A construção de uma boa imagem pessoal e profissional está inerentemente
relacionada com dois conceitos básicos: a dualidade e a credibilidade. A
dualidade significa que as pessoas têm ou não uma boa imagem. É construída num
processo, não pode ser imposta, sendo obtida como resultado cumulativo de
interações. É composta por comportamentos, hábitos, posturas, ética,
conhecimentos, habilidades e competência. A credibilidade significa que uma boa
imagem pessoal passa por transmitir confiança ao cliente, a qual se vai mantendo
ao longo do tempo, e que vem da consistência dos resultados com a satisfação do
cliente. Esta imagem pessoal e profissional é tanto mais importante, quanto
maior for o contacto direto com clientes, por exemplo em atividades de
atendimento ao público.
A nossa imagem pessoal é construída normalmente em três momentos distintos:
-
A Primeira Impressão que é
formada nos três primeiros segundos;
-
A Imagem Inicial que é
formada nos primeiros contactos;
-
A Imagem propriamente dita,
que é aquela imagem já formada que temos que manter e melhorar.
Em seguida iremos abordar algumas considerações sobre cada uma delas.
A Primeira Impressão
Normalmente sabe-se que “ninguém tem uma segunda oportunidade de causar uma
primeira boa impressão”. Estudos* atestam que são necessários somente 3
segundos, para a formação da Primeira Impressão e nesses escassos segundos, os
principais fatores que influenciam na formação da imagem são:
-
A Visão (conjunto da imagem)
do primeiro impacto com 25%;
-
O Tom da Voz com 18%;
-
A Adequação das palavras
utilizadas com 14%;
-
A Linguagem Corporal com 10%.
(*Management Institute of Tecnology – EUA – Revista Venda Mais – Dez 2001)
O interlocutor é influenciado principalmente pela aparência e pelo vestuário.
Assim, no que diz respeito à aparência, o que mais chama a atenção além dos
tradicionais traços de higiene pessoal, é a expressão facial. Espera-se desta
expressão nos três segundos iniciais que seja de um sorriso que demonstre
sinceridade. No conjunto que compõe a expressão facial, devemos ter uma atenção
especial no gênero feminino com os cabelos, que devem estar bem cuidados e
penteados e no gênero masculino, para além destes, com a face, que deve estar
limpa e barbeada.
Relativamente ao vestuário, o ideal é que corresponda às expectativas do
interlocutor dentro dos seus conceitos de apresentação pessoal adequados ao
contexto. Um profissional deve sempre optar por peças de vestuário que não
constituam um elemento de distração e não perturbem a comunicação com os
interlocutores.
Para facilitar na definição do vestuário ideal a usar na sua atividade
profissional, sempre que possível, é importante analisar antecipadamente as
características dos seus interlocutores, o ambiente e objetivos da sua empresa
e os costumes locais. Caso não seja possível, o mais adequado é usar a discrição
e o “bom senso”. Se na sua empresa tiver de usar farda ou uniforme, estes
deverão estar sempre impecáveis.
Ainda sobre a aparência, sem entrar na linguagem corporal que será tratada
mais à frente, iremos falar sobre a postura. Assim, nos primeiros três segundos
do primeiro impacto, é importante ter em atenção a colocação da cabeça e tronco,
que devem estar eretos. Não se deve manter a curvatura dos ombros que denota
cansaço ou mesmo desânimo. Por outro lado, se estiver na posição de sentado,
esta deve manter-se correta no assento, pois caso contrário, a primeira
impressão que causar será negativa.
No que diz respeito ao tom de voz, deverá utilizar um tom e velocidade da
fala igual à do seu interlocutor garantindo assim a necessária sintonia.
As palavras utilizadas devem ser adequadas, o que significa principalmente a
atenção no uso de palavras condizentes e pertinentes ao momento, sem erros de
pronúncia, vícios de linguagem, gírias, expressões que denotem intimidade,
frases feitas sem originalidade, frases em tom de anedota, ou mesmo citar um
volume enorme de informações para a qual o momento não é o adequado. O momento
pode ser sóbrio ou descontraído e a pessoa deve-se adequar a ele, demonstrando
já neste início de contacto, que a peça chave desse relacionamento profissional
é a pessoa do “cliente” e não a sua.
Relativamente à linguagem corporal incidimos especial atenção sobre o
cumprimento social e o contacto visual. O cumprimento na nossa cultura
materializa-se com um “aperto de mão”, ato que deve obedecer a algumas regras
simples como:
-
A mão deve ser fechada de
forma firme e sem apertar;
-
O braço não deve balançar
mais do que três vezes e de forma natural, porém segura.
Como todo o contacto físico, o aperto de mão é revestido de interpretações e
consequentemente obriga-nos a alguns cuidados especiais, nomeadamente quanto à
não invasão do também denominado espaço pessoal, mantendo uma distância
socialmente aceite do nosso interlocutor (é normalmente tolerada a distância de
dois antebraços).
No contacto visual, importantíssimo na formação da “primeira impressão”, se
queremos de fato iniciar um processo de conquista da credibilidade do cliente,
o olhar deve ser direto nos olhos do nosso interlocutor e ao mesmo tempo deve
demonstrar segurança e seriedade, mas tendo cuidado para não parecer demasiado
intrusivo. Assim, os olhos são a “janela da alma”, e o nosso olhar deve
transmitir exatamente a nossa saudação sincera.
