Com um mercado cada vez mais competitivo, as empresas necessitam de
profissionais capacitados, que se enquadrem à cultura corporativa e atendam às
expectativas do negócio. No entanto mesmo que a organização consiga captar e
contratar esses talentos, deixá-los à deriva é quase um suicídio. Isso porque
cada um poderá tomar um rumo em suas atividades e divergirem para objetivos
completamente opostos. Resultado: está formada uma organização à deriva, sem
rumo algum.
Para que isso não ocorra, hoje as empresas competitivas convidam
profissionais que podem dar um norte aos profissionais e transformar grupos em
equipes. É justamente nesse momento que entra em cena um personagem de destaque:
a liderança. Entenda-se aqui por liderar, não o simples ato de delegar tarefas,
mas sim de preparar profissionais para tomar decisões nas situações consideradas
estressantes e estimular o desenvolvimento de novas competências, sejam técnicas
quanto comportamentais.
Contudo, para ser liderar uma equipe não basta apenas assumir um cargo e
tampouco ter boa vontade. É fundamental estar preparado para ser líder. Esse é
um dos motivos que tem levado muitas empresas a estruturarem programas
direcionados para quem está à frente das equipes, do comando do “barco”. Foi a
partir dessa premissa que a Paraná Clínicas - operadora de planos de saúde
empresarial, criada em 1970, localizada em Curitiba/Paraná - instituiu há quase
dois anos o PDL - “Programa de Desenvolvimento de Lideranças”.
Como a empresa encontra-se em período de expansão, a direção aproveitou para
investir nos profissionais da própria casa. Segundo Luciana Piva,
superintendente de Pessoas e Processos de Gestão da Paraná Clínicas, os
principais objetivos do PDL são: possibilitar o desenvolvimento de pessoas
identificadas como talentos pela organização; preparar novos líderes e capacitar
essas pessoas para assumir posições formais de liderança em médio e longo prazo.
O público-alvo do programa incluiu todos os colaboradores diretos da empresa que
atuavam nas áreas: Administrativa, Tecnologia da Informação, Finanças, Pessoas,
Marketing e Médica (profissionais da saúde).
A coordenação do programa ficou sob a responsabilidade da área de
Desenvolvimento de Pessoas, mas o mesmo estruturado em parceria com o Espaço
Empreendedor – consultoria especializada que contrata profissionais para
ministrar módulos conforme expertise na área.
Primeira fase do programa – O Programa de Desenvolvimento de
Lideranças da Paraná Clínicas foi cuidadosamente estruturado. De acordo com
France Selmer, coordenadora de Desenvolvimento de Pessoas, as turmas são
compostas por 30 colaboradores de diversas áreas organizacionais, inscritos
pelos próprios gestores, mediante justificativas relativas ao histórico
profissional, à performance e às perspectivas de desenvolvimento. Considerando
que o numero de inscritos é, geralmente, maior do que o numero de vagas
disponíveis, existe um processo seletivo, sendo a aprovação final realizada pelo
presidente da Paraná Clínicas, Hamilton Leal Junior.
A estrutura foi desenhada com base nas competências de gestão da Paraná
Clínicas – nas dimensões Pessoas, Estratégicas e Resultados, onde cada instrutor
ministra um módulo dentro de sua expertise. Para o desenvolvimento destes
módulos, são reunidos instrutores com ampla experiência em docência em
instituições renomadas de nível superior, como FAE, FGV, PUC e UFPR,
destacando-se as participação de Marilda Corbelini, Eunice do Nascimento, Dante
Quadros, Pedro Steiner e Eloi Zanetti.
Temáticas abordadas - “O programa fornece técnicas e caminhos de
eficácia comprovada no gerenciamento de todo tipo de recursos de uma
organização, capacitando-os a níveis superiores de responsabilidade”, destaca
France Selmer, ao revelar que além dos trabalhos clássicos sobre liderança,
equipes, planejamento e organização, a teoria focaliza de maneira tangível
competências relacionadas aos temas:
- Cultura Organizacional e Processos de Mudança.
- Comunicação e feedback.
- Administração e negociação de relacionamentos.
- Fortalecimentos de negócios e equipes através de idéias.
- Criatividade e Inovação.
- Gerenciamento de Projetos e Orçamentos.
- Processos de tomadas de decisões.
- Função de líder e seu papel na organização.
Vale destacar que os módulos são desenvolvidos em oito encontros, realizados
em sextas-feiras alternadas, no período da manhã. Cada um, por sua vez, tem a
duração de quatro horas, sendo necessária uma freqüência mínima de 75% para
obtenção do certificador emitido pela UCP – Universidade Corporativa Paraná
Clínicas.
O papel dos líderes: |
-
Dar e receber feedback.
-
Estimular a comunicação interna com integridade.
-
Fortalecer o relacionamento interpessoal.
-
Agentes disseminadores do conhecimento.
-
Incentivar a criatividade da equipe.
|
Concomitantemente às aulas teóricas são propostos desafios que estimulem o
desenvolvimento de competências de liderança. France Selmer cita, por exemplo, a
tarefa de mobilizar equipes de trabalho a participar de eventos corporativos, ou
ainda desenvolver ações ou campanhas de Responsabilidade Social. “Partindo do
princípio que um líder é aquele que direciona, constrói equipes e inspira outras
pessoas por meio de exemplos e palavras. Considerando que para liderar não
bastam apenas as qualidades do líder, mas é necessário haver uma situação onde o
clima social e os objetivos passam a ser fatores predominantes. Assim,
comprometidos com a Política de Responsabilidade Social da Paraná Clínicas, é
fundamental que os futuros líderes estejam engajados em todos os desafios”,
afirma a coordenadora de Desenvolvimento Pessoal.
