Esta semana tive uma conversa com uma amiga que pretende abrir um "negócio"
em sua área de formação, num país distante de nossa terra tupiniquim. Atualmente
encontra-se empregada e não anda lá muito satisfeita com a situação. Quer
empreender. Viva!
Começamos a conversar e rapidamente ela fez a primeira solicitação: Quero que
me indique alguém para fazer "a arte" porque vou mandar fazer uns folders
e distribuir por aí!
Aí pergunto eu, como bom chato que sou:
Já tem seus fornecedores? Fez uma previsão orçamentária? Clientes alvo, quem
são? Definiu a logística? Plano B para o caso da coisa não andar? Canais de
venda? Pontos fracos? Oportunidades mapeadas? Blá, blá blá ....
Enfim, ela me achou um chato, e disse que isso tudo é "muito complicado".
Ela quer é vender logo! Passei então o email do designer que vai fazer "a arte"
e fiz uma oração pelo negócio. Gosto dela; é uma boa amiga.
Se o negócio vai dar certo eu não sei, mas as estatísticas costumam ser
imperdoáveis com aqueles que querem já começar as coisas pela execução, sem o
devido planejamento; por mais orações que se faça.
No entanto, seja como empreendedores "solo" ou como profissionais liberais em
busca de clientes, é isto o que vemos em muitas pessoas. O sujeito faz um cartão
(de preferência o mais barato), compra um "quadrado" no jornal local, põe lá sua
"arte" (com o telefone embaixo) e acredita que começou um negócio. Haja oração!
Infelizmente nossa cultura imediatista misturada com o quase total desprezo
pelo "planejamento claro e objetivo", faz com que muitos tentem atuar
profissionalmente, ou mesmo começar um negócio, a partir de uma metodologia que
poderíamos definir como a mistura do "samba do crioulo doido" com a "dança do
tchá,tchá,tchá"!
Seria muito proveitoso para nós, profissionais brasileiros, entendermos e
darmos o devido valor à fase de planejamento de qualquer empreendimento na vida.
Seja abrir um negócio, atuar como profissional liberal, procurar um emprego ou
mesmo fazer uma festinha de aniversário.
Mudar este aspecto cultural não é simples, mas necessário para quem quer
realmente competir no mercado globalizado que temos agora. Muitas vezes o
"planejar algo" é mais desgastante do que a própria execução deste "algo"; pois
exige concentração, pesquisa, paciência e muito estudo.
Então, seja você um profissional liberal em busca de reconhecimento, alguém
que procura um emprego ou um candidato a empresário, jamais deixe de dar extrema
atenção a esta fase, pois é dela que dependerá o seu sucesso. Números, projeções
e planilhas, por mais chatos que possam parecer, são a base de sustentação de
qualquer empreendimento saudável.
Quanto à minha amiga, estamos conversando... Enviei agora mesmo para ela um
modelo de plano de negócios, para ver se a ajudo a organizar as ideias
antes de por a "mão na massa".
Minha esperança é conseguir ajudá-la a planejar minimamente seu novo negócio,
e evitar que tenha gastos desnecessários que podem até mesmo inviabilizar seu
sonho. É melhor assim, mesmo ela me achando chato, porque depois, se a coisa
desandar mesmo, aí não há novena que resolva.
Até mais!