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Carreira / Emprego - Desligamento da empresa pode significar recomeço  

Data: 13/11/2008

 
 

Apesar de parecer uma ameaça ao planejamento de carreira de muitos, ser dispensado durante uma reestruturação também pode representar uma conversão positiva na vida profissional.

O engenheiro Giovanni Spelta, 40, sempre quis dar aulas, mas nunca pôde assumir a vocação integralmente. Atuava como gerente de processos de produção havia dois anos quando seu setor foi extinto durante uma reestruturação da empresa no final de 2001.

Ele resolveu, então, aproveitar o mestrado e a breve experiência como docente para retomar sua vontade antiga. Hoje, além de dar aulas, atua como consultor.
"Quando fui cortado, pensei que era velho demais para começar outra carreira, mas foi a oportunidade de fazer o que gostava."

Esse redirecionamento é questão de projeto de vida, na opinião do consultor Gilberto Guimarães, da BPI. "O profissional precisa ter profundo conhecimento de si mesmo, gerenciar a carreira como um negócio, investir em experiência e enriquecer a network - rede de contatos pessoais", completa Gutemberg de Macedo, 57, da Gutemberg Consultores.

E não é preciso esperar pela hora da guilhotina para fazer essa auto-análise. "O melhor momento é no auge da carreira, quando a pessoa sente que vale mais", afirma a consultora Matilde Berna.

Foi o que fez Paulo Luz, 51. Enquanto a empresa passava por uma reestruturação, não esperou pelo cartão vermelho. "Pedi demissão depois de 22 anos. Queria desenvolver outras potencialidades e senti que não teria espaço."

Hoje está abrindo sua própria consultoria em recursos humanos. "Aproveitei minha experiência e os contatos que fiz", afirma.

Depois da demissão, o melhor que se pode fazer, dizem os especialistas, é continuar tocando os projetos e não se acomodar ou se deixar contagiar pelo desânimo.
Para isso, vale pesar as competências e o conhecimento acumulado para definir que tipos de empresas podem ser potenciais empregadoras. Além de todos esses fatores, consultores enfatizam a importância da atualização para se manter "empregável".

Essa foi a opção de Nicolino Eugênio da Silva Junior, 40, desligado de uma empresa onde trabalhou por oito anos. "Encarei a demissão como uma oportunidade. Não poderia voltar ao mercado da mesma maneira que saí", conta Junior, que aproveitou os sete meses "de molho" para pensar sobre sua carreira, reciclar conhecimentos e se dedicar mais à família.

A tática deu certo. Junior conseguiu outro emprego na mesma área e com o mesmo salário. Agora se prepara para encarar um MBA (Master in Business Administration). "Tudo depende da disposição do profissional diante do problema", arremata.



 
Referência: Aprendiz
Autor: Folha de S. Paulo
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