Se antigamente as organizações consideraram as chefias apenas canais para
delegar ordens e cobrar resultados, com o fenômeno da Globalização a realidade
corporativa mudou completamente. A prática comprova o fato, basta apenas prestar
um pouco de atenção, pois não são poucos os exemplos de empresas que investem no
desenvolvimento técnico e comportamental dos gestores. Os benefícios se traduzem
através de lideranças preparadas a trabalhar com pessoas, entender as equipe e,
conseqüentemente, alcançar resultados positivos que atendam as expectativas do
negócio e garanta a competitividade da companhia diante de um mercado altamente
competitivo e em constante transformação.
As companhias que apostam na filosofia de líderes humanizados, capacitados e
parceiros das equipes sentem o retorno e não dá para afirmar o contrário. O Ecad
(Escritório Central e Arrecadação e Distribuição), por exemplo, tem direcionado
investimentos concisos para o desenvolvimento dos líderes em várias vertentes.
Na organização, a área de Recursos Humanos foi criada há dez anos e de lá para
cá possui um papel fundamental para a formação dos colaboradores.
O Ecad é a instituição criada pelas associações de música para representar os
seus associados (compositores, intérpretes, músicos, editores e produtores
fonográficos), denominados “titulares de música”, no que se refere à cobrança e
distribuição de valores referentes ao direito autoral de execução pública. Conta
com 23 unidades, aproximadamente 600 funcionários, 150 agências autônomas e mais
de 50 escritórios de advocacia terceirizados.
Segundo Janaína Araújo, gerente executiva de RH, o propósito da criação da
área de Recursos Humanos foi exatamente o de investir nas pessoas e implantar
uma cultura que vê nas pessoas fundamentais para o alcance dos resultados. Para
se ter uma idéia, hoje, todos os líderes já vivenciaram e passam por um processo
contínuo de desenvolvimento através de treinamentos internos e externos. Um fato
que também motivou o Ecad a adotar iniciativas tão direcionadas para os
gestores, foi desenvolvê-los e retê-los, cada vez mais. Dessa forma, a empresa
conseguiria alcançar resultados ainda melhores.
“Fazem parte de nossa estratégia para retenção e desenvolvimento dos talentos
na organização ações como programas de treinamento, atividades que visem a
qualidade de vida dos funcionários, convenções gerenciais, plano de sucessores e
pesquisas salariais de mercado. Queremos estar atentos ao que o mercado vem
praticando, para atrairmos talentos que possam colaborar com o nosso
desenvolvimento”, afirma Janaína Araújo.
Esse trabalho, por sua vez, tem sido evidenciado e alcançado através da
correta adequação dos perfis às funções existentes, da renovação das equipes
aliada ao desenvolvimento dos talentos internos e da aplicação dos instrumentos
de integração e motivação dos profissionais. Mas como a proposta da empresa
funciona no dia-a-dia? A gerente executiva de RH comenta que a organização
trabalha com relatórios gerenciais que funcionam como indicadores para o auxílio
na tomada de decisões.
“Temos também a preocupação de investir no aumento da velocidade das
informações para toda a instituição. Nesse sentido, disponibilizamos para todos
os funcionários treinamentos à distância e um sistema de avaliação de desempenho
por competência on-line”, relata, ao acrescentar que dentre os diversos projetos
da área de Recursos Humanos, destacam-se vários focados exclusivamente para os
gestores.
Nesse sentido, foram criados o PDE – Programa de Desenvolvimento dos
Executivos, que tem a finalidade de proporcionar coaching individual,
atividades de qualidade de vida, cultural e de desenvolvimento profissional e
pessoal ao corpo de executivos da instituição. Já o PDG – Programa de
Desenvolvimento Gerencial, tem como base atividades de desenvolvimento
profissional e pessoal ao corpo de gerentes de unidades do Ecad.
Na seqüência dos investimentos para os líderes, encontram-se:
- A avaliação de desempenho por competência (informatizada), que é aplicada para
identificar o grau de conhecimento que cada colaborador possui em relação às
competências requeridas pela instituição, proporcionando assim, subsídios para
investimento em T&D;
- Cursos de curta duração internos e externos de Gestão de Pessoas, técnico, bem
como comportamental. Essas atividades capacitam, reciclam e desenvolvem os
colaboradores do Ecad;
- Graduação e pós-graduação, Encontro de Coordenadores e Encontro Técnico das
Áreas.
