A sua empresa é daquelas que, face à pressão por resultados imediatos, pouco
tem focalizado a atenção ao fato de que as pessoas se sentem ansiosas,
inseguras, desgastadas e perplexas em muitos momentos de suas vidas? Ou faz
parte do rol de empresas que entende que, por serem constituídas de pessoas,
podem se tornar (corporativamente) deprimidas, sofrerem de pânico, fobias e
outros transtornos psicológicos?
Pois saiba que, desde a década de 80, quando as pessoas começaram a tomar
consciência de que as suas escalas de prioridades apresentavam distorções, a
auto-estima, a autoconfiança, o culto ao corpo, a felicidade e a plenitude
assumiram posições de maior importância, inclusive nas empresas, as quais,
tornando-se conscientes que não há linhas divisórias entre o ser humano e o
profissional, estão abrindo espaço para o "humano" dos seus
colaboradores. Afinal, qualidade de vida e felicidade são tão importantes quanto
tecnologia e métodos de auditoria, quando se pensa em resultados e
produtividade.
Um dos disparadores desta conscientização foi o reconhecimento de que a
ansiedade e o estresse não são patrimônios exclusivos de executivos atarefados e
de que a competitividade acabou substituindo a colaboração, o que é um paradoxo
se levarmos em conta que vivemos na época do trabalho em equipe; isso e muitas
outras variáveis aumentam o grau de ansiedade (temor indefinido experimentado
como expectativa do pior) dos profissionais nas empresas como também as
frustrações.
Para as empresas, que tanto sonham com profissionais comprometidos e
engajados com seus resultados, ter um ambiente hostil é o mesmo que "dar um tiro
no pé", pois a ansiedade gerada é apenas o ponto de partida a um atalho que
conduz ao tédio. A ansiedade e/ou os ataques de pânico, conduzem a certo cansaço
psicológico que plana sobre um sentimento de vazio e neutralidade perante tudo
quanto rodeia o indivíduo.
O quadro pode agravar-se para a depressão, o Mal do Século e, em breve, a
segunda doença em número de ocorrências em todo o mundo. É uma doença "do
organismo como um todo", que compromete o físico, o humor e, em consequência, o
pensamento. Como altera a maneira como a pessoa vê o mundo e sente a realidade,
entende as coisas, manifesta emoções, sente a disposição e o prazer com a vida,
pode-se dizer que altera, da mesma forma, a empresa onde trabalha. Ela traz
muitas outras manifestações comportamentais que podem prejudicar o esforço pelos
resultados empresariais, tais como "fracassomania", inveja, oposição neurótica,
estresse, paranóia, hostilidade, intolerância às críticas, necessidade de poder,
inimizades etc. Há, ainda, os "fantasmas" do corpo que tanto influenciam a
auto-estima e a vaidade humana.
Não se pretende tomar por depressão qualquer sintoma consequente de
dificuldades e frustrações do dia a dia, aos aborrecimentos a que todos estamos
sujeitos ou às reações às queixas dos chefes sobre as performances dos
funcionários. É uma doença afetiva (ou do humor), e não é, simplesmente, estar
com "baixo astral" passageiro. Também não é sinal de fraqueza ou de falta de
pensamentos positivos, mas as consequências podem ser muito negativas para as
empresas, como alguns exemplos abaixo:
- A auto-imagem e a auto-estima destas pessoas costumam estarem francamente
deterioradas a ponto de não se verem capazes de realizar suas tarefas ou novos
desafios.
- O paciente depressivo tende a se isolar afetando a comunicação interna e a
qualidade do trabalho em equipe.
- A depressão pode evoluir para a síndrome de pânico ou outras fobias
paralisando o funcionário nas situações de maior pressão.
- O funcionário poderá apresentar transtorno somatomorfo, isto é, uma resposta
emocional a uma vivência traumática que se caracteriza por um salto do psíquico
para o orgânico, com predominância de queixas relacionadas aos órgãos e sistemas
como, por exemplo, queixas cardiovasculares, digestivas, respiratórias,
genito-urinárias etc. Ou seja, manifestará no corpo, em forma de doenças, a
ansiedade e/ou a depressão (ou outros transtornos psi's), podendo ser
frequentemente afastado de suas atividades.
- A ansiedade é um quadro que poderá evoluir para o consumo excessivo de álcool
e/ou drogas.
- Muitas vezes somam-se os sintomas de persecutoriedade, ou seja, de ser
perseguido e isso pode alterar negativamente o clima entre os funcionários e
gerar sérios conflitos individuais ou grupais.
Enfim, não apenas importante, é imprescindível que a empresa cuide da saúde
psicológica de suas equipes de trabalho. Sentimentos como raiva, tristeza ou
frustração, quando ignorados, podem drenar a vitalidade dos profissionais e
minar a competitividade da empresa, logo, administrá-los é crítico para as
empresas. Segundo Peter Frost, psicólogo sul-africano radicado nos EUA, "o
sofrimento é um subproduto inevitável da rotina dos negócios. Administrar
mudanças, liderar projetos, criar produtos ou buscar resultados sempre levará os
profissionais a algum nível de sofrimento. O problema existe quando as
organizações não dão importância a essa questão e não criam formas de filtrar o
sofrimento".
Portanto, em empresas problemáticas, eles se transformam num veneno que mina
a auto-estima e afeta a confiança dos funcionários - neles próprios e na
empresa, tendo como conseqüências, a perda de produtividade à debandada de
talentos.