Quem tem a timidez como uma de suas características deve tentar controlá-la
para facilitar a evolução na carreira. O alerta é da consultora de planejamento
de carreira da Ricardo Xavier Recursos Humanos, Karla Mara Alves de Oliveira.
“Se não controlada, a timidez pode se tornar um fator limitador, porque a
pessoa fica insegura e hoje, cada vez mais, é preciso se expor”, explica.
A diretora de comunicação corporativa e desenvolvimento profissional do COP
Consultoria – Centro de Otimização Profissional - e professora da Veris
Faculdades, Maria do Carmo Oliveira Carrasco, concorda, mas lembra que a timidez
não deve ser considerada uma doença.
“Pelo senso comum, a timidez é um comportamento que caracteriza-se pela
inibição em situações sociais, com o aparecimento de alguns sinais ou sintomas,
como por exemplo: taquicardia, aceleração da respiração, rubor, palidez,
alteração na voz, alteração na fala com hesitações de fala ou gagueira, boca
seca, calafrios, “brancos” e enjoo. É interessante enfatizar que a timidez não é
considerada uma doença, de acordo com a Classificação Internacional de Doenças
(..) No entanto, provoca certas reações que dificultam e prejudicam a
performance do profissional, dificultando a expressão de pensamentos,
sentimentos e diminuindo a interação”, diz Maria.
Onde prejudica?
De modo geral, dizem as especialistas, quando a timidez é grande, ela acaba
impedindo o profissional de expor suas ideias e sugestões, atrapalha na
apresentação de projetos, além de prejudicar o relacionamento com clientes e
colegas de trabalho.
Dentre as profissões, ressaltam, a timidez se torna mais prejudicial em áreas
que necessitam de mais integração e relacionamento interpessoal, como RH
(recursos humanos), comunicação e vendas.
Por outro lado, segundo análise da consultora da Ricardo Xavier, em áreas nas
quais as pessoas precisam ser mais focadas e centradas, como TI (tecnologia da
informação), a timidez pode ser até uma aliada.
Maria do Carmo tem opinião semelhante, contudo, observa que as pessoas não
devem escolher uma profissão por medo da timidez. “No geral, os profissionais
mais tímidos e, na maioria das vezes, mais introspectivos são ouvintes
excelentes e colegas de trabalho com mais facilidade de internalização de
informações. E essa é uma característica fundamental nos dias de hoje (…) Muitos
indivíduos tímidos escolhem áreas e profissões que acreditam não necessitar de
exposição, o que é, na verdade, um engano, pois vivemos por meio dos
relacionamentos comunicacionais e interpessoais. O contato e a interação são de
fundamental importância para o convívio e para o desenvolvimento humano”.
Como amenizar os efeitos?
Para as especialistas, se a pessoa se sente prejudicada pela timidez, ela
deve se autoavaliar e redefinir objetivos, buscando superar as dificuldades
sozinha ou mesmo procurando ajuda profissional.
Neste sentido, completa Maria do Carmo, alguns exercícios simples realizados
em torno de 25 minutos antes de momentos de exposição podem ajudar:
- Respiração abdominal;
- Espreguiçar e alongar o corpo;
- Rotações de ombro;
- Rotações de cabeça e pescoço lentamente (movimentos para frente e para
trás, para os lados e circular);
- Bocejo;
- Respiração: inspiração e expiração com a pronúncia dos sons de /s/,
depois de /f/ e, para finalizar, de /x/;
- Sons vibrantes (vibração de ponta de língua ou de lábios).
Liderança
No que diz respeito à liderança, ao perceber que um profissional é tímido, o
líder deve buscar interagir com aquela pessoa e se mostrar acolhedor.
Sobre as tarefas, ressalta Karla, “o líder não deve discriminar jamais o
profissional, pois é importante que este sinta que há confiança em seu
trabalho”.