Carreira / Emprego - Melhor saída para superar gafes é ter calma
Quem nunca se deparou com uma situação constrangedora no trabalho, seja ela
uma gafe cometida com colegas -como perguntar sobre a gravidez e ouvir um sonoro
"não estou grávida"-, seja presenciar os gritos de um chefe que se sentiu
contrariado?
Na avaliação de consultores de recursos humanos que auxiliam funcionários a
superar problemas de convivência no trabalho, situações como essas são comuns no
dia-a-dia de profissionais e têm apenas uma solução: manter a calma e dar a
resposta certa, na medida do constrangimento. O que não é uma tarefa fácil.
"Tudo começou com uma brincadeira", conta Rodrigo Akira Matsubara, 23, analista
de negócios da Dextron Management Consulting. O cenário era ideal -ele era
estagiário e estava prestes a ser contratado-, mas as celebrações de final de
ano pregaram-lhe uma peça: um colega avisou-o de que os sorteios seriam feitos
para um "inimigo-secreto".
Na brincadeira, sorteou justamente a sócia que avaliaria a sua contratação.
Zombador, Matsubara preparou para a chefe um pacote com uma bucha de banho e um
xampu "bem vagabundos".Durante a festa, contudo, veio a surpresa: os outros
colegas trocavam presentes de "bom gosto".
"Na hora, tentei dizer que ela era uma boa pessoa e exaltá-la. Não dava para
saber se estava nervosa. Depois, comprei um urso de pelúcia cinco vezes mais
caro que o valor estabelecido para o presente. Acho que não há rancores", cogita
o então estagiário, que se viu obrigado a pedir desculpas pelo desentendimento e
foi, por fim, efetivado pela supervisora.
A produtora Carolina Scheffer, 26, também coleciona situações semelhantes da
época em que trabalhava para o grupo RBS.Tendo engordado alguns quilos após um
encerramento de filmagens, encontrou ex-colegas de trabalho e uma delas
perguntou se Scheffer estava grávida.
Além das gargalhadas do grupo, a resposta da produtora demonstrou bom humor e a
verdadeira razão do "excesso" da barriga: "Vou ganhar uma Norteña [cerveja
uruguaia] de um litro".
A ironia e o sarcasmo, contudo, nem sempre são a melhor saída para essas
histórias. Em muitos casos narrados por consultores, o desenrolar dos
constrangimentos pode comprometer a carreira de profissionais, sobretudo dos que
estão em posições de chefia.
"As situações contadas por nossos clientes são das mais variadas", diz a
consultora Liana Artissian, da Lacre, firma especializada em comportamento
profissional.
Artissian exemplifica o caso de um vendedor que, ao visitar um cliente de uma
grande empresa, foi diretamente conduzido à sala da diretoria. O diretor, que
escrevia, não olhou para o vendedor, que decidiu sentar-se. Ao fazê-lo, o
cliente disse que não havia dado permissão para que sentasse.
O psiquiatra Dácio Bonoldi Dutra, 53, do Grupo Ser Consultoria, descreve
situações ainda mais agressivas: uma nova gerente, que se reportava a um diretor
recém-empossado, discordou sutilmente de suas ordens. Este, num surto, atirou um
peso de papel na estante, gritando com a funcionária.
"Ela ficou tão assustada com a reação do diretor que não conseguia nem falar. Às
vezes, é necessário conformar-se com determinadas situações e pessoas", diz.
Especialista na área financeira, Lucas de Souza Eberhardt, 20, é outro que não
se esquece de um momento constrangedor com uma de suas colegas.
Com fama de paquerador, ele afirma ter flertado com uma funcionária homossexual,
que respondeu ao seu "convite" com a frase "para conversar comigo, você vai ter
que colocar uma saia". Ele diz ter saído do imbróglio com diplomacia e nega ter
sentido vergonha: "Eu ia falar o quê?".
Em muitos casos, para evitar circunstâncias como essa, as empresas adotam um
código de conduta (também chamado de código de ética), em que restringem a forma
como os profissionais devem agir.
Referência:
Folha de S.Paulo
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