Negócios / Empreendedorismo - Mudanças no ambiente corporativo ou morte súbita
1. INTRODUÇÃO
Na virada do milênio haviam os que acreditavam que o mundo iria acabar.
Eles estavam certos.
A data não era importante pois o calendário foi inventado pelos homens, portanto
esta do mundo acabar também é uma invenção.
São suas ações, que vão definir quando vai acabar e se você vai permanecer ou
não no próximo mundo dos negócios. Na verdade você não tem para onde fugir.
Assim sendo, a única opção inteligente é se preparar para enfrentar este desafio
deste excitante mundo real.
O que determinou esta ruptura foram as mudanças radicais nos processos
produtivos, a gestão das fontes de riqueza, os valores, os sistemas de poder,
além de outros.
Como é a cara da nova empresa ?
Esta empresa pode ser vislumbrada pelas seguintes ações e sintomas:
- Linhas de montagem que se desmontam, movem, reorganizam e voltam a operar
rapidamente;
- Escritórios sem divisórias;
- Busca ininterrupta da inovação;
- Mudanças contínuas nos procedimentos, valores e motivações; e ainda
- Conformação dinâmica do ambiente corporativo.
Estamos falando de um futuro presente apoiado em práticas de criação de produtos
e inovação tecnológica, relacionamentos e fidelização com clientes, logística,
marketing, captura e incentivo de talentos humanos, geração de valor para os
diversos interessados, relações com a comunidade e liderança. Tudo isto
ocorrendo a nível local e mundial, simultaneamente. As distâncias são atualmente
vencidas em segundos.
2. AS MUDANÇAS DO AMBIENTE CORPORATIVO/EMPRESARIAL
As mudanças de maior impacto na humanidade acontecem, num primeiro
momento, sem que as pessoas se dêem conta da profundidade. Já foi assim no
passado e está sendo assim novamente. A instabilidade é a nova regra e as
empresas precisam saber lidar com isso. O grande desafio será o de administrar
as incertezas.
Quando se abandonam certas rotinas, o mundo pode parecer ameaçador.
Nossa proposta é alertar sobre a necessidade de arrancar as empresas e as
pessoas dessa zona de conforto, para a realidade onde a turbulência é a nova
ordem.
No livro A Organização do Futuro, da Fundação Drucker, são citadas as principais
mudanças no ambiente corporativo:
- Ele passou de aconchegante a competitivo;
- Era local, virou global;
- As empresas não competem mais com empresas similares a elas, mas com empresas
totalmente diferentes;
- As fronteiras industriais, que eram claras, são incertas;
- No lugar da estabilidade, entrou a volatilidade;
- Em vez de intermediários, importa o acesso direto: a logística tem um papel
cada vez maior;
- Em vez da integração vertical, os especialistas; e
- No lugar da herança simples, a múltipla: a integração da tecnologia química
com eletrônica, mecânica com eletrônica, farmacêutica com moda.
Tudo isso é muito ameaçador, mas é na mesma medida promissor. É fantástica esta
oportunidade de nos realizarmos por inteiro, se mudarmos nossa postura. Teremos,
antes de qualquer outra coisa, parar de reclamar ou reclamar menos e com mais
sabedoria e objetividade e nos dedicarmos a estudar, trabalhar e rezar mais.
Seguramente o hoje está melhor que o ontem e o amanhã estará melhor que o hoje.
Não podemos nos esquecer de agradecer ao CRIADOR, esta evolução.
3. CARACTERÍSTICAS PARA SOBREVIVÊNCIA DAS EMPRESAS
A existência de uma empresa pressupõe que ela tenha um mercado, um
produto ou serviço a oferecer, e meios para produzir e atender seus objetivos
sociais.
Ao longo do tempo, sobreviver e prosperar significa adaptar-se e mudar, em
períodos de tempos cada vez mais curtos.
Neste contexto ganha importância um conjunto de características, qualidades
intangíveis, difíceis de serem definidas, que permitem que as empresas
sobrevivam às mudanças.
As qualidades mais importantes para prosperar num mundo instável são:
A Virtualidade: um dos principais símbolos da revolução corporativa do novo
milênio é a demolição das fronteiras nas empresas.
