Consumidor - Usuário de Internet banda larga não precisa assinar provedor, diz Procon
O Procon-SP aliou-se aos usuários de Internet por banda
larga que brigam pelo direito de não pagar pelo provedor. A fundação que defende
os consumidores emitiu um parecer afirmando que a obrigatoriedade imposta aos
usuários de banda larga da assinatura de um provedor é abusiva.
"O Código de Defesa do Consumidor está sendo desrespeitado quando a venda de um
produto ou serviço é condicionado a outra", afirma o diretor de programas
especiais do Procon-SP, Ricardo Morishita Wada. "Reunimos evidências de
abusividade e agora a nossa diretoria de fiscalização irá indagar as empresas."
A multa, no caso, pode chegar a R$ 3 milhões.
Wada afirma que o Procon-SP questionou a Anatel sobre a questão, mas não obteve
resposta. A Anatel, por sua vez, afirmou não ter recebido a solicitação.
A queixa dos usuários de Internet de banda larga é a obrigatoriedade de pagar
para a empresa de telecomunicações e também para o provedor para poder acessar a
web. No entanto, eles afirmam que o provedor é desnecessário para fazer a
conexão. "Por testes simples, é possível constatar que o acesso à Internet é
feito pela rede IP da Telefônica e que o provedor de acesso não é necessário",
diz o empresário Horácio Belfort, usuário do serviço Speedy, da Telefônica. Ele
demonstrou ao Informática, por meio de softwares de monitoramento de conexão à
Internet, que o sinal nunca passa pelo provedor.
"Não pago o provedor e, mesmo assim, me conecto normalmente." Belfort coordena a
Abusar, associação defensora dos intersses de usuários de banda larga. A
entidade irá entrar com uma ação conjunta contra a Telefônica no dia 3 pelo
direito de usar o Speedy sem contratar um provedor.
A Net, que oferece o serviço Vírtua, preferiu não se manifestar sobre a posição
do Procon-SP. Mas, por meio da assessoria de imprensa, confirmou que o provedor
é responsável por serviços e conteúdo e não participa da estrutura de acesso a
Internet. Caso o usuário não pague o provedor, o Vírtua é avisado e corta a
conexão.
A Telefônica, em nota oficial ao Informática, argumenta que segue a
regulamentaçãoem vigor, estabelecida pela Agência Nacional de Telecomunicações
(Anatel), que não permite que a operadores de telefonia fixa a prestação de
serviços de valor adicionado, como é o caso do provimento de acesso à internet.
A empresa, porém, não deu explicações sobre a rede de banda larga.
O diretor de acesso do provedor Terra, Fernando Madeira, explica que o link da
central telefônica à Internet é feito pela Telefônica, mas quem paga por isso é
o provedor. "É um equívoco dizer que o consumidor paga duas vezes pelo mesmo
serviço", defende.
Ajuda
O analista de sistemas João Décio Júnior recorreu a ajuda do Procon de Campinas
porque sentiu-se lesado. "Não contratei o serviço do provedor, mas recebi a
fatura", conta.
Décio usa o Speedy há um ano e nunca pagou o provedor. "Trabalho com redes e
tenho certeza de que o provedor não é necessário par fazer a conexão." Ele conta
que o Procon o orientou a devolver as faturas do provedor, pedindo uma
justificativa para a contratação do serviço. "Liguei para o Terra e uma
atendente ameaçou cortar minha conexão."
Mas nem sempre os usuários levam a melhor. No mês passado, o Juizado Especial
Cível da Comarca de São Carlos indeferiu o pedido de um usuário de banda larga
que se recusava a pagar o provedor.
O programador Dâniel Fraga obteve na justiça uma sentença favorável em
fevereiro, que o permitia usar o Speedy sem pagar o provedor. Apesar disso, a
Telefônica, cortou sua conexão e recorreu a sentença. "Estou pagando o provedor
apenas porque preciso muito do Speedy para trabalhar, mas vou continuar
defendendo o meu direito", disse.
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