Nós trabalhamos por objetivos ou por resultados? "Resultado" é a palavra de
ordem na produção de bens e serviços. Resultado é conseqüência, efeito,
seguimento. Amplamente conhecido como produto de uma operação matemática. Mas
também empregamos o vocábulo para designar deliberação, decisão, resolução,
termo, fim.
Nesta última concepção, a expressão talvez seja o resultado de todos os
entendimentos organizacionais e estratégicos, porque se refere a lucro,
proveito, ganhos, proventos. Enfim, de um termo técnico das Ciências Contábeis,
lucro ou prejuízo de uma empresa em determinado exercício transformou-se em um
indicador de competência humana amplamente cobrado e requisitado no mundo
organizacional. Assim, ocorre com o conceito, uma perda inerente na vida
prática, que nem todos percebem.
Afinal, porque pensar sobre o assunto, se o negócio é decidir com precisão e
agir rapidamente. O resultado é um ingrediente, é fator componente, um parâmetro
balizador, mas não é o objetivo. Em matemática, se diz que não é exato, mas é
suficientemente correto para os fins a que se destina; aproximação. Então, qual
a razão que leva os escritores e os gestores a enfatizar tanto a cobrança do
resultado se ele não significa o "melhor possível"?
É apropriado pensar que as organizações - atualmente aceito a idéia de que
elas são organismos vivos que interagem, aprendem e se adaptam ao ambiente - e
pessoas têm objetivos, que em última instância é relativo ao objeto. Também se
refere às coisas práticas, positivas. Como em filosofia sempre se vai além,
diz-se do que é válido para todos, e não apenas para um indivíduo. E é neste
último sentido que vale a referência às organizações como seres vivos, afinal,
são constituídas por seres humanos que interagem para um objetivo.
Em verdade, na maioria das ocasiões, em vez de nos dedicarmos aos objetivos,
as organizações, através de seus gestores, anunciam, propagam e cobram: "focar
nos resultados". E estes, são componentes intercambiáveis do processo, fora dele
nem fazem sentido, até porque adquirem rapidamente um contexto de passado.
Segundo a professora Regina Moraes - no livro "32 Tipos de Inteligências" -
busca-se a solução, mas as respostas que encontramos não vão além do ponto de
vista que temos sobre o assunto. Esta evidência é tratada com a imagem mítica de
Sísifo - o fundador de Corinto.
Penso que as organizações geridas por gestores Zeus(es) oferecem as punições
- na terra das empresas - àqueles que transgrediram as normas da gerência
individualmente, ou equipe, isto é, não focaram, portanto não alcançaram os
resultados. Por isso, estão condenados a rolar pedras montanha acima, que vão
despencar - não dá para revogar a lei da gravidade. E recomeçaremos a jornada.
Na prática, gestores estão fazendo isso: desligam os incompetentes - não foram
orientados, não foram adequadamente avaliados e, portanto, não foram treinados -
que não atingiram os resultados; contratam outros, outros, outros. E recomeçamos
a jornada.
Segundo a interpretação de Albert Camus, "os deuses condenaram Sísifo a
incessantemente rolar uma rocha até o topo de uma montanha, de onde a pedra
cairia de volta devido ao seu próprio peso. Eles pensaram, com alguma razão, que
não há punição mais terrível do que o trabalho inútil e sem esperança. Quanto a
este mito, vê-se simplesmente todo o esforço de um corpo - mão-de-obra -
esforçando-se para levantar a imensa pedra, rolá-la e empurrá-la ladeira acima
centenas de vezes; vê-se o rosto comprimido, a face apertada contra a pedra, o
ombro que escora a massa recoberta de terra, os pés apoiando, o impulso com os
braços estendidos, a segurança totalmente humana de duas mãos cobertas de terra.
Ao final deste longo esforço medido pelo espaço e tempo infinitos, o objetivo é
atingido".
"O trabalhador de hoje trabalha todos os dias de sua vida nas mesmas tarefas,
e seu destino não é menos absurdo. Mas é trágico apenas nos raros momentos em
que ele toma consciência". Outra referência mitológica é que segundo o
entendimento dos gregos antigos, o inferno é um lugar onde se realizam trabalhos
infrutíferos. Quantas vezes, nos ambientes de trabalho as pessoas desabafam
usando esta expressão?
Cogito a possibilidade: se as organizações, através de seus gestores,
definissem mais claramente seus valores, políticas e missão, não enfatizassem
tanto por resultados, pessoas e organizações atingiriam seus objetivos com mais
competência, sentido de realização e felicidade.
E, concluímos com Camus: "Sempre se acha sua carga novamente. Mas Sísifo
ensina a mais alta honestidade, que nega os deuses e ergue rochas. Ele também
conclui que está tudo bem. A própria luta em direção às alturas é suficiente
para preencher o coração de um homem".