A insatisfação com a vida, seja ela causada por problemas pessoais ou
profissionais, pode levar o profissional a interpretar de maneira errada alguns
processos rotineiros do ambiente de trabalho. Então, antes de tomar uma decisão
equivocada ou até mesmo prejudicar a produtividade, é preciso ficar atento.
De acordo com a analista de Recursos Humanos do Grupo Soma, Jane Souza, uma das
concepções erradas mais comuns no ambiente corporativo é aquele profissional que
tem falhas no seu trabalho, mas não busca formas de se aperfeiçoar, como o
ingresso em cursos técnicos. Assim, esse profissional começa a errar o seu
julgamento quando acha que o equívoco está na empresa e não nas competências
dele.
Demissões
Jane também destacou que outra situação que pode induzir a uma interpretação
errada da empresa é quando há uma demissão de um colega de equipe. Ao ocorrer
este fato, outro funcionário do mesmo setor pode achar que esse desligamento
ocorreu por conta da crise e que o próximo da lista pode ser ele. Porém, na
realidade, esse corte aconteceu porque o funcionário não se adaptou à empresa.
Além disso, as transferências de funcionários também podem ser encaradas de
forma errônea. Ao transferir um funcionário para outro segmento da empresa, logo
os seus colegas podem imaginar que o setor irá acabar e todos da área estarão
propensos a perder os seus empregos ou mudar de departamento. Quando, na
verdade, essa transferência pode ter acontecido devido a uma promoção.
Falando em promoção, a analista lembra que esse pode ser um fato para diversos
tipos de interpretação. O profissional, com a promoção de um colega, se
questiona o porquâ aquela pessoa conseguiu e ele não e, a partir daí, cometer um
erro bem corriqueiro, pensar que ele não conseguiu a promoção porque fez algo de
errado. Sem pensar que a experiência do seu colega foi o fator determinante para
a sua promoção.
Por ter pensamentos fora da realidade, a analista revela que o profissional
acaba tendo um rendimento abaixo do esperado, comprometendo a qualidade do seu
trabalho na empresa.
Empresa também erra!
Mas não são só os profissionais que cometem erros de interpretação. Segundo a
consultora de RH (recursos humanos) e diretora-executiva da Clarz Management,
Luciana Botelho, a empresa pode errar no momento da contratação. Geralmente, as
organizações colocam nas descrições de cargos apenas as competências técnicas
necessárias e a função que o profissional terá na empresa, esquecendo de
mencionar as competências comportamentais.
Assim, depois de contratado, o funcionário é demitido por não ter os
comportamentos que a empresa preza e acaba pensando que o corte ocorreu por
falta de competência técnica.
Outro errro da companhia é informar que há oportunidades de ascensão de cargos
rápidas, sendo que a realidade é bem diferente. "Diante disso, a reação mais
esperada do funcionário é a insatisfação", ressaltou Luciana.
Para evitar esses transtornos, a consultora aconselha que a empresa tenha um
plano de ação e melhoria de performance bem definidos e os novos funcionários,
por sua vez, devem tentar fazer a leitura da organização, conhecendo as suas
características e metas.