Se você é um otimista inveterado, vai considerar até mesmo o convívio com um
pessimista uma oportunidade de crescimento. Talvez pareça um contra-senso, mas
não é. Na verdade, o pessimismo é uma “doença” que pode ser curada. O pessimista
provavelmente é alguém de quem dependemos, como um chefe imediato ou um técnico
qualificado. Em outras situações, pode ser também um ser muito amado, como o
cônjuge ou um filho. Nos dois casos, precisamos salvar as pessoas das garras
dessa enfermidade.
Os males do pessimismo
Martin Seligman realizou uma extensa pesquisa sobre o otimismo e publicou o
livro Aprenda a Ser Otimista, da editora Record. Ele comprovou
cientificamente que o otimismo é uma benção e que o pessimismo pode nos causar
sérios danos. Dentre os resultados do estudo de Seligman, estão os seguintes:
» O pessimismo provoca depressão.
» Produz inércia, em vez de atividade diante dos reveses.
» É identificado com o lado ruim da vida: tristeza, abatimento,
preocupação e ansiedade.
» Os pessimistas não persistem diante dos desafios e, por isso,
freqüentemente fracassam, mesmo quando o sucesso é alcançável.
» O pessimismo é associado à saúde precária.
» Os pessimistas são derrotados quando se candidatam a cargos públicos.
» As coisas, em geral, tendem a não dar certo para eles. Isso porque
antes de partir para a luta, antecipam o revés e o transformam em desastre e o
desastre em catástrofe.
Mesmo sabendo dessas conseqüências, até o mais otimista dos otimistas pode ter
uma baixa de imunidade e pegar o danado do pessimismo. Durante o dia, oscilamos
entre fases mais ou menos animadas. Nosso nível de otimismo não se mantém
estável. Assim que nos levantamos, a tendência é para o desânimo e à medida que
o dia avança, o nosso otimismo cresce e atinge seu pico por volta das dez horas
da manhã. Lá pelas quatro horas da tarde, o nosso ânimo baixa para subir
novamente no início da noite.
Outra queda de otimismo ocorre de madrugada, às quatro horas. É quando algumas
pessoas acordam e ficam ruminando os problemas – contas a pagar, projetos
inacabados, brigas em família, deslealdade do concorrente, doença do filho, etc.
Altos e baixos – Os ciclos do otimismo têm um propósito construtivo. Em
sua forma branda, o pessimismo pode nos proteger de exageros e impedir que
tomemos atitudes precipitadas e insensatas. Quando temos surtos de otimismo,
podemos, algumas vezes, distorcer a realidade ao nosso favor. Nesses momentos,
uma pitada de pessimismo pode até fazer bem.
Outra coisa: a variação de humor ocorre também de um dia para o outro. Há dias
em que estamos vibrantes, com vontade de conquistar o mundo, e outros em que
estamos desanimados, sem vontade de levantar da cama. Portanto, passamos a vida
nessa tensão dinâmica entre o pessimismo e o otimismo. Isso é natural.
Seu otimismo faz a diferença na vida das pessoas
Voltando à pergunta “como lidar com os pessimistas quando não podemos afastá-los
de nosso convívio?” Tendo a paciência de ensiná-los a ser otimistas. O
pessimista tem um diálogo interno negativo: “O que é que vai adiantar?”, “Para
que insistir?”, “Só estou piorando as coisas”. Por isso, desistem diante da
adversidade. O papel do professor de otimismo deve ser questionar as crenças
negativas do pessimista.
Numa situação em que o pessimista está prestes a desistir, você pode entrar com
uma argumentação gentil, mas oposta à dele: “Adversidade não precisa
necessariamente ser uma coisa ruim, pode até ser um estímulo para nos empenhar
mais, ganhar mais dinheiro, cuidar melhor da saúde, etc.”, “Conheço uma pessoa
que, perante um desafio como esse, não esmoreceu, tomou tais e tais providências
e se saiu muito bem”.
Com amor e paciência, alegria e coragem, zelo e persistência, podemos dia a dia
tratar da ferida pessimista que se abriu no coração do amigo, chefe, esposa,
colega e filha. Enfim, estamos no mundo para cuidar uns dos outros. Uma atitude
otimista contra o pessimismo de nossos semelhantes pode ser a nossa maior
contribuição para a construção de um mundo melhor.