Imagine uma garrafa cheia de areia e água. Agora mantenha esta garrafa sob
contínua agitação. O que enxergamos através dessa garrafa? Certamente uma lama
opaca e turva. Pois é dessa maneira, que a mente humana funciona a maior parte
do tempo, mesmo dormindo. Mas, se interrompermos a agitação da garrafa por
alguns minutos, a areia se depositará harmoniosa no fundo, e a água se tornará
transparente. A meditação faz o mesmo com a nossa mente, e, ao serená-la, libera
a inteligência e a criatividade. A meditação não deve ser encarada como um
esforço, basta encontrarmos a técnica mais adequada aos nossos objetivos,
momento ou espaço. Em geral, o que mais atrai as pessoas para a meditação é a
promessa de fazer com que a pessoa fique mais relaxada e serena, a maior parte
do tempo.
Mas algumas das pessoas que sofrem muita pressão, principalmente no trabalho,
parecem considerar o relaxamento uma idéia inconveniente. Quando Herbert Benson,
da escola de Medicina de Harvard, escreveu um artigo na Harvard Business Review,
recomendando que os empresários permitissem que os seus funcionários (inclusive
os próprios), tivessem um tempo para relaxar, houve uma avalanche de cartas de
protesto, afirmando que a tensão e o estresse são matérias- prima essenciais
para a administração eficiente dos negócios. Mas, por experiência própria, e dos
muitos meditadores que estudo ou conheço, a meditação produz pessoas mais
ativas, criativas e positivas.
As pesquisas sobre os efeitos da meditação no cérebro revelam que a meditação
treina a capacidade de prestar atenção, de estar alerta e presente a cada
instante do nosso dia-a-dia. Isso a diferencia de muitas outras formas de
relaxamento, que permitem que a mente divague livre, leve e solta. Esse
aguçamento da atenção dura além da própria sessão de meditação. A atenção irá
manifestar-se de várias formas ao longo do dia da pessoa que medita.
Verificou-se, por exemplo, que a meditação aperfeiçoa a habilidade da pessoa de
captar sutis manifestações no ambiente, e de prestar atenção ao que está
acontecendo, em vez de permitir que a mente se disperse com pré-ocupações e
pensamentos não pertinentes àquele momento. Essa habilidade significa que, ao
conversar com alguém, a pessoa que medita regularmente, estabelece uma relação
de maior empatia com as pessoas e seu ambiente, porque consegue prestar uma
atenção especial no que acontece a sua volta, conseguindo inclusive, captar
melhor as mensagens ocultas que estão sendo transmitidas. Meditar é deleitar-se
com o próprio ser, quando então podemos desfrutar da nossa serenidade interna.
Conceição Trucom é química, cientista, palestrante e escritora sobre temas
voltados para o bem-estar e qualidade de vida.