A permeabilidade é a primeira característica da empresa virtual. Será cada vez
mais difícil dizer onde termina uma empresa e onde começa outra, se você
trabalha em desenvolvimento de produtos, produção, marketing, vendas ou
contabilidade. Essa empresa virtual, que pode erguer e destruir paredes,
construir pontes, tem a enorme vantagem de ser grande ou pequena ao mesmo tempo.
No limite, a empresa pode se tornar efetivamente virtual, ou seja, imaterial.
Nesse caminho não estamos falando apenas da terceirização. As vezes, o trabalho
é realizado pelo próprio cliente, como por exemplo o que ocorre com nos caixas
automáticos e nos “self services”.
Outra característica da virtualidade é a transparência, que passou a ser
precondição de sobrevivência. Toda ação ou informação deve ser publicável.
A Conectividade: As empresas vão ter que migrar da infra-estrutura para a
extra-estrutura. Em outras palavras, vão ter que se conectar.
O que define a importância de uma empresa é qual nó da rede ela ocupa, que
processos passam por ela, a quantos mercados, empresas ou clientes ela se
conecta.
Criar essa integração é mais ou menos como entender a filosofia de trabalho em
equipe para fora da empresa. Alianças e parcerias serão o principal negócio de
todas as empresas, em qualquer ramo.
Negócio e empresa: é importante para nós neste momento, repensarmos estas duas
palavras. Sempre tivemos nosso pensamento atrelado à palavra empresa. Doravante
a sintonia será com a palavra negócio. São coisas distintas, muitos não haviam
se percebido disto. Pelo vício, continuaremos utilizando neste trabalho uma
palavra só, que é empresa, más fiquem por favor atentos à diferença.
Igualmente estivemos em todo o nosso passado conectados à palavra emprego. No
nosso dia-a-dia futuro as palavras de ordem serão trabalho e empreendedorismo.
Adaptabilidade: A idéia de adaptação de uma empresa se espelha no conceito de
evolução das espécies. Só sobrevivem aquelas que conseguem se adequar as
mudanças do meio ambiente. Ser adaptável é estar preparado para as mudanças.
As pessoas estão constantemente fazendo planos, ou criando cenários e as
lembranças desses planos e cenários tem para o cérebro a mesma natureza das
memórias dos acontecimentos passados. Não vivemos do passado, porém, o passado
vive em nós. A forma mais efetiva de criar memórias do futuro é o
desenvolvimento de cenários.
Segundo Michael Hammer, “O segredo do sucesso não é prever o futuro mas, criar
uma organização que prosperará em um futuro que não pode ser previsto”.
Houve um tempo em que se acreditava que planejar-se para o futuro era
simplesmente extrapolar as linhas dos gráficos para os anos seguintes. Nesse
ambiente instável, esse futuro linear não chega nunca.
Rapidez: As empresas vão ter que mudar estratégias mais rapidamente, acelerar o
ciclo de desenvolvimento dos produtos, ser muito mais próximas das expectativas
e necessidades dos clientes, pois eles também tem pressa.
Uma conseqüência prática é que os ciclos de desenvolvimento de produtos tem que
ser feitos em equipe. Portanto a minha recomendação é: uni-vos.
Outra forma de ser rápido é estar conectado. As mercadorias irão direto do
fornecedor para o consumidor final, independentemente de onde ele fisicamente
estiver, ao redor do mundo.
Em um mundo em que o bem mais importante é o conhecimento, rapidez adquire valor
de mercado.
Consciência: Fazer algo que é comprovadamente bom para qualquer empresa, em
qualquer situação, não é estratégia. É obrigação. Ter estratégia é escolher algo
que você sabe e quer fazer. É seguir o seu caráter.
Empresa nenhuma poderá ser otimista quanto ao seu futuro se não tiver um passado
conscientemente bom. E não poderemos nos esquecer que seremos muito mais
“fotografados” do que imaginávamos.
A empresa como entidade social precisa demonstrar sua disposição de atender aos
anseios da sociedade num verdadeiro processo de accountability.
