Consultoria aponta cinco características determinantes para o sucesso em
uma entrevista de emprego
Diante do desafio de colocar à prova o seu conhecimento e ser analisado por
um interlocutor, é praticamente impossível não sentir certo nervosismo. Em
situações como essa, a falta de preparo aliado à ansiedade e ao excesso de
emotividade como um todo pode prejudicar significativamente as habilidades
comunicativas, qualidades fundamentais para que se obtenha êxito em uma
entrevista.
Pensando nisso, a Right Management, consultoria organizacional especializada em
transição de carreira (outplacement), divulgou um estudo recente que detectou
cinco habilidades comunicativas determinantes para o sucesso de um candidato
numa entrevista de emprego. “Nesta pesquisa ouvimos pessoas das organizações,
pessoas que fazem “search” e seleção. Foi ouvindo um hall enorme de gente que
consolidamos nossas percepções”, explica Matilde Berna, diretora de Transição de
Carreira e Avaliações da Right Management.
Os resultados permitem desenvolver métodos para melhorar a habilidade de
comunicação eficiente e segura. As principais conclusões do estudo apontaram
como habilidades comunicativas críticas:
Respostas lacônicas
Nada é pior para um entrevistador que uma resposta vaga e lacônica. Por
outro lado, respostas longas demais demonstram que o candidato está nervoso e
pode ter esquecido o cerne da questão, tentando substituir o conteúdo por
quantidade. Esse tipo de resposta é indelicada e desperdiça o tempo precioso do
entrevistador com histórias que não têm ligação com a questão que está sendo
discutida. Segundo Berna, “com tanta preocupação em agradar, os candidatos
acabam se perdendo e dando respostas evasivas”.
Um bom ensaio, incluindo o feedback de alguém cuja opinião lhe seja relevante,
ajudará a formular as respostas, que devem ser equilibradas entre responder
adequadamente às perguntas do entrevistador e manter seus comentários com
duração apropriada.
Estrutura das respostas
Uma resposta estruturada e concisa indica pensamento organizado e
demonstra que o candidato não só tem o domínio do assunto, como também sabe como
comunicá-lo. Antecipar perguntas permite preparar e praticar respostas – o
segredo para assegurar que o entrevistado está comunicando algo importante e
convincente. Ser eficiente em uma entrevista é semelhante a ser um bom orador.
Cada resposta é resumida e pode conter alguns dos mesmos elementos de um
discurso feito a um público maior, mas mais sutilmente.
Especialmente ao responder a perguntas cruciais e complexas ou a perguntas
que requeiram respostas em partes, é preciso estruturar a explicação, de modo
que o ouvinte possa acompanhar facilmente o está sendo dito. Por exemplo, é
possível delinear as repostas no discurso de abertura que indica o escopo do que
seguirá. Cada parte da resposta, então, pode ser destacada ou sinalizada de
algum modo, para mostrar de qual subtópico se está falando – do mesmo modo que
os títulos em negrito de um artigo. Por último, pode-se encerrar as
considerações com algo que junte as idéias e convide o entrevistador a intervir.
“Você não deve se preocupar em falar muito pouco ou falar muito. Tem que se
preocupar em falar o suficiente e de maneira organizada”.
Fluxo lógico das informações
A lógica é o meio pelo qual se faz os argumentos racionais que dão
sustentação às opiniões – conectando idéias, fornecendo evidência e chegando a
conclusões para uma mensagem persuasiva. Quando se fala de forma lógica, as
pessoas conseguem seguir o raciocínio de quem fala e ver como e por que esta
pessoa chegou a ele. A lógica existe sob diversas formas, incluindo: uma
seqüência natural ou série de pensamentos, como os passos de um processo;
raciocínio partindo de uma causa a um efeito; dando apoio a uma afirmação geral,
com um exemplo específico ou ilustração, ou indo de exemplos a uma
generalização.
Em uma situação de entrevista, a lógica relaciona-se à idéia de estrutura porque
demonstra ordem, por meio do pensamento – essas são qualidades-chave para
qualquer emprego. Do contrário, se um candidato faz afirmações gerais sem um
raciocínio adequado ou sem exemplos que lhes dêem suporte, ou apresenta idéias
de modo desconexo, o entrevistador terá pouca base para concluir que ele
realmente tem conhecimentos e que é capaz de liderar outros de modo persuasivo
ou, ainda, de se comunicar efetivamente com a gerência.
“A lógica está ligada às respostas que você dá em detrimento ao teu histórico de
carreira e a sua experiência”.
Contato visual
Um fato fundamental na comunicação interpessoal é manter contato
visual, aumentando a sensação de afinidade, comprometimento e confiança mútua.
Olhar a pessoa com a qual se fala é um sinal de respeito e atenção. Isso é
especialmente importante quando se está escutando. Se os olhos do candidato
vagueiam pela parede da sala enquanto o entrevistador está falando,
inconscientemente ele está passando a mensagem de que não tem interesse naquilo
que é dito, distrai-se facilmente ou tem outras coisas em mente.
Um bom contato visual não precisa ser ininterrupto, pois ninguém gosta de ser
encarado, mas deve ser interrompido apenas ocasional e momentaneamente.
“É péssimo quando você entrevista alguém e essa pessoa está com o olhar perdido,
isso demonstra desleixo, falta de concentração e até uma certa insegurança nas
pessoas”, afirma Berna.
Caso seja difícil manter contato visual, é bom que este seja praticado durante a
preparação para uma entrevista. O candidato pode pedir a ajuda de um colega ou
de um tutor para avaliar quão bem ele se sai e o que deve ser melhorado.
Fala clara
O entrevistado não tem de ser um ator ou locutor para falar de modo
claro, mas é preciso estar consciente disso e se esforçar. Poucas coisas podem
arruinar uma primeira impressão boa como uma fala descuidada, enrolada ou
ininteligível. Isso faz as pessoas pensarem que o candidato não se importa se o
que diz é ouvido ou compreendido, e o ouvinte pode se cansar em breve. Às vezes,
a fala confusa indica timidez ou falta de autoconfiança.
“Às vezes o candidato deixa de falar de maneira simples para falar
sofisticadamente, tentando enriquecer o seu repertório. Acho que falar bem não
significa falar de maneira complexa. Falar bem significa falar de maneira
simples, transparente e ter um discurso tranqüilo. Ou seja, fazer com que o
interlocutor goste da conversa”.
Praticar, inclusive gravando e revendo seus hábitos de fala, em conjunto com uma
boa orientação e um bom feedback, pode ajudar bastante a tornar sua fala
audível, clara, confiante e natural.