Procurar um emprego nunca foi uma tarefa das mais fáceis, especialmente pelo
estresse e ansiedade que envolvem tal processo. A simples ação de enviar um
currículo até a contratação definitiva por uma empresa exige não apenas
paciência de um profissional, mas também controle para lidar com o tempo de
espera e com as negativas de um processo de seleção.
Mas será que os profissionais do mercado estão preparados para lidar com essa
expectativa? Na opinião do diretor de Marketing para América Latina da Michael
Page, Sérgio Sabino, a resposta é não.
Segundo ele, na ânsia de um feedback imediato, muitos profissionais erram ao
se antecipar e cobrar do recrutador uma resposta sobre a vaga ou sobre sua
análise de perfil, e isso pode ser determinante na hora de conseguir o tão
esperado emprego.
“Existem profissionais que ficam ligando e perguntando se já temos alguma
resposta e isso é um tanto quanto frustrante, pois existem processos que não
dependem do recrutador, mas do cliente”, explica Sabino.
Processo que demora
E que o processo demora, isso é fato, especialmente se a exigência do
cliente for criteriosa. “Após a triagem e as entrevistas, até temos bons
candidatos, mas muitas vezes o cliente acaba pedindo mais opções e temos que
segurar os feedbacks”, esclarece Sabino.
Além disso, analisar as centenas de currículos que são enviados, muitas vezes
fora do perfil solicitado, costuma ser uma tarefa bem trabalhosa e que demanda
tempo.
“Os profissionais que mandam currículo aleatoriamente almejando novas
oportunidades se queimam. Se eles não possuem inglês fluente, não adianta tentar
se candidatar para uma vaga em que essa habilidade seja uma exigência”, orienta
a consultora de planejamento de carreira da Ricardo Xavier Recursos Humanos,
Karla Mara Alves de Oliveira.
Para ela, muitos problemas seriam evitados se os candidatos apenas tentassem
cargos compatíveis com seu perfil profissional.
Quando a vaga é a 'cara do candidato'
Uma queixa crescente observada é quando os candidatos não são chamados para
um processo e argumentam que não sabem a razão de tal fato, já que a vaga
oferecida era a 'cara' deles.
“Para tentar trocar de carreira os profissionais se candidatam a diversos
processos sem sequer apresentar a experiência devida. Por essa razão
entrevistá-los é tão difícil, já que seguimos as exigências de nossos clientes”,
diz Sabino.
E é aqui que a coisa se complica, já que todos os currículos fora das
exigências costumam ser encaminhados para outras vagas ou até mesmo para o
arquivo de um recrutador.
Feedback negativo
Mas e quando um profissional é selecionado, será possível lidar com um
retorno negativo após uma avaliação em uma grande companhia? De acordo com
Karla, é possível sim, mas infelizmente 90% dos profissionais não estão
preparados para isso.
“Ao receber uma critica negativa o ideal seria que os candidatos reavaliassem
seu perfil para analisarem onde uma adequação seria mais necessária. Contudo,
muitos não fazem isso e se prejudicam”, diz a consultora.
Segundo ela, os profissionais que não apresentam uma postura adequada
costumam ser descartados de futuros processos. “Já entrevistamos profissionais
tão reativos que optamos por descartá-los justamente por não apresentarem uma
postura ideal. Os recrutadores sempre trazem novas indicações e uma ação mal
calculada pode prejudicar o networking do candidato”, complementa Karla.