Negócios / Empreendedorismo - Conheça a diferença entre o empreendedor nato e o empresário comum
Na década de 80, a ONU (Organização das Nações Unidas) realizou uma pesquisa e
descobriu que entre 3% e 5% da população nasce com uma grande propensão para se
tornar grande realizadora. Estamos falando dos empreendedores francos, que, ao
contrário dos empresários comuns, são extremamente criativos e inquietos.
A explicação é do empresário e especialista em empreendedorismo, Luiz Fernando
Garcia. Em seu livro, intitulado "O inconsciente na sua vida profissional", ele
conta que, dos bilionários do planeta listados pela revista Forbes, metade não
chegou a cursar uma universidade.
"Embora morando em países distintos, contudo, eles obedecem a um mesmo padrão de
comportamento. Essas pessoas teriam personalidade empreendedora, enquanto as
demais pessoas poderiam, no máximo, desenvolver uma conduta empreendedora. A
primeira diz respeito à carga genética e aos estímulos de criação, enquanto a
conduta empreendedora corresponde a características que podem ser
desenvolvidas", cita o especialista no livro.
A história de vida do empreendedor
De onde vem a inquietude interna do franco empreendedor, essa curiosidade
difícil de saciar? De acordo com estudos, via de regra, os empreendedores
francos sofreram algum tipo de rejeição por parte de pai, na primeira (até os
dois anos) e na segunda infância (dos dois aos sete anos).
"Sem a rejeição, o empreendedor não tem a insegurança suficiente para buscar um
caminho autônomo. Todo franco empreendedor é inovador, porque carrega dentro de
si uma destruição criativa. E ele inova justamente por sentir necessidade de se
destacar. O indivíduo que teve aceitação em demasia na família se torna
dependente de tudo, do emprego fixo, dos estudos", explica Garcia.
O problema é que os empreendedores francos podem ser funcionais ou
desfuncionais. O desfuncional é viciado em abrir negócios. Ela abre e fecha
várias empresas e não consegue montar um legado. Geralmente, são aqueles que,
além da rejeição do pai, tiveram uma mãe pouco controladora e atenciosa, ao
contrário do funcional. "Estamos falando de pessoas com pouca habilidade de
manutenção, mas boas na largada".
Uma pessoa na encruzilhada
"Ao longo dos últimos 15 anos, pude identificar, entre os mais de 4 mil
empresários e dirigentes de empresa com os quais tive contato, vários
empreendedores francos que, de fato, se complicaram na vida por causa desse
inexplicável sentimento de insatisfação".
O psicanalista holandês Manfred Kets de Vries escreveu um texto que se tornou
referência sobre o comportamento dos empreendedores francos, intitulado
'Personalidade empreendedora: uma pessoa na encruzilhada'. Nesse texto, ele
lembra que o sucesso de empreendedores tem um inegável componente de
fragilidade: está o tempo todo sob ameaça", relata Garcia, em seu livro.
A boa notícia é que existem formas de trabalhar essa desfuncionalidade:
- Estabeleça vínculos afetivos verdadeiros: por mais absurdo que possa
ser, isso traz mais foco e necessidade de estabilidade ao empreendedor;
- Pratique esportes cinco vezes por semana, com o objetivo de reduzir a
ansiedade;
- Procure ajuda terapêutica. Por exemplo, fazer acompanhamento com um
psicoterapeuta ou apostar no autoconhecimento, por meio de leitura de
livros. O objetivo é trabalhar aspectos da personalidade do indivíduo;
- Desenvolva a espiritualidade: ter uma crença religiosa, acreditar em uma
força superior e reunir-se com outras pessoas em torno dessa crença ajudam a
combater a tendência ao materialismo que costuma ser encontrada entre
francos.
|