Os três últimos meses do ano são, sem dúvida, os mais propícios para o
consumo. Em outubro, a comemoração do Dia das Crianças faz com que o consumidor
corra atrás de presentes, nos meses seguintes, o 13º salário, juntamente com o
Natal, levam as pessoas a consumirem ainda mais.
Porém, o consumidor precisa entender as diferenças entre necessidade e
compulsão por comprar. Segundo o administrador Augusto Campos, detectar se a
compra foi feita por impulso é uma ação de médio prazo. “A compulsão
propriamente dita se manifesta de forma continuada, e seus efeitos podem ser
percebidos muito mais no médio prazo, do que na hora de cada uma das compras. Um
exemplo é o acúmulo de produtos comprados, mas jamais usados, ou que nem chegam
a ser tirados das suas embalagens”, explica, afirmando que outra forma de
perceber se há exagero nas compras é “pelo saldo negativo se acumulando no banco
e nos cartões de crédito devido ao excesso de compras”, completa.
Segundo Campos, é no ato da compra que o consumidor deve avaliar se está
comprando por necessidade ou por impulso. De acordo com ele, o consumidor
precisa “verificar se o preço foi levado em conta, se era algo que o consumidor
já tinha se proposto a comprar antes de ver na loja, se tem utilidade certa, ou
se é algo que o consumidor está comprando para ver se serve só depois".
Consumista
De acordo com o administrador, o consumo excessivo é aquele que, ao invés de
exceção, se torna uma regra. “Faço um paralelo com os hábitos alimentares:
quando se tem uma alimentação disciplinada, é possível premiar-se ocasionalmente
com uma refeição fora das recomendações da dieta sem sofrer consequências
negativas. Mas quando o exagero alimentar vira a regra e não a exceção, temos
quadros de obesidade, problemas nutricionais variados e prejuízo à saúde”,
exemplifica.
Segundo Campos, o consumista não pensa nos problemas que aquele ato pode
trazer para o futuro e permite-se indiscriminadamente fazer compras por impulso,
sem considerar a real necessidade ou interesse da aquisição, ou os impactos
sobre o saldo bancário e o crédito.
Na avaliação de Campos, o consumismo desloca a busca da satisfação. “Em vez
de concentrar-se na utilidade do objeto ou serviço adquirido, o foco passa a ser
a sensação experimentada no ato de comprar”, completa, lamentando que
“dificilmente esta compra de itens desnecessários vai resolver a carência,
ansiedade ou outra demanda interna que provocou o impulso de comprar”, afirma.
Consumo x bolso
Além de comprar o que não precisa naquele momento, o impulso pela compra é
tão grande que, muitas vezes, o consumidor esquece que terá que pagar a conta
depois, nos casos de compras a prazo.
Para Campos, dois aspectos influenciam negativamente nas finanças: o mau uso
do saldo disponível e o possível mau uso do crédito. “O mau uso do saldo causa
dano porque aquele saldo deixa de ser poupado para um investimento futuro. O
consumidor deixa de comprar algum outro bem que seria mais útil”, explica.
Segundo ele, o mau uso do crédito é ainda pior. “O segundo é mais doloroso e
tem impacto mais duradouro porque leva à triste situação de pagar juros,
embutidos em qualquer operação de crédito, ou mesmo multas e outras penalidades
por adquirir produtos desnecessários sem ter como pagá-los imediatamente”,
afirma.
Para evitar problemas de consumo, segundo Campos, o consumidor deve vencer as
compras desnecessárias e abrir espaço para compras melhores, para mais crédito
e, especialmente, para a percepção de quais são as reais demandas e carências
que o consumidor estava tentando suprir por meio do ato de comprar.
O administrador ainda aconselha que o consumidor deve ter cuidado para não
exagerar na intensidade ou na duração dos seus exercícios com a redução das
compras. “Depois de firmado o hábito, práticas mais simples caberão melhor.
Minha sugestão? Só compre o que estiver previamente em uma lista de compras, e
nunca se permita colocar novos itens na lista enquanto estiver fazendo compras”,
finaliza.