Ao final do primeiro ciclo do programa (teórico) é desenvolvido o “Seminário
de Lideranças, onde os temas apresentados ao longo do curso são multiplicados
para toda a organização. Não existe formato pré-estabelecido às apresentações,
podendo as equipes utilizar de toda a criatividade, estando disponível a
infra-estrutura de treinamento da organização. A apresentação de um tema no
seminário é o meio pelo qual a empresa avalia a performance e certifica a
participação de cada integrante no Programa de Formação de Lideranças.
O segundo ciclo do PDL - A segunda etapa do programa consiste em
promover a capacitação dos futuros líderes em tema e atividades voltados ao
negócio da Paraná Clínicas. Para isso, os profissionais são convidados a
participar do Programa “Conhecendo a Paraná Clínicas”, onde têm a oportunidade
de aprofundar conhecimentos sobre diferentes áreas organizacionais. “Aos
colaboradores que obtiveram as melhores classificações de desempenho no ciclo
anterior, é concedida a oportunidade de participar do “Grupo de Discussão e
Projetos” - coordenados no nível estratégico da organização. Paralelamente, são
disparadas avaliações de perfil profissional com o objetivo de identificar a
compatibilidade destes colaboradores em eventuais oportunidades profissionais
para cargos de gestão”, resume France Selmer.
Competências estratégicas – Dentro da estrutura voltada para o
desenvolvimento dos líderes, a organização também trabalha com o que chama de
“competências estratégicas”. Estas, por sua vez, envolvem conhecimentos,
habilidades e atitudes. Na prática, mexem com os comportamentos dos líderes para
o alcance dos resultados esperados pela empresa. As competências estratégicas
são doze, divididas em três grupos:
1 - Competências de Gestão de Pessoas: parceria integradora; liderança
servidora; comunicação com integridade; relacionamento interpessoal; gestão do
cliente interno e externo.
2 - Competências de Estratégia: visão sistêmica; inovação e planejamento.
3 - Competências de Resultado: foco; gestão de processos; pró-atividade; gestão
de projetos.
Resistência ao programa – Quando questionada se os líderes da
organização apresentaram algum tipo de oposição à iniciativa, uma vez que os
tirou da chamada zona de conforto, a superintendente Luciana Piva diz que para
os líderes formais não foram manifestadas resistências. “Houve, sim, interesse
desses líderes de que houvesse treinamentos no mesmo modelo para o grupo
gerencial. Assim, foi construído o Programa de Desenvolvimento Gerencial deste
ano nas mesmas bases ao de liderança, porém, mais avançado”, complementa.
É importante destacar que o PDL da Paraná Clínicas é realizado em estruturas
de treinamento, como anfiteatros e salas de aula. Além disso, envolve atividades
externas, internas aos ambientes da empresa e em entidades sociais. Vale
destacar que o programa é desenvolvido durante o expediente de trabalho.
Lideranças informais - Outra característica da política de Gestão de
Pessoas da Paraná Clínicas é o fato da organização também investir nos líderes
informais, ou seja, pessoas que se destacam pelo desempenho e pela influência na
equipe. Luciana Piva comenta, inclusive, que esses profissionais já apresentam o
que a empresa identifica como base do perfil de líder; atuam como
influenciadores do comportamento das equipes; têm determinação e comprometimento
com a empresa, além de alavancarem resultados das equipes. Ela chega a comentar
que para os lideres informais, o programa é visto como um certo “status” a quem
participa. E este é um resultado planejado na construção da iniciativa. Por
outro lado, provoca em quem não entrou na turma, o interesse e o desejo de
participar na próxima edição. A receptividade dos líderes - em relação aos
investimentos destinados a - eles tem sido ótima. “Os treinamentos e atividades
são avaliados sistematicamente, evidenciando alta satisfação dos participantes.
A freqüência tem sido sempre superior a 90%”, comemora Luciana Piva.
Avaliação do PDL – Como em qualquer investimento, a empresa precisa
saber o retorno que o mesmo dará ou não. Nesse sentido, a Paraná Clínicas
realiza a avaliação de desempenho individual de cada participante do Programa de
Formação de Lideranças, bem como o mapeamento de perfil profissional. Existe
ainda uma monitoração dos dados de desenvolvimento dos líderes em formação, como
participação em treinamentos e desenvolvimento escolar, visando a alavancagem na
carreira.
Os principais indicadores do programa são os percentuais de líderes em
formação em relação ao total de colaboradores, bem como o índice de
aproveitamento destes líderes em formação em relação às oportunidades
profissionais para cargos de gestão. “Dentro em breve passaremos a ter maior
eficácia em processos de recrutamento interno, especialmente em cargos
estratégicos, pois estamos desenvolvendo um quadro de profissionais com
competências diferenciadas daqueles que hoje estão disponíveis no mercado de
trabalho”, conclui a coordenadora de Desenvolvimento de Pessoas, France Selmer,
ao ressaltar que a reposição dos cargos de liderança ocorrida internamente
minimiza custos e otimiza resultados.