Os investidores, em geral, ainda são persuadidos pelos gerentes comerciais
das administradoras de fundos de investimento, quanto à rentabilidade de seus
produtos e sua importância na tomada de decisão do investimento. Mas, estes
profissionais esquecem de expor de forma transparente e objetiva, os riscos
embutidos na carteira dos fundos. Nunca se deve analisar a rentabilidade de um
investimento sem levar em conta os riscos embutidos.
A pergunta que um investidor deve fazer é: a rentabilidade de meu
investimento está condizente com o risco que estou assumindo? Por exemplo:
considerando a poupança como um investimento sem risco (o mercado financeiro
trabalha com essa premissa), e que oferece uma rentabilidade líquida (na
poupança não há incidência de IR) de TR + 0,5% ao mês, o que representa uma
estimativa de 7,60% no ano de 2001; se você aplica seus recursos em um
investimento que oferece a mesma rentabilidade líquida e possui um risco maior
do que a poupança, então a escolha não foi boa.
O risco de um fundo de investimento depende da composição de sua carteira que
pode apresentar títulos de renda fixa e de renda variável. Bancos, Corretoras e
Administradores Independentes utilizam tecnologia e pessoal altamente
qualificado para identificar no mercado boas oportunidades de investimento para
compor a carteira do fundo. Muitas instituições fazem análises e controles de
risco rigorosos. Portanto, existe toda uma estrutura por trás de uma gestão de
fundos de investimento. Mas como tudo, existem os bons e os maus
administradores, por isso, o investidor deve ser cauteloso na hora de aplicar
seus recursos.
Boa parte dos administradores, ainda se sentem preocupados com a divulgação
da composição da carteira de seus fundos, principalmente devido a uma:
1. divulgação de sua estratégia de gestão para a concorrência;
2. análise incorreta da carteira por parte dos seus gerentes comerciais e/ou
investidores;
3. falta de transparência quanto aos riscos embutidos no fundo.
Avaliar o desempenho de um fundo em relação aos outros, como também, entender
a política de investimento do fundo não basta, pois você tem que ser capaz de
dizer quão bem o administrador seguiu a política e qual a consistência de seu
desempenho ao longo de um período. E o risco? Como podemos saber se o risco que
assumimos em determinado fundo está valendo a pena?
Para isso, existem vários indicadores técnicos que podem ser interpretados
facilmente e que são bastante valiosos para uma boa análise do fundo onde deseja
investir. O mais comum, e que vem sendo divulgado em vários jornais e revistas,
é o Índice de Sharpe. Mas, afinal, o que é, e para que serve este índice?
O Índice de Sharpe
Como mencionamos anteriormente, a poupança é um ativo financeiro considerado
livre de risco, e que portanto, qualquer investimento que possui um risco maior
do que a poupança teoricamente deve proporcionar uma rentabilidade melhor. Não
esqueça que estamos falando em expectativa de melhores retornos, e nunca em uma
garantia de melhor retorno, isto por que, o risco envolvido pode proporcionar
maiores ou menores retornos. Pode-se dizer que risco e retorno são
proporcionais, isto é, quanto maior o risco, maior a expectativa de retorno.
Porém, é importante deixar claro que, esta relação não é linear. Ganhos
adicionais de rentabilidade exigirão riscos muito mais elevados.
Para efeito de avaliação de performance, pode-se considerar que a
rentabilidade esperada para determinado investimento é o retorno médio
apresentado pelo investimento no passado. Um conceito importante é o de prêmio
de risco, que representa o retorno de um investimento que excede o retorno de um
investimento considerado livre de risco (no caso, a poupança). Então, como
havíamos falado, quando você assume um risco maior do que o da poupança, você o
faz em troca de uma melhor rentabilidade, que nada mais é que o prêmio de risco.
O Índice de Sharpe mede justamente se o risco que você assumiu em um
investimento foi compensado em maior rentabilidade, isto é, se a performance de
seu fundo está condizente com o nível de risco deste. O índice de Sharpe é uma
medida que permite a classificação do fundo em termos de desempenho global,
sendo considerados melhores os fundos com maior índice.
Então, quando analisamos um fundo, devemos verificar qual a política de
investimento e os objetivos de rentabilidade deste. É importante ter em mãos um
histórico da rentabilidade de pelo menos 6 meses e observar se houve um
comportamento adequado à sua política e objetivo, ou seja, uma consistência nos
resultados. Devemos analisar o índice de Sharpe em um período disponível e
comparar com outros fundos.