Investimentos / Fundos - Poupança ou fundos de curto prazo: como escolher na hora de investir?
Se você faz parte do grupo de investidores que não gostam de
correr riscos desnecessários com o seu dinheiro, certamente já deve ter feito
esta pergunta a si mesmo.
Entretanto, a decisão da melhor alternativa de investimento para o seu bolso vai
depender não só da sua aversão ao risco, mas também do valor que pretende
investir e do período em vai deixar o dinheiro aplicado, já que isto terá
implicações significativas sobre o retorno da sua aplicação.
Garantia do FGC é vantajosa para pequenos
Mesmo para os extremamente conservadores, a aplicação em poupança só faz sentido
se você tem pequenas quantias para investir (menos do que R$ 500,00) e pretende
deixar o dinheiro aplicado por um prazo muito curto de tempo, digamos menos de
90 dias.
Caso contrário, não vale a pena, pois a diferença entre o rendimento da poupança
e o da maioria dos fundos DI é tão grande que, mesmo depois de descontadas todas
as taxas e impostos que incidem na aplicação em fundos, você ainda sai ganhando!
A poupança é uma aplicação tradicional cuja rentabilidade é pré-fixada e
equivalente à variação da TR + 0,5% ao mês. Além disso, a poupança é garantida
pelo Fundo Garantidor de Crédito (FGC) até um valor máximo de R$ 20 mil por CPF,
ou seja, você recebe o seu dinheiro (até valor limite) mesmo que o banco onde
tem o depósito em poupança venha a quebrar. Porém, como a quantia é limitada por
CPF, não adianta ter mais de uma conta de poupança neste valor, que a quantia
restituída será a mesma.
Investir em fundos custa!
Também não podemos esquecer os custos envolvidos no investimento. Enquanto na
poupança não são cobradas taxas de administração, IOF ou imposto de renda, o
mesmo não acontece nos fundos de investimento. E isso certamente tem um impacto
significativo no retorno da sua aplicação.
Em primeiro lugar, é preciso entender por quanto tempo você pretende deixar o
dinheiro aplicado, pois isso terá implicações significativas na tributação dos
seus rendimentos. Se a sua intenção é investir por um período menor do que seis
meses, então neste caso a alíquota de imposto de renda que será aplicada será de
22,5%.
Resta agora entender que tipo de taxa de administração um pequeno investidor
pode esperar ao investir seu dinheiro. Neste sentido, analisamos os fundos de
curto prazo e os referenciados DI oferecidos pelos maiores gestores do País,
segundo dados da própria Anbid (Associação Nacional dos Bancos de Investimento):
Banco do Brasil, Bradesco, Itaú, Caixa Econômica Federal, HSBC, Unibanco,
Santander e ABN Amro.
Aqui é importante ressaltar que concentramos nossa análise nos fundos cuja
aplicação mínima não superava R$ 1 mil, e que, portanto, podem ser uma opção de
investimento para os pequenos investidores. Considerando que existe pouca
distinção na alocação das carteiras destes fundos, o diferencial de retorno
acaba sendo função da taxa de administração, que varia entre 2% e 5,5% ao ano,
sendo que a mediana é de 4%, patamar elevado para este tipo de aplicação.
Diante disto, pode-se estimar que, no mês de junho, o retorno médio líquido
obtido, e aqui já se desconta 22,5% de imposto de renda, para os fundos de curto
prazo foi de 0,908% e o dos fundos referenciados DI foi de 0,955%. Por sua vez,
a poupança rendeu no mesmo período 0,76%.
Estes valores não incluem o pagamento de IOF, que é cobrado e cuja alíquota é
regressiva de 95% a 5%, para saques antes de 30 dias no caso dos fundos. Até
porque, quem sacar antes deste período na poupança acaba tendo que abrir mão da
sua rentabilidade, visto que, ao contrário dos fundos, o rendimento é creditado
apenas na data de aniversário, e saques anteriores a esta data implicam em perda
do ganho.
Prazo favorece ainda mais os fundos
Diante dos números acima, não é difícil constatar que, mesmo para pequenas
quantias, e por prazos curtos de tempo, investir em fundos ainda é mais atrativo
do que a poupança. Esta constatação fica ainda mais evidente quando o prazo de
investimento é maior do que seis meses, pois neste caso as alíquotas de imposto
de renda a serem praticadas são menores.
Assim, por exemplo, se sua intenção é investir por um prazo entre 6 e 12 meses,
a alíquota a ser aplicada será de 20%, percentual que cai para 17,5% caso o
investimento seja mantido entre 12 e 24 meses, e para 15% se a aplicação for
mantida por mais de 24 meses.
A tabela abaixo resume, de maneira simplificada, a diferença entre retorno bruto
e líquido dos fundos e da poupança para prazos distintos de investimento. É
sempre bom lembrar que é provável que a taxa de juro caia no segundo semestre
deste ano, o que significa que o retorno bruto pode ser menor, mas isso também
afetará a poupança, de forma que não foi incluída nesta análise.
Aplicação |
Poupança |
Fundo Curto Prazo |
Até seis meses |
0,761% |
0,9085% |
Entre 6 e 12 meses |
0,761% |
0,9378% |
Entre 12 e 24 meses |
0,761% |
0,9671% |
Mais de 24 meses |
0,761% |
0,9964% |
Na prática isso significa que, assumindo os retornos acima, uma pessoa que
investir R$ 1 mil na poupança, após 6 meses teria acumulado R$ 9,23 a mais na
opção pelos fundos, quantia que sobe para R$ 25 em 12 meses, para R$ 60 em 24
meses e, finalmente, R$ 115 em 36 meses.
Os valores podem parecer pequenos, mas é sempre bom lembrar que isso assume um
único aporte de R$ 1 mil. Caso sejam efetuados aportes maiores e com maior
freqüência esta diferença aumenta mais do que proporcionalmente. Além disso,
para quem já sabe de antemão que irá manter o dinheiro investido por mais de
seis meses, a opção na hora de investir não deve ser um fundo de curto prazo,
mas sim um fundo referenciado DI, cujo retorno médio oferecido é ligeiramente
mais atrativo.
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