Emotividade: Num mundo em que o relacionamento é mais importante do que o
produto, ou melhor, em que o relacionamento faz parte do produto, não há que
deixar a emoção de fora. Num mundo dominado pelo conhecimento não pode haver uma
oposição entre razão e emoção. A emoção confere valor às situações, e sem esse
valor não há como diferenciá-las.
A emoção serve, portanto, como um orientador da razão. As pessoas com
deficiência emotiva normalmente tem dificuldades para decidir; as opções ficam
infinitas.
Inovação: De todas as qualidades que uma empresa deve ter, é esta a mais
importante: a capacidade de inovar. É isso que faz uma empresa merecer este
nome. No momento de sua criação, há uma proposta. Inovar é recriar essa
proposta, de acordo com as novas condições do mercado. Quanto mais mudanças há
no mercado, e é disso que é feita a realidade, maior é a exigência da inovação.
Todas as qualidades são essenciais, mas para acompanhar, aproveitar, reagir às
mudanças, inovar é estar um passo a frente.
Parece óbvio que a capacidade de inovar seja uma constante nossa. A realidade
não é bem esta e nem é tão simples. Exigirá esforços. O desafio está aí.
A busca da inovação deve ser feita com uma política consciente, rápida, virtual,
conectada, emotiva e adaptável. A inovação não pode ser deixada ao acaso.
4. A GESTÃO DOS ATIVOS ESTRATÉGICOS COMO FERRAMENTAS EFICAZES DE ADMINISTRAÇÃO
4.1. CONSIDERAÇÕES GERAIS
Primeiramente, precisamos entender que gestão é uma função delegada, que deve
ser exercida pelos administradores com o máximo rigor, zelo e probidade, que
estuda as relações da empresa com o meio ambiente e os sistemas de controles
internos, segurança das organizações e o seu desempenho social, econômico e
financeiro.
4.2. GESTÃO DO CONHECIMENTO
É orientar a empresa inteira para produzir este que é o bem mais valioso da
economia, descobrir formas de aproveitá-lo, difundi-lo, combiná-lo e lucrar com
ele.
Em cada caso particular, as empresas vão ter que escolher qual o tipo de gestão
do conhecimento que usarão – o segredo ou a cooperação. Na maioria dos casos,
será necessário um misto dessas duas formas.
Guardar o conhecimento (segredo) para si faz sentido, quando ele é matriz de um
produto ou serviço ou quando se quer um reforço da hierarquia.
Disseminar conhecimentos (cooperação) significa “poder”, embora muitas vezes se
pense ao contrário.
Quanto mais conhecimento você divide com os outros, mais você o multiplica e
maior é o seu retorno.
Através deste processo, poderão ocorrer os seguintes resultados:
- Novas tecnologias podem se tornar padrão mundial.
- Arregimentação de uma rede de fornecedores.
- Atração de clientes que ajudem a planejar o produto que querem.
4.3. GESTÃO DA IGNORÂNCIA
É o processo de identificar as coisas mais importantes que a equipe não sabe e
projetar uma política que ajude a reduzir essa ignorância a um nível que permita
avanços e inovação.
Na atividade profissional ocorre o mesmo evento presente na atividade esportiva.
Se exigirmos desenvoltura no futebol para um campeão de tênis, a ignorância /
falta de habilidade se mostrará prontamente. O mesmo ocorrerá tentando fazer o
inverso. Cabe lembrar que o CRIADOR deu a cada ser humano dez “pitadas” de
saber, até mesmo para os que consideramos mais ignorantes. Cada um de nós é
ignorante para muitas coisas e possuidor de conhecimentos impares para outras.
Para atingir um alto grau de inovação, as empresas precisam deixar um pouco de
lado a gestão do conhecimento, investir na gestão da ignorância e saber “armar”
o time. No futebol, por exemplo, o objetivo do goleiro não poderá ser goleador.
Experiências são grandes ferramentas da gestão da ignorância.
4.4. GESTÃO DAS MUDANÇAS
É o processo que acelera a aplicação do conhecimento, vencendo os medos e a
resistência à inovação.
