A falta de hábito em seguir as normas de trânsito pode explicar o desrespeito
aos limites de velocidade nas vias urbanas e rurais do País.
Um levantamento feito pelo Cesvi Brasil (Centro de Experimentação e Segurança
Viária) retomou a dissertação de doutorado de Iara Thielen, "Percepções de
motoristas sobre excesso de velocidade no trânsito de Curitiba - Paraná,
Brasil", de 2002.
Em sua tese, a autora fez entrevistas com 20 motoristas infratores, sendo três
mulheres e 17 homens, todos com idade superior a 30 anos, os quais possuíam,
pelo menos, nove multas por excesso de velocidade.
O problema é o radar!
Eles responderam questões relacionadas ao significado das multas, mecanismos
mais eficazes para redução de velocidade e preocupação com a velocidade em vias
onde há fiscalização eletrônica, dentre outras.
Respostas contraditórias foram constatadas, ora com referências a mudanças de
comportamento decorrentes das multas recebidas, ora negando que haja excesso de
velocidade, para justificar as multas recebidas.
Os motoristas infratores negavam o excesso de velocidade em um ou outro momento,
e articulavam motivos, ou significados diferentes conforme o direcionamento da
questão, mas, de alguma forma, assinalavam que não consideravam que sua
velocidade se caracterizasse como excesso.
A conclusão de Iara foi que "o problema é a existência do radar e não o
comportamento de exceder a velocidade que, afinal de contas, na percepção desses
motoristas infratores, nem é excessivo".
Vilão ou mocinho?
Dessa forma, o estudo do Cesvi ratifica a falta de hábito do condutor em
respeitar o limite de velocidade, a cultura desse respeito, indicada pela
crítica contundente à existência da fiscalização, sem nenhuma autocrítica em
relação ao próprio comportamento infrator.
A fiscalização eletrônica de velocidade constitui assunto polêmico na mídia e no
público em geral, causando discussões sobre a "indústria da multa", invasão de
privacidade e questões legais.
Entretanto, é necessário considerar a importância para o controle da obediência
ao limite estabelecido e analisar, sob o ponto de vista crítico, os aspectos
práticos e os critérios técnicos de sua utilização.