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Carreira / Emprego - Trabalhar muito - Quando é uma virtude 

Data: 15/12/2008

 
 

POR todo o Sudeste da Ásia, muitas jovens empregadas domésticas põem de lado seus afazeres na cozinha e se sentam com os olhos grudados no aparelho de televisão quando começa o seriado Oshin, da TV japonesa. É a história de uma mulher que passa da pobreza para a riqueza depois de suportar muitos anos de labuta e durezas. Com lágrimas nos olhos, as moças se identificam com Oshin, a heroína. Parece que os episódios são exatamente o que elas precisam para enfrentar mais uma dura jornada de trabalho.

Deveras, quando as pessoas labutam dia após dia a ponto de pôr em risco a sua saúde e a sua vida, elas têm de ter razões para assim agirem. Por que o fazem? Como no caso das empregadas asiáticas, desejar melhorar seu padrão de vida é por certo um comum e forte incentivo para trabalhar arduamente. Aparentemente, porém, a recompensa material não é tudo o que está envolvido.

"A recompensa financeira é um incentivo desejado, mas quase incidental", escreve Stephen D. Cohen a respeito da ética de trabalho japonesa. O que, então, induz os japoneses a trabalhar tão arduamente? "O sucesso das vendas de uma empresa em comparação com seus competidores é uma fonte de imenso orgulho e auto-satisfação. O trabalho árduo que contribui para esse fim é a sua própria recompensa", explica Cohen. A fidelidade à sua empresa torna-se um motivo de os empregados trabalharem arduamente, e o trabalho se torna a única maneira de eles manifestarem o seu valor. Não se desperceba também a ânsia de subir na hierarquia da empresa. A possibilidade de algum dia atingir o topo continua a ser um forte incentivo para o trabalho árduo.

Razões para arriscar a saúde?

São justificáveis essas razões para a pessoa arriscar a sua saúde e a sua vida? Sobre aquele que trabalha arduamente em busca de riquezas materiais, a Bíblia diz: "Os próprios olhos dele não se fartam de riquezas." Por fim tal pessoa talvez venha a se perguntar: "Para quem trabalho arduamente e faço a minha alma carecer de coisas boas?" (Eclesiastes 4:8) Aqueles que trabalham duro para enriquecer parecem não saber quando ou onde parar. Eles caem num círculo vicioso de trabalho, trabalho, e mais trabalho. A Bíblia avisa simplesmente: "Não labutes para enriquecer." - Provérbios 23:4.

Que dizer da lealdade à empresa? Embora isso possa ser uma virtude, deve-se levar em conta o possível efeito de trabalhar excessivamente.

"Se um sujeito está se exaurindo", disse um alto executivo de uma empresa americana, "eu não mais o quero na minha equipe". A esposa de um "guerreiro de empresa" escreveu a um jornal após a morte de seu marido, antes de chegar aos 40 anos de idade, por excesso de trabalho: "Que consolação podemos esperar encontrar na afirmação deles: "Lamentamos ter perdido uma pessoa tão valiosa"? Esses mártires de empresa, uma vez mortos, são tratados como se fossem meros "bens descartáveis"."

Mesmo que alguém escape da exaustão ou da morte por excesso de trabalho, o que acontece quando a pessoa se aposenta? "Apesar de terem trabalhado arduamente pelas suas respectivas empresas", diz Motoyo Yamane, uma locutora de rádio japonesa, "faz-se com que se dêem conta do fato de que a empresa não mais precisa deles e que eles são inúteis". Para a empresa impessoal, empregados que trabalham duro são apenas dentes na engrenagem do mecanismo de sua empresa, a serem substituídos quando estiverem gastos. Não é de admirar que muitos japoneses estejam perdendo a fé em suas empresas! Começam a perceber que a sua devoção à empresa é um amor não correspondido.

O que se pode dizer sobre subir na hierarquia da empresa? Os que atingiram o estágio médio logo se apercebem de que nem todos alcançarão o topo.

O que acontece então? Privados de perspectivas de promoção, eles passam a mudar de um emprego para outro. Chega de lealdade e de virtude!

Conceito equilibrado sobre trabalho árduo

Embora o trabalho árduo induzido pelo amor ao dinheiro, pela lealdade à empresa ou por um espírito competitivo por fim frustra e desaponta, a Bíblia não despreza o valor do trabalho árduo. "[Que] todo homem coma e deveras beba, e veja o que é bom por todo o seu trabalho árduo. É a dádiva de Deus." (Eclesiastes 3:13) A Bíblia recomenda à pessoa usufruir os frutos de seu trabalho árduo. Isto nos dá uma indicação sobre qual pode ser o conceito correto sobre trabalho árduo.

O Ministério da Saúde e Bem-Estar do Japão recentemente aconselhou os trabalhadores a "se esquecerem de seu emprego depois do expediente [e] a jantarem junto com as suas famílias". Parece que alguns líderes empresariais reconhecem a sabedoria desse conselho. Por exemplo, o presidente de uma próspera firma de biotecnologia declarou: "Eu quero que todos os nossos empregados cuidem bem de suas famílias acima de tudo o mais. O trabalho deles na nossa empresa nada mais é do que um meio para se atingir um fim."

