1) O que é o Copom?
O Copom é o Comitê de Política Monetária do Banco Central. A função desse grupo
é definir as diretrizes da política monetária e a taxa básica de juros do País.
As reuniões do grupo são mensais, dividindo-se em dois dias, sendo a primeira
sessão às terças-feiras e a segunda às quartas-feiras. O Copom é composto pelos
oito membros da Diretoria Colegiada do Banco Central e é presidido pelo
presidente da autoridade monetária Também integram o grupo de discussões os
chefes de departamentos, consultores, o secretário-executivo da diretoria, o
coordenador do grupo de comunicação institucional e o assessor de Imprensa.
2) O que é a taxa básica de juros?
É a remuneração que o detentor do dinheiro cobra para conceder um
empréstimo. O governo determina uma taxa básica que norteia a economia
brasileira e os negócios com títulos públicos registrados no Banco
Central.
3) Qual é a influência da taxa de juros sobre a inflação?
Podemos citar duas importantes influências:
a) A taxa de juros é usada como instrumento para controle dos preços. Quanto
mais alta é a taxa, mais ela dificulta o crédito ao consumidor e ao setor
produtivo. Com mais barreiras ao financiamento de compras, a demanda (procura)
por produtos à venda diminui. Por exemplo, uma pessoa quer comprar uma
televisão, mas não consegue financiá-la porque os juros estão muito altos.
Então, ela deixa de comprar a TV e o produto começa a ficar encalhado no
depósito da loja. Para vendê-la, a loja reduz o preço dela, fazendo a inflação
cair.
b) A taxa alta também atrai investimento especulativo. Quem investir em títulos
brasileiros ganha juros altos. Assim, entram dólares no mercado interno,
aumentando a oferta da moeda norte-americana e mantendo a cotação dela
controlada. Como os preços ao consumidor também sofrem influência do câmbio, a
atração de investimentos usando juros altos também impede uma disparada da
inflação.
4) Por que o governo tem insistido em manter os juros nas alturas?
O motivo principal é o controle da inflação. E o governo pode usar algumas
justificativas para a manutenção da taxa:
a) a inflação inercial: apesar da recente queda dos preços, o presidente do
Banco Central, Henrique Meirelles, disse temer a inflação inercial, ou seja, o
impacto da inflação alta registrada até pouco tempo atrás.
b) a meta de inflação: desde 1999, a política monetária brasileira é subordinada
ao conceito de metas de inflação. Por meio dele, é determinado uma diretriz para
o IPCA, índice do IBGE escolhido como referência. O problema é que a queda do
IPCA está mais lenta que o esperado. No ano, o IPCA acumula alta de 17,24% e no
ano 6,8% - o que significa nos próximos meses só poderia haver mais 1,6% de
inflação para que a meta dos 8,5% não seja ultrapassada. A rigor, o BC não
poderia aceitar inflação mensal superior a 0,2% de junho a dezembro.
c) o reajuste dos preços administrados: em junho tem reajuste de preços
administrados (tarifas de telefones), que certamente vai pesar sobre a inflação
e nada certifica se esse ajuste pode ser restrito as tarifas de telefônicas. A
expectativa da conclusão da reunião do Copom deve restringir o volume de
negócios no mercado de renda fixa, que segue projetando um corte de 0,5 ponto
percentual para o juro básico, conforme o contrato de julho.
5) O que acontece com a queda dos juros?
Dá ânimo à economia. Seria um sinal importante para o setor produtivo e
certamente melhorará o cenário que se antevê para 2004.
6) E o que muda na minha vida quando os juros são reduzidos?
Um corte nos juros não produz resultados imediatos na recuperação da economia
real. É que pesam lucros dos bancos, impostos, inadimplência sobre os juros ao
consumidor final. O custo da intermediação bancária no Brasil está entre os mais
altos do mundo: conforme estatísticas do Banco Central. Situa-se em 41%,
enquanto a média internacional oscila em torno de 10%. E o maior componente está
no lucro dos bancos, com cerca de 40% desse custo (saiba mais aqui).
7) O que aconteceria se os juros fossem mantidos em 26,5%?
O custo do crédito continuaria tão alto quanto antes, o que prejudicaria mais
ainda os trabalhadores, com o aumento do desemprego, e a indústria, com a queda
da produção e das vendas.
8) O que é "viés" e o que acontece quando é aplicado?
É um instrumento do Banco Central para reduzir ou elevar a taxa de juros sem
precisar esperar até a próxima reunião mensal do Copom. Quando os juros são
mantidos no mesmo patamar, mas é adotado um viés de baixa, por exemplo, o BC
está dizendo que pode reduzir os juros a qualquer momento. Se o viés determinado
é o de alta, é um sinal de que os juros podem subir antes da próxima reunião