Você lembra quando teve que enviar seu currículo para se candidatar ao cargo
que você ocupa hoje, ou algum outro no passado? Lembra da agonia quando estava
preparando-o, decidindo o que colocar, o que ressaltar como habilidades,
competências e preferências pessoais, ou que realizações revelar, e também o que
esconder (cuidado que eles acabam descobrindo!)? Pois bem, digamos que você
tenha conseguido o emprego. Admitamos que você, atualmente, esteja nele. Agora
me diga, você lembra quantas vezes seu superior ou o pessoal do RH lhe solicitou
seu currículo novamente, ou o resgatou do arquivo morto, para checar se o que
ele apontava como sendo potencial inerente realmente se materializou? Ou então,
numa situação de promoção em sua empresa, quantas vezes a diretoria ou o RH
solicitou os currículos dos candidatos à promoção? Se o seu currículo não foi
reconsiderado durante seu desenvolvimento na empresa, ou não foi solicitado
quando de uma promoção, afinal de contas, o que eles levaram em consideração
para que você continuasse, ou até mesmo fosse promovido na mesma? Resposta: seu
comportamento!
Basta de rodeios, vamos direto ao ponto: você pode ter sido contratado pelo seu
currículo, mas será promovido por seu comportamento. Ponto final. Você pode até
estar questionando: E onde ficam os vários cursos, MBAs, especializações,
mestrados que fazemos ao longo de nossa carreira? Isso não conta em nosso
currículo? Vou lhe responder: claro que contam, mas eles ficam exatamente onde
devem ficar, no seu currículo, ou em diplomas pendurados na parede ou perdidos
em gavetas. Eles não necessariamente contam é na manutenção de seu emprego ou na
sua promoção interna. O que importa realmente para empresa é o que você fará
depois desses cursos, o que fará com os novos conhecimentos assimilados, se irá
realmente aprendê-los. De nada adianta participar do hipotético curso A
importância dos relacionamentos interpessoais na construção de uma liderança
saudável e, cinco dias depois, quando o efeito da porção já passou, você
continuar soltando patadas, coices, e até chifradas em seus subordinados. De
nada adianta concluir o MBA em Marketing de alguma renomada instituição e
continuar tentando usar a propaganda de sua empresa para esconder os problemas
de seu produto, tentando criar uma imagem que não existe, e ainda por cima
usando slogans Você em primeiro lugar. Isso não é transformar o cliente no seu
foco, é transformá-lo num alvo. O que realmente importa é o quanto você agregará
no desenvolvimento sustentado de sua organização. Tenham essas idéias origem em
um curso ou não. O que importa não é o quanto você sabe, ou o quanto seu
currículo indica que já fez. Importa é quanto você faz, hoje, de positivo,
inovador e competitivo para sua empresa.
Responda-me: por acaso, você já presenciou ou ouviu falar de um ex-colega de
trabalho, com um currículo invejável, que foi preterido por outro menos
preparado, mas muito mais competente? Ora se o currículo é tão importante, por
que essas coisas ocorrem? Sábio não é o que sabe, mas o que aplica correta e
oportunamente o que sabe. Essa é a virtude. Faça a seguinte experiência. Da
próxima vez que jogarem um problema ou um desafio corporativo em cima de você (e
isso é o que não falta), coloque seu currículo em cima do problema e comece a
recitar esse mantra:
Currículo, currículo, tu que foste minha salvação e me ajudaste a entrar nessa
empresa, mostra-me agora qual a melhor solução para eu tirar esse problema de
cima da minha mesa.
O que você acha que vai acontecer depois de recitá-lo? Se ninguém lhe vir, menos
mal. Você somente não terá conseguido resolver o problema, mas ainda continuará,
não por muito tempo, com a pele salva. Mas, se lhe virem nessa sessão esotérica,
prepare-se para falar com o Setor de Pessoal, RH, Departamento de Gente, ou com
o Psiquiatra da empresa (dependendo do nível de evolução de sua organização).
Agora é sério! O currículo é importante sim. Não podemos desconsiderá-lo.
Principalmente em tempos de company rotation (americanização do velho pula-pula
entre empresas). Você deve continuar fazendo os cursos de extensão,
especialização, MBAs, participando de seminários, palestras, congressos. Eles
realmente somam em seu currículo. E, mais dia menos dia, você acaba precisando
lustrá-lo de novo para a próxima entrevista. Mas, lembre-se: para continuar e
progredir dentro da sua empresa atual não basta ter um currículo. Você tem que
usá-lo, torná-lo uma realidade. Ele tem que espelhar o que você é, não o que
parecia ser. Pare de ser uma promessa. Torne-se uma realidade. Saiba que são
suas atitudes, seu comportamento, suas posturas, seus hábitos, suas idéias, e,
principalmente, suas conquistas individuais e em grupo que serão os grandes
responsáveis pelo seu reconhecimento e valorização dentro da empresa. Caso
contrário, mesmo com um belo currículo, prepare-se para entrar nas estatísticas.
Acho até que já deviam abrir novas colunas nelas: desempregados com currículo
invejável, com currículo normal, e sem currículo. Em qual delas você vai se
encaixar?