Todos os anos milhares de jovens se graduam no ensino superior passando a
enfrentar o desafio de se colocarem ativamente no mercado de trabalho, e
infelizmente o que percebemos é que parte considerável deles, em pouco tempo,
acaba se “encaixando” em alguma área diferente daquela na qual se formou ou
mesmo ficando paralisada frente à multiplicidade de desafios do mundo atual.
Na verdade grande parte deste desencontro ocorre pela falta de alinhamento
entre aquilo que se aprende na universidade e aquilo que se busca na “vida
real”. O avanço da competitividade no mundo das organizações tem feito com que o
profissional necessite ser competente em muito mais áreas do que aquela na qual
se graduou.
O resultado disso é que vemos por aí odontólogos que sabem muito bem obturar
ou mesmo implantar um dente, químicos que entendem profundamente suas fórmulas,
advogados que conhecem muito bem as leis que estudaram, psicólogos que
compreendem as complexas teorias do comportamento, engenheiros que fazem seus
cálculos com extrema exatidão, mas, em grande parte pessoas que não fazem a
mínima idéia de como oferecer seus serviços ao mercado, nem mesmo conseguem
transformar o conhecimento que possuem em algo que traga algum retorno efetivo,
tanto profissional como pessoal.
Isto se dá porque muitos ainda pensam que as competências específicas que
aprenderam em sua disciplina são suficientes para torná-los competitivos. Não
são!
Qualquer profissional hoje, por melhor que seja em desempenhar seu papel
técnico e executar aquilo para o que foi preparado na universidade, irá
enfrentar enormes dificuldades de se inserir e se manter no mercado se não for
capaz de desenvolver uma série de “competências transversais” que servirão de
apoio e ponte entre o conhecimento técnico e o mercado na prática.
Por competências transversais, neste caso, podemos entender uma série de
conhecimentos, habilidades e atitudes que, somadas ao conhecimento técnico
essencial da área, poderão fazer com que o profissional se torne competitivo no
mercado de hoje. Entre elas podemos colocar a habilidade de fazer marketing
pessoal, a flexibilidade, a inteligência emocional, a pró-atividade, a
capacidade de boa comunicação escrita e falada, a tolerância a realidades
incertas e não lineares, o planejamento, a gestão, a liderança e uma série de
outras competências que não são formalmente ensinadas na universidade.
Tais competências adicionais não seriam tão imprescindíveis há até duas
décadas atrás, em que as relações de emprego eram mais estáveis e a
competitividade não havia atingido os patamares quase absurdos de hoje. Em um
mundo mais estável, linear e menos caótico ainda havia lugar para aqueles que
apenas dessem conta de apresentar um bom desempenho técnico em sua área
específica. Não há mais!
Sendo assim, a sugestão que fica aos que em breve irão se graduar e mesmo aos
profissionais que já estejam no mercado e ainda não tenham alcançado o lugar
desejado, é prestar bastante atenção nestas complementaridades e, na medida do
possível, buscar agregá-las a seu “kit de ferramentas”.
Felizmente, hoje o aceso à informação é muito simples e barato, e qualquer
pessoa com um mínimo de disposição pode rapidamente tomar conhecimento sobre
este “plus” que o mercado de trabalho exige em sua área. O jogo se tornou mais
rápido, mais complexo e menos previsível, e os jogadores agora terão que treinar
muito mais e desenvolver as mais inusitadas habilidades se quiserem permanecer
em campo até o final do campeonato, que, para dizer a verdade, é um campeonato
sem fim!
Boa sorte!