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Ações / Bolsa de Valores - Divã do investidor: o que define curto, médio e longo prazo no mercado de ações? 

Data: 02/10/2008

 
 
Na busca por maior proximidade com o cotidiano e os questionamentos do investidor, a InfoMoney lançou um canal no Fórum aberto à experiência de investimento de cada um. A primeira matéria relacionada ao "Divã do Investidor" tenta esclarecer o ponto divergente entre os membros do fórum na semana passada: o que define curto, médio e longo prazo em ações.

O impasse deixa clara a complexidade da questão. Os prazos de investimento são intervalos de tempo um tanto pontuais quanto conceituais. Grosso modo, não há regra estabelecida para a questão. Além de depender do perfil de cada investidor, são tratados de diferentes maneiras por cada escola do mercado.

Na teoria contábil, vira longo prazo tudo que não entra no balanço daquele exercício. A partir daí, uma virada de ano assume caráter de divisor de águas. Caminhar pelas outras teorias traz à tona o impasse entre os leitores. Na visão corporativa, um plano de investimento de longo prazo chega a relacionar período entre 6 a 10 anos, como exemplo atual a exploração do pré-sal pela Petrobras, com início previsto para 2017.

Mas como disse o 'Buy and Holder' do fórum: "em 1 ano a bolsa pode não ser racional. Como muitos dizem, ela só passa a ser racional no longo prazo". Esta frase traz à tona outra questão. Apesar dos disclosures dos relatórios de analistas estimarem um intervalo de tempo, em média de 3 meses para curto e mais de 1 ano para longo prazo, a definição de periodicidade no investimento em ações pede uma visão mais contextual e menos prática.

Longe do consenso
Em relação ao tempo em si, depende do perfil de cada investidor. Os traders que assumem uma postura mais arrojada podem classificar curtíssimo prazo como um gráfico de cinco minutos e longo prazo algo não muito distante de um mês. Para os mais conservadores, um olhar de longo prazo chega a beirar os planos de aposentadoria.

Alimentando ainda o debate entre as diferentes teorias, a econômica considera o curto prazo como período em que apenas um dos fatores produtivos pode variar. O longo prazo já compreende a possibilidade de mexer em mais de um fator. Esta análise traz à tona a visão de que no curto prazo, uma ação é afetada por fatores exógenos. Já no longo prazo, os fundamentos e fatores endógenos do papel prevalecem.

 
- Diferentes pontos de vista -
"Longo prazo não tem período definido, mas a análise fundamentalista considera períodos superiores a 1 ano. No curto prazo a análise fica difícil, aí os grafistas levam vantagem", O Analista - Paulo Esteves, da Gradual Corretora.

"Em ações, não existe categorização bem definida. Mesmo no longo prazo, a ação está sujeira às variações [exógenas] de mercado", O Professor de Finanças - Eduardo Coutinho, do Ibmec de Minas Gerais.

"Curto prazo é intraday, o mais difícil de fazer negócios, pois estamos expostos aos ruídos do mercado. Médio prazo é o que vai acontecer até o final do ano. Longo prazo são os ciclos econômicos - exemplo de 2003 a 2008, os cinco anos de alta do Ibovespa", O Operador - Carlos Fraga, gerente de homebroker da TOV Corretora.

O professor de Finanças do Ibmec de Minas Gerais, Eduardo Coutinho, argumenta que uma ação está sujeita às variações de mercado mesmo no longo prazo. Nos comentários dos analistas, no entanto, esta premissa mais conceitual dos prazos é sim levada em conta. Paulo Esteves, da Gradual Corretora, ressalta que longo prazo é mais fundamento e menos fluxo de notícias e negócios, exatamente o oposto de curto prazo.

Menos prática e mais contexto
Daí parte uma alternativa muitas vezes esquecida pelo investidor. Ler 'longo prazo' em um relatório pede paciência para a precificação dos fundamentos da empresa, enquanto uma recomendação a intervalo de tempo mais curto remete ao cenário que afeta tal ativo naquele momento.

John Maynard Keynes, um dos mais influentes economistas do século XX e um dos fundadores da macroeconomia, certa vez afirmou que "no longo prazo todos morreremos". Com o debate entre prática e conceito envolvendo diferentes perfis e as mais variadas opiniões, a frase de Keynes parece a única verdade absoluta, que satisfaz a todos os pontos de vista.


 
Referência: InfoMoney
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