A vaga de emprego é perfeita, o salário é ótimo, os benefícios, então, são
maiores do que qualquer profissional poderia prever. Mas, para consegui-la, você
deve pagar uma taxa, pagar pelos testes ou pagar para participar do processo de
seleção. Se você imagina que essa situação é normal, é melhor se precaver: isso
é sinal de golpe.
Não raro ouvimos histórias de profissionais que caíram em alguma armadilha
desse tipo. Muitas vezes, os golpistas garantem a vaga mediante pagamento de
taxas. Há ainda casos em que a pessoa mal é entrevistada e consegue um emprego,
mas é preciso custear o material de trabalho ou mesmo o uniforme.
E, se você pensa que essas histórias fazem parte do passado, está enganado.
“Ainda acontece, com menor frequência, mas acontece”, alerta a gerente de
Projetos do Grupo Foco, Fátima Brandão. “De dez anos para cá, casos como esses
têm diminuído, mas ainda acontecem com frequência impressionante”, explica a
consultora de Outplacement da Ricardo Xavier Recursos Humanos, Flávia Rodrigues.
Alvos fáceis
Ao contrário do que pode parecer, esses golpes estão atingindo profissionais
gabaritados, de alto nível, por ser mais rentável. “Os golpistas visam
profissionais de altos níveis, até porque é possível cobrar deles altos
valores”, explica Flávia.
Além de gabaritados, a especialista constata que o alvo principal são
profissionais que estão há anos no mercado, mas em uma única empresa. “Muitas
vezes, eles ficam 20 anos em uma empresa e por algum motivo saem ou são
demitidos. Quando isso acontece, eles saem desmotivados, sem esperança,
fragilizados e sem saber como lidar com o mercado”, explica.
Essa falta de conhecimento faz deles alvos fáceis. Sem saber sequer por onde
começar a procurar um novo trabalho, já que o mercado muda rápido, esses
profissionais se veem perdidos. Daí alguém surge oferecendo a oportunidade
perfeita. Basta pagar uma quantia e a vaga é dele. Parece ingenuidade, mas casos
como esses acontecem.
“Tivemos relatos de clientes de outros estados que até pedem dinheiro
emprestado para pagar a participação em processos seletivos”, conta Flávia. “É
tudo muito sedutor, mas quando é fácil demais e a vaga é perfeita para o seu
perfil, é melhor ficar em alerta”, ressalta Fátima.
Informação é a arma para evitar golpes
Já dizia o ditado: quando a esmola é demais, o santo desconfia. Por isso, o
melhor é manter-se o mais calmo possível diante do desemprego. É nesses momentos
de fragilidade que os golpistas agem. Para evitar cair nessa, as especialistas
consultadas aconselham os profissionais a manterem-se informados. E sempre
desconfiados.
“O ideal é pesquisar a idoneidade das empresas de seleção”, afirma Fátima, do
Grupo Foco. Pesquisar a página oficial e tentar buscar referências também ajuda.
Contudo, Flávia, da Ricardo Xavier, alerta: “Essas empresas trocam de nome com
frequência, por isso é melhor ficar atento ao mercado da área de atuação”,
reforça.
Manter-se informado sobre a área de atuação é um dos principais meios para
evitar cair em armadilhas. Quando a empresa de seleção contata diretamente o
profissional, o melhor é ficar desconfiado. “O profissional deve suspeitar
quando a empresa o aborda, principalmente uma que ele não recorda de ter passado
o currículo”, afirma Flávia.
A especialista aconselha aos profissionais que eles busquem questionar sobre
a empresa e sobre a vaga. E, principalmente, não pagar qualquer tipo de taxa. “O
profissional tem de ter ciência de que uma empresa idônea não cobra qualquer
taxa de testes ou de participação de processos seletivos. Todo o custo é arcado
pela empresa contratante”, ressalta Flávia.