Sem dúvida, uma boa relação familiar certamente é um alvo digno pelo qual se empenhar a fundo. Se um caloroso ambiente familiar corre o risco de desaparecer ou a sua saúde sofre por causa de seu trabalho, você não "está vendo o que é bom por todo o seu trabalho árduo".

Contudo, na sociedade japonesa, onde predomina o sistema de antiguidade, alguns desenvolveram a atitude: "Não falte, nem se atrase, tampouco trabalhe." Eles fingem ser diligentes permanecendo até tarde no local de trabalho, mas apenas à espera do supervisor ir para casa. Kenji, um vendedor de uma firma de decoração de interiores em Hiroxima, tinha essa mentalidade. Ele fazia corpo mole no emprego, gastando horas de serviço em bares ou fliperamas.

Será que uma atitude assim resulta em felicidade? "A mão indolente virá a ser para trabalho forçado", diz um provérbio bíblico. Hoje, a pessoa talvez não venha a ficar sob trabalho forçado por causa de indolência. No entanto, o trabalho poderia se tornar enfadonho - trabalho forçado, mentalmente falando. Por outro lado, o mesmo provérbio destaca o benefício da diligência: "A mão dos diligentes é a que governará." (Provérbios 12:24) Mesmo que você não venha a governar um país ou uma empresa, pelo menos será respeitado pela sua família e será dono de si mesmo. Além disso, poderá granjear a confiança de seu empregador, bem como ganhar uma consciência limpa.

Kenji descobriu que isto era assim. Ele decidiu estudar a Bíblia, e a sua vida mudou drasticamente. "Aplicando o princípio da honestidade no trabalho", diz ele, "passei a trabalhar conscienciosamente com ou sem a presença do chefe. Isto granjeou a confiança dele em mim".

Quando o trabalho árduo se torna uma virtude

A verdade é:
para que o trabalho seja significativo, precisa beneficiar outros. "Trabalho satisfatório", definiu um escritor sobre assuntos empresariais, "é trabalho que traz conveniências, conforto ou prazer para a vida de muitas pessoas". Tal trabalho traz profunda satisfação ao trabalhador. É como disse Jesus Cristo: "Há mais felicidade em dar do que há em receber." - Atos 20:35.

Ainda que trabalhar pelo bem de outros seja elogiável, há ainda outro elemento-chave para encontrar satisfação no trabalho e na vida. O Rei Salomão, depois de ter experimentado todos os luxos e riquezas que a vida tem a oferecer, chegou a esta eloqüente conclusão: "Teme o verdadeiro Deus e guarda os seus mandamentos. Pois esta é toda a obrigação do homem." - Eclesiastes 12:13.

Obviamente, temos de levar em conta a vontade de Deus em todos os nossos empreendimentos. Trabalhamos em harmonia com a sua vontade ou contra ela?

Empenhamo-nos em agradar a ele ou apenas a nós mesmos? Se deixarmos de fazer a vontade de Deus nós nos tornaremos nada mais do que seres materialistas ou hedonistas e sofreremos por fim a dor da solidão, do vazio e do desespero.

Portanto, lembre-se de que servir a Jeová Deus - prestar serviços que agradem ao nosso Criador - jamais nos deixará descontentes. O próprio Jeová trabalha arduamente, e ele nos convida a sermos seus "colaboradores". (1 Coríntios 3:9 João 5:17) Mas será que tal trabalho árduo realmente traz genuína felicidade?

Um diretor de uma firma impressora certa vez visitou a gráfica da congênere da Torre de Vigia no Japão a fim de estudar o seu leiaute. A atenção dele se voltou para além das máquinas. Ele viu homens jovens realizando com alegria o seu trabalho e ficou surpreso de saber que todos eram voluntários e que há incontáveis mais que entusiasticamente se candidataram para juntar-se a eles. Por que ficou surpreso? "Na nossa firma", explicou, "quando empregamos dez pessoas, temos de achar razoavelmente bom se quatro deles ainda estão conosco depois de um ano. Vocês da Torre de Vigia têm nesses jovens trabalhadores um tesouro!"

O que faz com que esses homens jovens tenham tal felicidade e sejam tão laboriosos? Como voluntários, obviamente não trabalham por dinheiro.

O que, então, os motiva? A sua dedicação a Jeová e seu apreço por ele, seu Criador, e seu amor ao próximo. Sua atitude mostra que não trabalham "como os que agradam a homens, mas como escravos de Cristo, fazendo de toda a alma a vontade de Deus". - Efésios 6:6.

Tudo isso é apenas um prenúncio do que virá. Aqueles que agora trabalham arduamente para servir a Jeová podem aguardar o tempo iminente em que ele restaurará o Paraíso e em que haverá na Terra inteira muitos trabalhos compensadores a se fazer. Isaías, um antigo profeta de Deus, predisse como será a vida então: "Hão de construir casas e as ocuparão; e hão de plantar vinhedos e comer os seus frutos. Não construirão e outro terá morada; não plantarão e outro comerá. . . . e meus escolhidos usufruirão plenamente o trabalho das suas próprias mãos." - Isaías 65:21, 22.

Que bênção o trabalho será então! Por aprender qual é a vontade de Deus para você e por agir em harmonia com ela, possa você estar entre os abençoados de Jeová e sempre "ver o que é bom por todo o seu trabalho árduo"! - Eclesiastes 3:13.

Seu trabalho não deve pôr em perigo relacionamentos familiares.



 
Referência: curriculum.com.br
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