Mas, os investimentos não param por aí, pois o Ecad realiza convenções
gerenciais, para: promover a integração e a troca de experiência de todas as
gerências; premiar os destaques do ano; treinar e motivar as lideranças; bem
como divulgar as metas anuais. “Temos a prática de promover reuniões gerenciais,
para planejar e divulgar o planejamento estratégico do Ecad. Fazemos a revisão
do Plano de Cargos e Salários e nesse sentido realizamos uma pesquisa de mercado
e revisar a estrutura de cargos e salários aplicada, além de promovermos a
análise do crescimento de cada colaborador da instituição”, sintetiza Janaína
Araújo.
Quando indagada se a participação dos gestores é opcional nas atividades, a
gerente executiva explica que os treinamentos institucionais - que fazem parte
do plano de carreira de determinada função - são obrigatórios, já os demais são
realizados através do interesse de cada líder. Mesmo assim, a organização
percebe que até os opcionais possuem alto índice de participação. Inclusive, o
próprio Ecad já observou que todas as ações são consideradas pelos gestores como
uma forma de investimento – pessoal e profissional – principalmente, como sendo
uma grande oportunidade de desenvolvimento.
Em relação aos benefícios que o investimento nas lideranças proporciona à
empresa, Janaína Araújo destaca: evidência de um clima organizacional adequado;
aumento nos resultados operacionais da empresa; qualidade nas tarefas
desenvolvidas; melhora na qualidade do atendimento prestado; baixo índice de
turnover e orgulho dos profissionais em trabalhar no Ecad. “Os gestores
participam de forma engajada e motivada. Os treinamentos e as ações de
desenvolvimento são oferecidos pela área de RH e todos participam com total
comprometimento”, comemora a gerente executiva.
As mudanças – Como acontece em qualquer outra organização, quando se
realiza um trabalho bem estruturado, é comum que ocorram mudanças internas e no
caso do Ecad, por exemplo, não foi diferente. Quando a empresa passou a investir
maciçamente nos líderes observou-se uma inovação positiva nas relações
líderes-liderados. Na visão da empresa, ações de treinamento tanto técnico
quanto comportamental trazem bons resultados para todos.
E a rotina corporativa do Ecad mostra que a partir desses investimentos os
gestores passaram a contar com equipes bem preparadas e essas, por sua vez, a
contar com lideranças com características mais apuradas e desenvolvidas. No
final, todos ganharam: líderes, empresa e equipes.
Mesmo que o retorno proporcionado pelas ações serem visíveis, a área de RH
tem a preocupação de realizar um acompanhamento contínuo dos executivos, da
avaliação de desempenho por competência e dos resultados obtidos após o
investimento nos líderes. Além disso, a área de RH proporciona um canal aberto e
informal a todos. Isso possibilita estímulo a feedbacks constantes sobre
as ações propostas na organização.
Vale ressaltar que a empresa adotou a avaliação de desempenho por
competência, por acreditar que essa é uma grande oportunidade de dar feedback,
o que acabou resultando em melhoria da performance e uma destacada qualidade do
trabalho desenvolvido pelos gestores. Além, disso, essa ferramenta foi a que
mais se enquadrou à realidade da organização, por possibilitar momentos de
reflexão, análise de comportamento, atitudes e metas, entre líder e liderado.
Ao ser questionada se o trabalho focado nos gestores causou algum tipo de
impacto, uma vez que isso mexeu com a zona de conforto das pessoas, a gerente
executiva de RH, responde afirmativamente. “A maioria dos gestores sentiu um
impacto, até mesmo por estarem na zona de conforto. Programas como os já
citados, fizeram com que muitos refletissem sobre suas carreiras e posturas,
atitudes de liderança como formação acadêmica, tomada de decisão, relacionamento
com clientes internos e externos, atingimento de metas, entre outros fatores.
Tudo isso foi realizado com o acompanhamento direto da área de RH, nos aspectos
psicológico-comportamental e técnico”, enfatiza.
Por fim, Janaína Araújo diz que para a Gestão de Pessoas é fundamental o
investimento nas lideranças, porque o retorno é refletido no bem-estar e na
capacitação da equipe. “As pessoas são de suma importância para alcance dos
resultados da empresa. A área de Recursos Humanos é percebida na empresa, pelos
gestores, como uma área estratégica e que valoriza o potencial humano. Por isso,
está diretamente ligada à superintendência executiva”, conclui.