Na organização do conhecimento o poder está, por definição, investido em cada
nível da empresa (pois são todos trabalhadores de conhecimento). É isso que faz
a empresa enxuta e flexível. Cria-se uma forte cultura de liderança e autonomia,
onde as estruturas se horizontalizam, os resultados se baseiam em processos, os
times se tornam multifuncionais e há incentivos para uma gestão participativa,
lastreada na transparência das ações. Derruba-se, desta forma, o mito que o
poder ser concentra no topo da pirâmide de decisão, porque o conhecimento esta
disseminado por toda a estrutura.
O poder se fortalece através da informação, que processada leva ao conhecimento,
que por sua vez gera ações.
4.5. GESTÃO DA INFORMAÇÃO
A informação representa, sem dúvidas, um instrumento de poder.
Os indivíduos tem que dar poder a si mesmos. Isto representa liderança, e o
verdadeiro líder é aquele que é capaz de liderar a si próprio.
A informação contribui decisivamente para que as pessoas tomem novas direções,
arrisquem as suas carreiras para chegar a uma nova visão, porque toda mudança é
uma mudança pessoal.
Não é demais ressaltar que a informação é um conjunto de elementos ordenados,
capazes de gerar conhecimento, que por sua vez se transforma em ações.
Um dos instrumentos para gerar as informações é o controle interno exercido
através da Contabilidade. Aliás a Contabilidade é a base para a própria
informação e controle. A Contabilidade, funcionando como uma espécie de máquina
fotográfica destinada às pessoas jurídicas, é o único instrumento que em apenas
alguns poucos quadros mostra toda a realidade das empresas.
A responsabilidade desta é dotar os tomadores de decisões, de instrumentos
capazes de melhorar o processo decisório, também conhecida como Contabilidade
Gerencial.
Surge aqui, o conceito de que o poder está distribuído e ao mesmo tempo
concentrado, em quem detém informações.
Reforça-se também o conceito de accountability, embora não possamos traduzir
literalmente esta palavra, podemos dizer que ela representa uma obrigação de
prestar contas da realização de um trabalho decorrente de responsabilidade
assumida em decorrência de uma delegação.
Podemos conceituá-la como sendo a “conscientização ou responsabilidade de alguém
prestar contas do que fez, durante o período em que foi mandatário do poder de
fazer algo por delegação de outrem. Representa assim um compromisso ético e
legal de responder por uma responsabilidade delegada, e não uma mera prestação
de contas – é obrigação.
Ela é aplicável em qualquer âmbito de atividade, porém é na área pública onde
este conceito assume proporções mais amplas. Aos administradores e demais
agentes compete a obrigação de prestar contas com a sociedade, de maneira fiel,
justa e transparente. A accountability possui uma relação direta com a atividade
de auditoria, pois cabe a primeira a obrigação de prestar contas e a segunda a
verificação se esta obrigação foi adequadamente cumprida pelo delegado
(responsável) para com o delegante.
Nesta esteira, surge outro instrumento eficaz que auxilia o processo de controle
– a Auditoria. Na realidade são duas: Auditoria Interna e Auditoria Externa ou
Independente.
A Auditoria Interna funciona como controle gerencial, que mede e avalia a
qualidade da gestão e demais controles da empresa. Faz um controle que na
realidade o dono da empresa gostaria de fazer, se tivesse tempo e soubesse como
fazê-lo. Sua praticabilidade é significativamente evidenciada nas empresas com
unidades descentralizadas, operando dentro e fora do território nacional em que
se encontra a sede ou administração central.
O Contador Público Certificado, como é chamado no exterior, é o que conhecemos
como Auditor Externo ou Independente. Seu objetivo é o exame das demonstrações
contábeis da empresa cliente e emitir parecer.
O Planejamento Estratégico, associado ao Orçamento de Investimentos, Orçamento
de Operações e subseqüentes acompanhamentos mensais do Orçado/Previsto X
Realizado, é ferramenta primordial. Essas peças, em seu conjunto, formalizam o
comprometimento de todos nós e avalia nossos esforços.
É meu objetivo que todos os nossos empreendimentos sejam lucrativos e venham a
produzir um Brasil cada vez melhor, para nós mesmos e nossos entes queridos.
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