A forma de deixar de gastar, assumindo dívidas, e passar a investir no
mercado
Organizar as finanças e eliminar as dívidas são os primeiros passos de quem
deseja tornar-se um investidor. No entanto, apenas cortar gastos supérfluos e
traçar metas de poupança não conduzem o consumidor ao mercado financeiro. É
preciso mais. Ter sonhos é o ponto mais importante. Com eles, planejamento e
determinação transformam-se em aplicações bem sucedidas. Uma parcela
significativa da população tem dívidas, o que compromete o início da formação de
poupança. Outra, que não consome crédito, também enfrenta dificuldades para
iniciar investimentos. O problema comum aos dois grupos é a preferência pelo
consumo imediato. Para mudar, é preciso renunciar.
Segundo a consultora Glória Maria Pereira, consumidores que não possuem dívidas
e também não conseguem poupar desconhecem os conceitos positivos do lucro e
acreditam que a rentabilidade da caderneta de poupança é insuficiente. "Outra
característica comum dessas pessoas é viver com poucos desafios, sem sonhos. É
comum funcionários públicos terem este perfil. Gastam exatamente tudo o que
recebem, não sonham com uma aquisição de maior valor e, por isso, não poupam.
Podiam ter uma vida mais desafiadora. No entanto, se contentam com o que possuem
no presente porque têm a certeza de receber o próximo salário", explica. Segundo
Glória, o dinheiro é o caminho para a realização de sonhos, que por sua vez
motivam o aplicador a perseguir uma meta.
Pior do que gastar todo o salário e não investir é consumir mais do que tem.
Segundo pesquisa da Federação do Comércio do Estado de São Paulo, o número de
endividados aumentou para 67% em agosto. Em julho, os devedores somavam 57%.
Este é o índice mais alto desde dezembro de 2004, quando 70% dos entrevistados
afirmaram ter algum tipo de dívida. Mesmo nestes casos é possível transformar
dívidas em investimentos, desde que haja interesse.
- Todos devem aprender a linguagem do dinheiro, que não funciona sem os
seguintes verbos: fazer dinheiro, negociar, lucrar, poupar para realizar sonhos
e investir. Uma pessoa acostumada a ter dívidas pode até quitar o que deve, mas
em seguida estará novamente endividado. É uma questão de estilo. Muitos afirmam
precisar do crédito para poder consumir. Existe uma dinâmica que move o
endividado que precisa ser assimilada antes da mudança acontecer. Cerca de 95%
dos que aprendem a lidar com o dinheiro passam a investir - afirma Glória, que
revela que os outros 5% dos consumistas são casos patológicos e necessitam de
tratamento clínico.
Investir 20% da renda mensal é uma das dicas para quem deseja iniciar-se no
mundo das finanças. Aos que não possuem o hábito de poupar regularmente, a
consultora Lilian Gallagher indica o débito automático em conta. Os grandes
bancos oferecem o serviço gratuitamente e, na data escolhida pelo investidor,
direcionam uma quantia pré-determinada para a aplicação.
Sete passos para por em ordem as finanças
1. Decida-se, de verdade, a planejar sua vida financeira. Para tornar essa
empreitada mais saborosa, defina objetivos para esse esforço: aposentadoria,
educação dos filhos, uma viagem espetacular, a compra da casa própria ou de um
carro. Estabeleça as prioridades e prazos realistas para alcançar cada meta.
2. Nesse processo é fundamental conhecer as despesas e receitas de sua família.
Durante um mês anote rigorosamente todos os gastos e compare com os ganhos. Você
vai se surpreender ao perceber quanto dinheiro está sendo desperdiçado.
Lembre-se que, a partir de agora, cada centavo poupado vai deixá-lo mais próximo
de alcançar seu objetivo. Por isso, não hesite em cortar pequenas despesas.
3. Faça (e agarre-se a ele) um orçamento familiar. Chame sua família para
participar. Peça que façam sugestões de corte de gastos. Explique a necessidade
de diminuir as despesas para que vocês construam uma poupança. Seduza-os
contando o objetivo da tal poupança. Depois disso vai ficar muito mais fácil
convencê-los a pensar duas, três, mil vezes, antes de adquirir um bem de
consumo. Afinal, será que vocês realmente vão precisar dele?
4. Livre-se das dívidas. Os juros que você paga no cheque especial ou no crédito
direto ao consumidor podem virar receita se, em vez de consumir, você aplicar o
dinheiro para comparar à vista mais adiante.
5. Todo mês reserve parte de sua renda para investimento. Antes de fazer
qualquer despesa, aplique o dinheiro. Guarde parte do 130 salário para iniciar
ou reforçar a poupança.
6. Não seja ávido demais. Não tente compensar de um dia para o outro anos e anos
de gastos excessivos. Nem sempre a aplicação que oferece maior rendimento é a
melhor para você. Lembre-se que quanto maior a chance de lucro, maiores também
são os riscos. Portanto, seja sensato e avalie, cuidadosamente, liquidez,
rentabilidade e segurança da aplicação.
7. Procure instituições financeiras de comprovada idoneidade. Fuja daquelas que
prometem lucros extraordinários em curto espaço de tempo. Milagres financeiros
simplesmente não existem.