Ninguém vence sozinho uma batalha. Uma premissa tão verdadeira e antiga
quanto essa deveria já estar incorporada na mente e na prática daqueles
profissionais que ainda acreditam na figura do vencedor solitário, do herói que,
sozinho, supera todos os obstáculos e vence todos os desafios.
Hoje, mais do que nunca, o trabalho de equipe é reconhecido como a forma ideal
de se obter resultados, no menor prazo, com maior qualidade e menor risco de
erros. Por isso, as organizações investem cada vez mais em programas de
desenvolvimento procurando despertar no seu pessoal a atitude e o hábito de
compartilhar esforços, recursos e experiências.
Certamente, a questão não é de solução tão simples assim, ainda que possa
parecer. Racionalmente, existe nos profissionais em geral a consciência da maior
eficácia e eficiência do trabalho em grupo, mas o nó da questão está no aspecto
comportamental.
Excesso de confiança, por exemplo, pode induzir um profissional a acreditar que
não necessita da ajuda dos colegas, fazendo-o esquecer de que todo ser humano,
por mais qualificado que seja, tem limitações naturais. Claro que a
autoconfiança é um dos mais fortes requisitos que se espera de qualquer
profissional, mas, como em tudo na vida, o excesso atrapalha mais que ajuda.
Esse excesso de autoconfiança costuma provocar um certo relaxamento da guarda,
ou seja, pode fazer o profissional deixar de lado ações e providências
preventivas que seriam indispensáveis para a segurança e o sucesso da jornada.
Dentre outros objetivos, é para isso que serve o planejamento: prever os
recursos necessários à ação. Caso contrário, é como ir ao Pólo Norte sem os
indispensáveis agasalhos...
A ambição de receber sozinho as glórias do sucesso também pode induzir ao mesmo
comportamento equivocado de supor-se auto-suficiente. Não há mais vitórias
individuais. Qualquer resultado obtido no trabalho, assim como nos esportes em
geral, resulta de uma série de ações prévias ou simultâneas de uma equipe que
nem sempre aparece nos créditos da fita.
Também o medo de parecer incompetente pode levar uma pessoa a não pedir ou
aceitar ajuda. Esta pessoa, mais do que preocupada em atingir o resultado, está
na verdade querendo “vender” ou preservar uma imagem.
De uma forma ou de outra, independentemente das verdadeiras razões, a suposição
de que pode vencer o “jogo” sozinho tende a acarretar ao “jogador” mais riscos
do que ele inicialmente pode imaginar.
Certamente, a mensagem deste artigo não é a de fazer apologia do comodismo e
disseminar o gosto pela zona de conforto, levando o profissional a, sem
critérios e necessidade, distribuir suas tarefas para os demais colegas. As
tarefas que cabem individualmente ao profissional são de sua inteira
responsabilidade e cabe a ele valer-se das suas competências para levá-las a bom
termo. São essas que constituem as atividades do dia-a-dia.
Mas há outras atividades, específicas, especiais, mais complexas e que fogem da
rotina. Talvez, para a realização destas, seja conveniente ouvir opiniões,
sugestões e, se for o caso, pedir ou aceitar ajuda.
Se não houver humildade para admitir que em determinadas situações necessita de
ajuda, o profissional pode correr o risco de não chegar ao final da sua meta.