Uma das maiores reclamações das empresas atualmente é a perda de
profissionais. Com o mercado de trabalho aquecido, a prática tem se tornado cada
vez mais comum. Mas, afinal, por que as pessoas pedem demissão?
Para a diretora-executiva da Ricardo Xavier Recursos Humanos, Izabel de
Almeida, são vários fatores que influenciam na decisão de trocar de emprego.
Segundo a especialista, as pessoas mudam de trabalho porque ficam desmotivadas.
Um dos aspectos que mais desmotivam dentro das empresa é a falta de clareza
sobre a política de carreira e o clima organizacional. “O clima ruim, de
injustiça e de inveja afeta a saúde do profissional. Em busca de melhor
qualidade de vida, as pessoas mudam de emprego”, explica.
Ela ressalta ainda como impulsionador da demissão o assédio moral, praticado
pelos gestores, além da hostilidade dos colegas. Também influencia na decisão
receber uma remuneração não compatível com o mercado.
Modelo de gestão
Já o sócio-diretor e fundador da consultoria de gestão Muttare, Tatsumi
Roberto Ebina, afirma que as empresas continuarão perdendo profissionais, se não
reavaliarem seu modelo de gestão. “As pessoas mudam de emprego e os problemas na
nova empresa continuam. Esta situação fica se repetindo”.
Ele explica que todos os profissionais buscam a realização, que é uma
característica natural do ser humano. Entretanto, o modelo de gestão de muitas
empresas, ao invés de impulsionar, impede o crescimento do profissional.
Ele exemplifica citando uma empresa que tem dez excelentes analistas e apenas
duas vagas para cargo de gestor. Se a empresa promover apenas dois, ela
desestimulará os oito restantes. De acordo com Ebina, o ideal seria que a
empresa desse oportunidade para todos. Esta gestão é conhecida por modelo de
gestão desentralizada, cuja estrutura é horizontal.
“As empresas criam mecanismos que impedem que o profissional cresça. As
pessoas desejam evoluir, se elas encontrarem um lugar que permita isso, que seja
fértil, elas ficam na empresa”.
Para Ebina, o modelo tracional é ruim também em outro aspecto, o da
competição, já que, à medida que o profissional cresce hierarquicamente, os
cargos vão se afunilando e, para ser promovido, ele tem de competir com os
colegas. Esta situação impede que os profissionais trabalhem em conjunto para
alcançar o sucesso.
Líder
Outro problema apontado por ele são os líderes atuais. Para ele, as empresas
sofrem uma crise de líderes, pois muitos deles estão preocupados somente com a
sua realização profissional, de maneira egoísta, e se esquecem da equipe.
“O líder deve ser um impulsionador do profissional, para que ele possa
crescer. As pessoas querem desafios diários e não receitas prontas de como
fazer. O líder tem de despertar o que o profissional tem de melhor. Por isso,
este modelo tem de ser repensado”, finaliza.