Investimentos / Fundos - Qual o melhor investimento para garantir a faculdade dos filhos?
Porta de entrada para o mercado de trabalho e para a independência dos filhos, a
universidade já se tornou despesa fixa nos domicílios com jovens de 17 anos ou
mais. Por isso, muitos pais planejam investimentos somente para esta finalidade.
O problema é que eles têm dúvidas em relação a que tipo de aplicação realizar,
tendo em vista a diversidade de produtos disponíveis no mercado.
De acordo com o professor de Finanças da FGV-SP (Fundação Getulio Vargas) e da
PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica), Fabio Gallo Garcia, antes de tomar
qualquer decisão, é preciso analisar duas variáveis.
"A primeira é o tempo que se tem para o investimento. Porque, por exemplo, se é
para pais com bebês recém-nascidos, o horizonte é de 17 anos. Agora, para a
pessoa que está com o filho no colegial, o prazo é de, no máximo, três anos",
explicou. "A segunda é a importância que se dá ao investimento. Quanto mais
importante e menor o prazo, menor tem que ser o risco. Quanto menos importância
se dá e maior é o prazo, você pode ter um risco maior".
Qual deles?
A decisão é bastante complexa. Ao mesmo tempo em que os pais não podem colocar o
dinheiro num fundo alavancado, quem tem um horizonte maior deve arriscar um
pouco. Confira abaixo quais são as opções de investimentos indicadas para a
finalidade de garantir o pagamento da faculdade dos filhos:
- Caderneta de poupança: uma das aplicações mais conhecidas no mercado
brasileiro, a poupança é o sinônimo de segurança para muitos investidores,
pois conta com a garantia do Fundo Garantidor de Crédito (FGC). Ela é
indicada para quem tem menos tempo, ou precisa arcar com a faculdade dos
filhos no próximo ano, por ser de baixíssimo risco.
- Tesouro direto: são dívidas emitidas pelo governo. A aplicação é
destinada a quem tem tempo para administrar o próprio dinheiro e ainda tem
taxas incidentes, como a de 0,4% ao ano sobre o valor do título.
- CDB (Certificado de Depósito Bancário): são títulos representativos de
depósitos a prazos fixos emitidos por bancos comerciais, bancos de
investimento e bancos de desenvolvimento. A taxa paga nos CDBs pode ser
pré-fixada, pós-fixada ou flutuante. O professor indica, desde que a pessoa
o use em longo prazo. "Tem que avaliar bem o risco do banco".
- Planos de previdência: inclui planos individuais, facultativos, que
funcionam como fundos de investimento voltado para a aposentadoria, mas que
com o tempo passaram a ser usados para outras finalidades. Esses fundos são
administrados por instituições financeiras como, por exemplo, seguradoras.
Garcia indica aos investidores que prestem atenção à instituição, uma vez
que o horizonte de investimento pode ser longo. "São 17 anos, se pensar num
bebê recém-nascido, e a seguradora tem que estar aqui em 17 anos. Uma crise
é como um tsunami e pode pegar até as instituições sólidas", ponderou.
- Fundos de investimento: dentre as opções que devem ser consideradas para
garantir a faculdade dos filhos, estão os DI (pelo menos 80% da carteira
deve ser aplicada em títulos públicos federais, ou privados, com baixo risco
de crédito), os de renda fixa (mais conservadores), e os balanceados ou
multimercados (variam renda fixa e variável). "Não falo de fundo de ações e
carteira de ações nesse caso", disse Garcia.
A renda variável é descartada devido ao perfil de alto risco. "Se é para a
faculdade dos filhos, é um dinheiro de importância, então, quando a pessoa
precisar dele, não pode estar numa depressão como a do ano passado", explicou.
No meio do caminho...
Quando questionado se os investimentos com alta liquidez deveriam ser evitados,
pois em qualquer situação de emergência a pessoa pode retirar com facilidade,
Garcia disse que, na verdade, mesmo assim eles são indicados. Afinal, não faz
sentido uma pessoa manter uma aplicação estando endividada.
"Se a pessoa tem qualquer poupança e está com problema financeiro, tem que
resolver o problema. O Brasil tem juros altos. Se tem dívida, ela é muito cara".
O problema é que nem todo mundo sabe disso. "Tem um termo técnico em finanças
comportamentais que diz que nem todo mundo age de maneira racional. As finanças
comportamentais admitem a irracionalidade dos investimentos, quando, por
exemplo, a pessoa prefere usar cheque especial do que mexer na aplicação. Paga
11% no cheque especial e o fundo rende 1%".
Exatamente por isso é que Garcia afirmou que é preciso muita disciplina para
manter um investimento, além de planejamento e conhecimento da aplicação.
Referência:
InfoMoney
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Autor:
Flávia Furlan Nunes
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