Sabemos muito bem que a escolha de uma carreira influencia o indivíduo no seu
trabalho, no relacionamento com as pessoas, ou até mesmo no que cada um
reconhece como expectativa de crescimento. Atualmente presencio um momento um
tanto quanto crucial, em uma das empresas que presto serviços. Para explicar
melhor, vamos analisar alguns fatos.
É muito diferente falarmos de carreira profissional enquanto pessoas; e
falarmos de gestão de carreira enquanto organizações. Simplificando alguns
aspectos, esta empresa se encontra em total defasagem no que se refere a
aspirações positivas com seus colaboradores. Visto que, como está em processo de
unificação de marca, reformulação de produtos e mudanças de estratégia, não se
atentou ao fato de que essas informações poderiam explodir como uma "bomba"
dentro da organização.
No entanto, inadvertidamente, seus funcionários começariam a perceber que as
demissões seriam generalizadas. E o que é pior: poderiam acontecer em um momento
em que muitos estavam em pleno desenvolvimento de sua carreira profissional, com
expectativas altíssimas, incluindo até mesmo a avaliação de seus próprios
desempenhos dentro das atividades que vinham realizando.
As organizações em processo de mudança acabam por esquecer-se de um fator
extremamente importante na tomada de decisões: o seu colaborador. Entretanto,
antes deste personagem ser aquele que executa atividades em sua rotina de
trabalho, é o mesmo que também possui projetos de carreira, que necessita da
vivência de oportunidades e indiscutivelmente detém interesses próprios para seu
desenvolvimento.
É necessário que ao implementar um novo plano de negócios ou uma mudança
desse porte, a área de Gestão de Pessoas, juntamente com a Diretoria, "abram
seus olhos" para o fato de que não se devem existir funcionários que gostem de
seu trabalho, mas que só consigam ter percepção de futuro em outras
organizações. Neste caso, é fácil diagnosticarmos o desenrolar da história, pois
com certeza, a empresa acabou por definir "novos tempos", mas esqueceu-se de
criar as "novas oportunidades".
Enganam-se aqueles que acham que a carreira é uma evolução de cargos que se
deve ocupar dentro de uma organização. Nos dias atuais, isso não funciona mais,
visto que aqueles tão famosos níveis hierárquicos vêm sendo substituídos pelos
denominados níveis intermediários que, com certeza, através do passar dos
tempos, também serão mera teoria.
Cada um deve empunhar sua própria carreira, como uma espécie de autoavaliação
de tudo o que tange suas necessidades, interesses e até mesmo objetivos que
formulem o que lhes é fundamental, para que se possa competir nesse mercado tão
exigente, principalmente quando os assuntos são: habilidades, autoconhecimento,
mensuração de resultados e capacitação.
Já parou para pensar que dependendo do enfoque que acondiciona a sua
carreira, você pode estar ampliando suas oportunidades enquanto pessoa?
Posicionar é a palavra de ordem. E, neste caso, estamos definindo um conceito
que vale tanto para o indivíduo como para a organização.
Fica muito claro que no exemplo citado acima, se a organização tivesse se
posicionado de forma adequada com seus colaboradores, hoje, não haveriam tantos
pedidos de demissão e falta de perspectiva de muitos dos funcionários. Enquanto
seres humanos, podemos almejar o sucesso em nossas carreiras, através das
reflexões que fazemos na identificação de nossas melhores aptidões. E enquanto
empresa, devemos reconhecer um processo de gestão de carreiras à medida que
praticamos "oportunidades de sucesso".
Não podemos esquecer que o que dá sustentabilidade a um negócio ou a uma
escolha de carreira não é o tamanho ou a proporção do investimento, mas sim a
forma como todo o processo foi conduzido. Uma organização pode conduzir seu
colaborador a uma carreira de sucesso, à medida que os interesses são
conciliados às necessidades de ambos os lados. Porém, não pode conduzir um
processo de mudanças sem estruturação a uma pessoa que se posiciona diante de
oportunidades sustentáveis para sua carreira.