular
o consumo. O que não tem sido muito difícil, uma vez que predisposição para o
consumo faz parte da condição humana. A propaganda e os meios de comunicação de
massa exercem uma influência importante na vida e nas decisões das pessoas, e
são responsáveis também por muitos erros e prejuízos. O rádio, e principalmente
a televisão, são os mais abrangentes meios de comunicação. As redes de televisão
geram programas e anúncios, que, muitas vezes, estão distantes da realidade dos
lugares aonde eles chegam, provocando ansiedade e frustração.A publicidade cria
necessidades e novos padrões de consumo, num contexto em que o importante é ter,
seja um novo modelo de carro, uma determinada griffe, bebidas, enfim, coisas que
representam status. Assim, o consumidor, bombardeado em sua capacidade de
escolha, passa a ter uma visão distorcida do que é necessário, útil ou saudável.
Para evitar os abusos e preservar a credibilidade, as próprias agências de
propaganda criaram CONAR (Conselho Nacional de Auto-Regulamentação), para
fiscalizar e evitar a propaganda mentirosa. O Código de Defesa do Consumidor,
por sua vez, proíbe a publicidade enganosa e abusiva.
Segundo o Código, é enganosa qualquer modalidade de informação ou comunicação de
caráter publicitário que contenha informações falsas, capazes de induzir o
consumidor a erro quanto a natureza, características, qualidades, quantidades,
propriedades, preço e qualquer outro dado sobre produtos e serviços. É enganosa
também, por omissão, a propaganda que deixa dar informações sobre algum dado
essencial do produto ou serviço. É considerada abusiva a publicidade que promova
qualquer tipo de discriminação, que explore o medo ou a superstição, incite à
violência, aproveite-se da deficiência de julgamento e inexperiência da criança,
desrespeite valores ambientais ou que seja capaz de induzir o consumidor a se
comportar de forma perigosa ou prejudicial à sua saúde ou segurança. A lei
isenta as agências de publicidade da responsabilidade sobre esse tipo de
anúncio. A culpa recai sobre o fornecedor que patrocina a campanha.Embora as
agências de publicidade se preocupem em evitar a criação de campanhas
consideradas enganosas ou abusivas pelo Código de Defesa do Consumidor, ainda há
quem se utilize da propaganda para vender gato por lebre, pois consumidor
continua sendo um alvo fácil e vulnerável.
Por isso, é preciso:ter muito cuidado com propagandas que ofereçam vantagens
extraordinárias, curas milagrosas como, por exemplo:
- fim da calvície, da celulite, emagrecimento rápido e sem dieta, entre outras;
- orientar as crianças e adolescentes para que não se deixem influenciar pela
propaganda;· avaliar se o produto é realmente importante para sua vida, sua
saúde, seu conforto;
- pedir informações a outras pessoas sobre produtos ou serviços oferecidos;
- ver se é o momento certo para a compra;
- guardar o material publicitário (folhetos, anúncios de jornais e revistas),
pois a propaganda, de acordo com o Código de Defesa do Consumidor, integra o
contrato e, portanto, tudo que é anunciado deve ser cumprido
- Informar-se junto aos Procons, se a empresa é idônea e se há reclamações
contra ela