A Imagem Inicial
A Imagem Inicial é formada no decorrer dos primeiros contactos. Partindo da
premissa que causamos uma primeira impressão positiva, em seguida, no decorrer
da primeira entrevista a nossa principal preocupação é deixar no final uma
Imagem inicial positiva sem prejuízo, no entanto, do nosso relacionamento
profissional.
Queremos que seja criada uma boa imagem pessoal e profissional, sem esquecer
o nosso objetivo específico para aquela visita.
Lembrando o que foi dito no início quanto à formação da imagem, aqui estão em
jogo os nossos comportamentos, hábitos, postura, ética, conhecimentos,
habilidades e competência e o que temos é que utilizá-los correctamente para
conquistar a pretendida credibilidade e confiança junto do cliente. Existem no
entanto alguns conselhos que podem ser úteis na promoção desta imagem inicial
positiva, a saber:
- Comportamentos: para além das regras de etiqueta social
obrigatórias, existem algumas sugestões práticas que consideramos mais
importantes neste momento.
- Demonstre claramente desde o início o objetivo da sua visita.
- Demonstre orgulho no que faz e/ou vende.
- Mostre respeito pelo seu tempo e do cliente.
- Seja educado, porém fique preparado para a marcação de outra visita ou
uma reclamação se não conseguir a “atenção seletiva” necessária.
- Hábitos: a maioria dos bons hábitos profissionais está
relacionada com a educação que recebemos e portanto, tal como nas regras de
etiqueta, vamos apenas lembrar de algumas situações consideradas críticas para a
imagem profissional.
-
O cumprimento do horário de
trabalho, ou seja, a assiduidade e pontualidade, são fundamentais para a
formação de uma boa imagem profissional.
-
Outro hábito fundamental é o
da comunicação personalizada, ou seja, usar desde a apresentação, o nome do
seu interlocutor sempre que possível.
-
Não interromper a pessoa que
está a falar, por nenhum motivo.
- Postura: deve ser amistosa, agradável, natural e cativante,
apesar de comedida.
- Ética: Tendo sempre como referência as normas éticas da sua
atividade profissional, em face a um cliente/ outro interlocutor, deve ter
também em atenção aos seguintes conselhos:
-
Não falar mal da sua
concorrência, pois será mais vantajoso salientar as vantagens da sua empresa
e se possível fazer com que o cliente descreva os pontos negativos das
outras;
-
Não falar mal da concorrência
do cliente, pois ainda não sabe de onde ele veio e nem vai saber para onde
vai no futuro, cative um aliado, esteja ele onde estiver;
-
Ser ético respeitando as
regras vigentes na empresa onde trabalha e incluindo e principalmente nas
informações consideradas confidenciais.
- Conhecimentos: principalmente se for um primeiro contacto, e
no caso de ter como objetivo conhecer o máximo possível do seu cliente, seja
comedido em demonstrar excesso de conhecimentos, forneça informações na medida
do necessário e do interesse do seu cliente, mas não queira “aparecer” como o
“sabe-tudo”, pois tal atitude pode interferir negativamente na sua imagem e
bloquear a concretização.
- Habilidades: é importante salientar não todas as suas
habilidades, mas especificamente aquela pela qual você normalmente se sobressai,
que todos comentam ser uma virtude nos primeiros contactos, o que em si cativa a
pessoas. Essa habilidade é denominada de “factor único”. Descubra o seu fator
único e faça uso dele principalmente nesse momento.
- Competências: são um conjunto de conhecimentos, aptidões e
atitudes que harmonicamente desenvolvidas, produzem um resultado final esperado
e desejado.
Finalmente e como objetivo essencial da construção da Imagem Inicial, mais
do que “ser” é preciso “parecer” competente. Assim, antes do estabelecimento do
contacto deve estudar a mensagem que quer transmitir, treinar e visualizar
mentalmente os resultados pretendidos.
A manutenção da imagem
Uma vez que a imagem já esteja formada, devemos colocar periodicamente a nós
próprios as seguintes questões:
-
Será que eu sei realmente
como o meu cliente me vê?
-
Estou realmente a cumprir com
todas as minhas promessas?
-
Tenho feito efetivamente o
suficiente pelos meus clientes?
Se respondermos sim a todas as questões acima referidas, não temos muito que
nos preocupar com a nossa imagem, ela está a ser mantida, no entanto...
Lembre-se que as indicações e referências relativas à sua empresa são
influenciadas principalmente pela sua imagem. De reter também que a imagem ideal
do profissional é que uma imagem de confiança perante o cliente.
Finalizando, lembramos que a Imagem Pessoal faz parte do seu Marketing
Pessoal e que o mesmo se faz com clareza de objetivos, integridade,
posicionamento, comprometimento, relacionamentos, conhecimento, imagem,
auto-estima e motivação.
A melhoria da imagem pessoal deve ser contínua, pelo que se vai construindo
com progressivas e pequenas conquistas e não apenas com uma grande conquista.