Finanças pessoais - Operacional, analítico, sonhador: cérebro guia modo de lidar com dinheiro
Diariamente, milhares de pessoas em todo o mundo compram produtos, por
necessidade ou por puro prazer, influenciadas (ou não) por anúncios que viram na
TV ou atraídas por uma promoção. Podem pagar à vista, depois de terem juntado
dinheiro suficiente para aquela ocasião, ou sacar o cartão de crédito e fazer um
crediário, se resolverem levar o produto para casa, mesmo acumulando mais uma
dívida. Podem, ainda, adiar a aquisição, esperando o melhor momento ou o
conselho de amigos e parentes.
O que poucos têm consciência é que essas diferentes formas de se comportar e
agir no momento em que consomem e lidam com o dinheiro são guiadas por padrões
determinados pela atividade de seus cérebros.
De acordo com a professora de finanças da FGV-RJ (Fundação Getúlio Vargas),
Myrian Lund, dependendo do hemisfério cerebral que está mais ativo - o esquerdo
ou o direito -, todo nós podemos nos enquadrar em três perfis de comportamento:
operacional, analítico e sonhador.
De controlador a impulsivo
"O operacional é aquele que só faz se tiver dinheiro", explica Myrian,
acrescentando que, quanto à personalidade, essa pessoa se caracteriza por ser
muito prática e objetiva. Graças a esses atributos, seu ponto forte é a
capacidade de concretizar o que tem em mente.
Em contrapartida, devido à tendência de controlar demais as despesas, pode se
tornar um avarento e até abrir mão de alguns prazeres, o que, às vezes, pode
comprometer seus relacionamentos. "Essa pessoa deixa de ter o lado emotivo,
pensa assim: vou comprar o ovo de Páscoa no dia seguinte ao da data porque é
mais barato. Só que, depois da Páscoa, acabou o significado", explica a
professora.
Os indivíduos com perfil analítico, por sua vez, estão quase sempre inseguros e
em dúvida no momento em que vão comprar ou realizar algum negócio. "Sentem
necessidade de conversar e de trocar ideias com outras pessoas, antes de tomar
uma decisão", afirma Myrian.
Embora a reflexão e a análise sejam importantes, em excesso, observa a
professora, podem fazer com que essas pessoas percam boas oportunidades não só
quando vão comprar algo. "Isso acontece muito no mercado de ações. As pessoas
acham que estão no momento certo de entrar na bolsa, mas aí têm medo. Nessa
hora, começam a perguntar para um, para outro, e deixam de comprar ou compram no
momento errado, depois que [a ação] subiu", afirma, destacando que esse perfil
pode até deixar de ganhar dinheiro, porque pensa demais. "E a vida é um
caminhar, não podemos parar".
Quanto ao sonhador, ele costuma consumir por impulso, atraído por supostas
vantagens que lhe oferecem, mas sem analisar se realmente vai utilizar o serviço
ou produto que comprou. "São pessoas que agem em função da mídia, dos anúncios,
das promoções", observa Myrian. Além disso, estão mais voltadas para o lado
estético, da moda, e sempre atentas às novidades. Poupar, para elas, é um hábito
que praticamente não faz parte suas vidas, já que seu principal objetivo é
satisfazer imediatamente um desejo. "Elas não pensam no dia de amanhã, não se
planejam financeiramente", diz, enfatizando que esse é o perfil da maioria dos
brasileiros, devido ao temperamento passional e aos anos de cultura
paternalista.
Se por um lado, se caracteriza pela impulsividade, por outro, esse perfil é
marcado pela criatividade acentuada e pela facilidade de comunicação. "A
abundância de ideias, no entanto, não significa que elas irão se concretizar",
lembra a professora.
Dize-me com quem andas...
Ainda de acordo com Myrian, todos nós temos os três lados funcionando, mas
normalmente um deles predomina. E não só por causa da parte do cérebro que está
mais ativa. "As companhias podem influir muito. Se você convive mais com pessoas
que valorizam o lado estético, da moda, acaba desenvolvendo mais esse lado
[sonhador] e esquecendo que os outros [operacional e analítico] existem".
No entanto, enfatiza a professora, o ideal é a integração dos três perfis. "A
pessoa trabalha, tem desejos, analisa antes de comprar e efetiva a compra no
momento certo", afirma.
Para tanto, ela recomenda como cada um dos perfis pode buscar o equilíbrio,
trabalhando seus pontos fracos:
- Operacional: Desenvolver mais o lado das emoções e da convivência
com outras pessoas. "Nem sempre o mais barato vai satisfazer".
- Analítico: Não ficar conversando com todo mundo sobre o que vai
fazer, para não ficar perdido em meio a tantas opiniões. "Siga mais a
intuição e, no máximo, converse com alguém que tem mais conhecimento".
- Sonhador: Parar e pensar, analisando vantagens e desvantagens e
se realmente precisa ou não de determinado produto ou serviço. "Se saiu com
a intenção de comprar, compre; se saiu sem a intenção, espere um dia e não
compre de imediato", finaliza a professora.
Referência:
InfoMoney
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Autor:
Ana Paula Ribeiro
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