A sócia da Steer Recursos Humanos, Priscila de Oliveira, é headhunter há 11
anos. Ela conta quais são as táticas que usa na entrevista de emprego para saber
se o candidato está falando a verdade ou se está mentindo.
"Mantenho o clima descontraído, para desmontar o profissional", explica. O
motivo é simples: hoje, há cursos para preparar as pessoas para entrevistas de
emprego. Resultado: treinadas para agradar, elas dizem apenas o que o
selecionador quer ouvir, quase de maneira robótica, e passam longe da
sinceridade.
Por isso, além do clima informal, que deixa a pessoa à vontade, de forma que
possa mostrar quem de fato é, Priscila foge das perguntas tradicionais. "É comum
os selecionadores perguntarem o que o candidato faria em determinadas situações.
As chances dele não ser muito verdadeiro são altas, pois a tendência é responder
o que o outro quer ouvir. Prefiro perguntas sobre fatos do passado".
Perguntas
A especialista questiona, por exemplo, quais foram os principais resultados
atingidos no último emprego ou qual a situação mais difícil que já passou com um
cliente. "Como a pessoa fica muito à vontade, acaba contando coisas que não
contaria em um processo seletivo tradicional, inclusive, usando uma linguagem
mais informal", garante.
A dica para o selecionador é saber ponderar alguns erros do candidato, que não
devem comprometer a decisão final no processo seletivo.
"Com o clima descontraído, surge de tudo. Todo mundo recomenda a profissionais
que procuram emprego não falar mal da empresa anterior na entrevista. Porém, não
é raro ouvirmos uma história e percebermos que o candidato não faz críticas ao
antigo emprego de graça. Simplesmente, o que aconteceu não casou com seus
valores éticos e morais", avalia Priscila.
Referências
Outra forma de verificar a ética e a honestidade do candidato é pedindo a ele
que indique pessoas com as quais já trabalhou para levantar referências. Pedir
indicações, e não procurar alguém de forma independente, é uma questão ética. O
mais comum é a indicação do ex-gerente.
Porém, é importante que o selecionador deixe claro, tanto ao candidato quanto ao
profissional que dará a referência, que todas as informações passadas serão
sigilosas.
"Quando se fala em referência, muitos pensam que já é algo combinado e que a
pessoa indicada pelo candidato apenas falará bem, porém, não é bem assim que
funciona. Já vi muitos casos em que o indicado fez críticas pesadas", completa a
sócia da Steer Recursos Humanos.