A pergunta é dramática, mas não há quem não acorde pensando nela, certo?
Todos gostaríamos que alguém aparecesse com um bom discurso capaz de nos
explicar o que fazemos de errado, onde costumamos errar e porque não alcançamos
a riqueza plena, o milhão, ou o que seja. Na verdade, somos tolos. Preferimos
que alguém apresente a solução, quando já sabemos onde estão os problemas e quem
é o único responsável por seu surgimento.
Livros, artigos, teses, pesquisas e textos estão por todo lado, repletos de
excelentes dicas, testemunhos e instruções para facilitar o planejamento
financeiro das pessoas. Quem quer ler tudo isso, com atenção, dedicar parte de
seu tempo para aplicar os conceitos, discuti-los com a família e
compartilhá-los? Quem quer se sentar com calma para fazer uma planilha de
orçamento, comparar tarifas bancárias ou estudar uma nova modalidade de
investimento?
Eu quero! Eu faço tudo isso! Meus objetivos financeiros estão se
concretizando e, com eles, muitos outros sonhos poderão se realizar sem
comprometer meu futuro. Enquanto isso, vejo amigos torrando suas economias em um
novo carro, em viagens demais, em bebidas e produtos eletrônicos. Para eles, sou
“certinho”, sou sovina. Mas, no fundo, também sou um exemplo. Então, pergunto,
como nos vemos diante do próprio dinheiro?
Os erros e desafios
Algumas atitudes (ou a falta delas) são as causas para os erros mais comuns
cometidos por aqueles que buscam sua independência financeira: preguiça,
comodidade e hipocrisia. Pode soar um pouco intenso demais, mas alguns erros
demonstram como e porque somos tão responsáveis pelas nossas riquezas, como
somos também pela nossa pobreza.
Erro 1: Ser ganancioso
Quem começa querendo bater o mercado é, invariavelmente, massacrado por ele. Não
é uma afirmação minha ou de alguns poucos especialistas, é a realidade nada
cruel da vida financeira. É real, é a vida como ela é, é o choque de realidade
vivido por quem acha que sabe como chegar lá sem humildade. Ah, sim, ter
dinheiro requer muita humildade.
A cautela, caracterizada pela condução consciente dos investimentos e pela
paciência, é tão importante quanto o grau de aversão ao risco de cada
investidor. Cuidado com a vontade de ganhar sempre. Aprender a perder de vez em
quando garante que você também aprenda a valorizar cada pequena vitória.
Erro 2: Não lidar bem com a opinião dos outros
São dois os problemas relacionados com a opinião das pessoas próximas e daqueles
desconhecidos que resolvem escrever exatamente sobre o tema que queremos
compreender melhor:
- Não ouvir o que os outros dizem. Achar que sabe tudo e
que, por conta própria, é capaz de tomar sempre as melhores decisões é um
defeito comumente encontrado naqueles que não sabem gerir suas finanças. A
decisão é sempre sua, nossa, mas os subsídios devem surgir de experiências,
da leitura e do relacionamento com as pessoas.
- Confiar em tudo que ouve e lê. O extremo do item
mencionado anteriormente também é perigoso. É preciso que, a partir do
conhecimento, nasça opinião e ponto de vista. Ler, conversar e informar-se
através de periódicos especializados só são atitudes válidas quando
aprendemos a equilibrar a opinião dos outros, os fatos do mercado e nossas
próprias crenças e objetivos. Portanto, equilíbrio é a palavra de ordem.
Erro 3: Demora na aquisição de conhecimento e prática em
investimentos
Falta tempo! Ah, o tempo. Engraçado como não temos tempo para coisas
importantes, como o dinheiro, mas temos tempo para viagens fora de propósito,
chope com os amigos que aparecem de última hora e para assistir a novelas e
filmes no cinema. Não, não estou pedindo que você deixe de fazer nada disso, só
não quero ouvir a desculpa da falta de tempo.
Será que é possível se divertir e ao mesmo tempo separar algum tempo para
estudar as alternativas de investimento e dedicar alguns dias às regras que
podem fazer de suas aplicações um verdadeiro plano financeiro para o futuro? Tem
que ser possível. Não adie mais a decisão de ler uma revista especializada e
procurar informações sobre aquele investimento que você ouviu falar.
Erro 4: Não dedicar tempo suficiente para as finanças da casa
Tempo? De novo? Se você não cuidar do seu dinheiro e da capacidade de criar um
futuro melhor para você e sua família, quem o fará? Não, eu não. Pois é, todos
concordam que são responsáveis pelas dívidas e problemas financeiros que têm,
mas poucos se mexem. Quer saber? Não é falta de tempo, é preguiça! Que tal
arregaçar as mangas, convidar a família e detalhar o orçamento doméstico e os
objetivos financeiros para o futuro? Não, amanhã não! Agora!
Erro 5: Confiar e agir de acordo com o senso comum, sem questioná-lo
Efeito manada, conhece? O problema não é apenas seguir milhões de investidores
ou amigos neste ou naquele negócio, mas desconhecer completamente os riscos e
fatores de sucesso ligados à decisão. Pode ser bom, pode ser ruim, mas você sabe
por que? Você conhece as características do investimento ou aplicação em que a
“galera” está embarcando? Se algo der errado, você é capaz de explicar as razões
para o fracasso?
Use a informação fornecida pela massa como mais uma variável de sua
estratégia e coloque-a à prova diante de suas expectativas e atuais objetivos.
Por exemplo, pergunte-se sempre:
- A alternativa tão falada melhoraria minha carteira de investimentos? Em
que? Por que?
- Eu estou disposto a conhecê-la profundamente e investigar casos de
sucesso e fracasso a ela relacionados?
- Que riscos estarei correndo? Vale a pena?
O artigo de hoje ficou um pouco longo, mas seus objetivos permanecem simples
e claros: informar-se melhor é parte do crescimento enquanto investidor;
aprender a tomar conta do futuro é tarefa essencial de quem pretende enriquecer;
e dinheiro é assunto sério, que exige cuidado, disciplina e muita dedicação.
Alguém duvida que estes ingredientes fazem diferença? Na dúvida, decidi
reforçar.