“O pior cego é o que pensa que enxerga”.
Evidentemente não tenho aqui a intenção de dar qualquer conotação pejorativa aos
meus irmãos desprovidos da capacidade fisiológica de enxergar. Segundo o
Dicionário Aurélio, cego é aquele privado da vista. No mesmo Dicionário, no
sentido figurado, a palavra significa alucinado, transtornado, obcecado ou
ainda, indica uma contingência que impede a reflexão, o raciocínio; que perturba
o julgamento, oblitera a razão. Para o líder, aqui reside o perigo.
O exercício de liderança é uma atividade sujeita a tornar-se dominadora. A
característica de domínio a qualquer preço pode ter origem em vários fatores,
entre eles, o medo. Quando o domínio tem por base o medo em todas as suas
formas, a relação entre Líder e Liderados fica mais crítica. Muitos são os
líderes que norteiam suas ações no medo de perder o cargo. Quando sentem que a
ameaça imaginária ou real pode inviabilizar a realização, pela equipe, de
objetivos ou resultados exageradamente pretensiosos, mal negociados por eles com
seus pares ou superiores hierárquicos, entram com certa freqüência, em um dos
estágios mais avançados do MEDO, o TERROR. A partir daí, estes líderes provocam
uma caça às bruxas em efeito dominó que afetará toda a cadeia de supervisão, do
pico à base da pirâmide, numa interminável busca de culpados (exceto eles).
As mudanças ocorridas no mundo dos negócios, por conta da globalização, vêm
interferindo nas relações entre líderes e liderados, no sentido de tornar as
organizações mais competitivas em um mercado cada vez mais exigente. Isto pode
levar o líder que ficou “deitado em berço esplêndido” a agir como um LÍDER
COMPRESSOR, aumentando as chances de uma implosão do grupo liderado. Se esta
postura não for administrada em tempo hábil, provocará desagregação, clima
interno ruim, de retaliação freqüente e excesso de autoritarismo. Isto pode ser
evitado, tomando-se alguns cuidados:
Conheça e Reconheça sua Equipe
Um líder não deve ser avaliado pelo que é, mas sim pela equipe que tem sob sua
responsabilidade. Ao aceitar um desafio profissional, aceite-o na razão direta
da capacidade contingencial da equipe e da infra-estrutura colocada à disposição
da mesma.
Provoque o Envolvimento
Demonstre interesse pela idéias e percepções dos membros da equipe. Busque
feed-backs e informe às pessoas o que você, como líder, fará com as idéias
delas. Isso as incentivará a dar novas idéias.
Dê e solicite feed-backs específicos
Em vez de citar pessoas, refira-se aos resultados ou aos comportamentos. O fato
de um determinado resultado não ter sido alcançado, não necessariamente
implicará incompetência de um profissional específico. Se for o caso, assuma que
a incompetência permeou toda a cadeia: comando-ação-resultado. Comente o
resultado e pergunte o que pode ser feito para melhorar. Feed-backs avaliativos,
do tipo quem foi “o incompetente”, podem dar margem a ofensas desnecessárias e
que, certamente, não modificarão o resultado.
Esteja atento, aprenda a ouvir tudo, verbal e não-verbal
Segundo os especialistas da área, 65% da comunicação é não-verbal. Esteja atento
para o SIM com sabor de NÃO, e para o NÃO com sabor de SIM. Alguém pode estar
apresentando um comportamento favorável a sua proposição e, no plano não-verbal,
manter uma atitude (crença) desfavorável.
Apure o seu Sensor
Há um dispositivo pequeno colocado nos compartimentos de refrigeração de
geladeiras, chamado sensor. Tem a função de detectar em tempo hábil as variações
de temperatura (clima) no ambiente. E você, tem feito a manutenção preventiva do
seu sensor de líder para sensibilizar-se e proagir em tempo hábil em relação às
variações do clima na equipe pela qual responde? As pessoas têm problemas
pessoais e necessitam ser ouvidas, o que não significa deixar de fazer o que
precisa ser feito.
Abaixe a Bola
É dia de chuva, muita chuva! Os sistemas de drenagem do campo podem não estar
funcionando muito bem. Pode ser que saiam gols, mas também poderão ocorrer
contusões e fraturas irreversíveis. Abaixe a bola, proponha passes curtos e,
acima de tudo, mantenha todos em campo, em forma, dispostos e motivados para o
próximo jogo.