"Prefiro divertir as pessoas, na esperança de que elas
aprendam, ao invés de ensinar as pessoas, na esperança de que elas se divirtam”
Walt Disney
Todas as pessoas têm “programas mentais” ou estratégias para os mais diversos
comportamentos. Temos estratégias que nos motivam a realizar tarefas como
estudar, trabalhar, divertir e até dormir. A questão é saber distinguir estas
estratégias e utilizá-las de maneira útil, para nos ajudar a realizar ações que
são importantes em nossa vida pessoal e profissional.
No livro “Introdução à Programação Neurolingüística”, Joseph O”Connor e John
Seymour (Summus Editorial, 1990), citam excelentes exemplos de diversas
estratégias para realizar tarefas como memorizar palavras ou números, aprender
música e até criar histórias. Segundo os autores, as estratégias funcionam como
“receitas de bolo”, que devemos aprender para reproduzir comportamentos que
sejam úteis.
Eles mostram, por exemplo, que Walt Disney tinha uma boa imaginação, e
costumava imaginar suas histórias, primeiramente percorrendo todo o enredo sob o
ponto de vista de cada personagem, vivenciando os sentimentos destes, como
alegria, medo, espanto, etc. Em seguida, pedia aos desenhistas que criassem os
personagens sob o ponto de vista destes sentimentos, e a partir daí escrevia
toda a história. Era uma estratégia tão fantástica que foi capaz de influenciar
tantas gerações de pessoa até os dias atuais.
Como a capacidade de se motivar é uma das qualidades mais importantes na vida
de uma pessoa, tanto do ponto de vista pessoal, quanto nos estudos, ou na gestão
de sua carreira, é necessário aprender estratégias que podem nos motivar a
realizar as mais diversas tarefas, mesmas que estas sejam difíceis, cansativas
ou “chatas” de realizar.
Mas como descobrir os programas motivacionais já instalados em nosso
comportamento? E de que forma poderemos utilizá-los de maneira útil em nossa
vida pessoal e em nossa carreira profissional? São duas questões fundamentais
que procuraremos responder em seguida.
Receita para desenvolver estratégias motivacionaisUma
maneira útil de entender as estratégias motivacionais é imaginá-las como uma
receita de bolo, e você como sendo um mestre-cuca. Se você utilizar a receita de
um bolo adequadamente, provavelmente conseguirá fazer um bolo tão bom quanto
quem criou a receita. Para executar uma receita ou desenvolver uma estratégia
com sucesso é preciso saber três coisas básicas:
- os ingredientes (representações mentais de coisas que nos motivam)
- a quantidade destas representações mentais necessárias
- a seqüência das etapas
Representações mentais (ingredientes)Existem três conjuntos
principais de representações mentais, e cada pessoa consegue se motivar mais por
um determinado conjunto de representações.
- Representações visuais – existem pessoas que são
motivadas principalmente quando vêem uma situação ou imaginam visualmente
esta situação. Por exemplo, para motivar alguém a comprar um determinado
tipo de carro é preciso que o vendedor descreva sua aparência, mostre
fotografias, filmes, opções de cores, etc.. Estas pessoas reagem fortemente
a apelos visuais.
- Representações auditivas – algumas pessoas se motivam
melhor através de estímulos auditivos. Provavelmente gostam de realizar
tarefas escutando música, e necessitam de muita explicação auditiva para se
convencerem a realizar alguma tarefa.
- Representações cinestésicas – outras pessoas têm um
sentido tátil, o olfato e o paladar mais apurado. No caso da venda de um
automóvel, para motivá-las o vendedor precisaria descrever as qualidades do
carro como conforto, maciez, sensação tátil da direção e dos bancos, etc.
Descobrindo nossas estratégias motivacionaisO próximo passo
é a pessoa descobrir seu estilo motivacional, ou seja, relacionar as tarefas que
realiza de forma motivada na sua vida pessoal e profissional, e descobrir quais
os aspectos destas tarefas que fazem com que sua realização seja tão atrativa.
Por exemplo, um vendedor gosta de atender clientes pessoalmente, mas na hora
de preencher os relatórios encontra grande dificuldade. Talvez esta pessoa goste
muito de se comunicar verbalmente, porém escrever torna-se algo extremamente
penoso. Uma boa estratégia seria reproduzir o mesmo comportamento que tem quando
está conversando com os clientes na hora de escrever os relatórios. Porque não
escrevê-los e ao mesmo tempo manter um diálogo consigo? Pode parecer um
comportamento estranho, mas se isto o motiva, vá em frente.
Pessoas visuais adoram visualizar acontecimentos, gostam de ambientes
coloridos, preferem “ver para crer”. Uma boa estratégia para estas pessoas seria
que pudessem incorporar em suas tarefas e rotinas elementos visuais para
ajudá-las a se motivar. Se você é visual, descubra seus “motivadores”, eles
serão a base para você realizar as tarefas mais difíceis.
Pessoas cinestésicas precisam do contato físico, de tocar e sentir as coisas,
e a presença física das pessoas. Talvez uma conversa ao telefone possa ser
estimulante para uma pessoa “auditiva”, mas não é suficiente para a pessoa
cinestésica. Esta precisa tocar e vestir uma roupa, caso vá comprá-la. São
pessoas que gostam de ambientes confortáveis para se sentirem bem e motivadas.
Portanto, se seu estilo é cinestésico, busque reproduzir ambientes em que se
sinta bem quando for realizar tarefas difíceis ou desagradáveis.
Utilizando as estratégias motivacionaisA motivação é uma
energia poderosa para realização de nossos objetivos e por isto é uma qualidade
essencial que deve ser aprendida e praticada. Por esta razão, sugerimos a
seguinte seqüência para desenvolver estratégias motivacionais, tanto em nossas
atividades pessoais como em nossa carreira profissional.
- Descubra que tipo de pessoa você é em relação aos sistemas
representacionais: visual, auditiva ou cinestésica.
- Procure incorporar sempre nas atividades que realizar os “motivadores”
visuais, auditivos ou cinestésicos que melhor combinem com você.
- Relacione diversos comportamentos ou situações que o estimulem em sua
vida pessoal e profissional. Como, por exemplo, passeios, hobbes, lazer,
alimentos, jogos e outras atividades prazerosas.
- Escreva estas atividades motivadoras e tente relembrá-las, buscando os
aspectos ou a seqüência de cada uma delas que as tornam tão agradáveis.
Anote cada um destes aspectos.
- Busque fazer a adaptação incluindo atividades motivadoras às tarefas que
precise executar, mas que tem dificuldade. Por exemplo, se você precisa
escrever um relatório, que é uma tarefa que não gosta de jeito nenhum, mas,
se percebe que ouvindo música a tarefa se torna agradável, pode ser uma boa
idéia juntar estas duas coisas, escrever relatório ouvindo música.
- Desenvolva uma espécie de “receita de bolo” para cada tarefa difícil ou
“chata”, que precise realizar, incluindo nela os elementos motivadores de
situações agradáveis.
- Pense nisso: já que uma tarefa tem de ser realizada, porque não
executá-la de bom grado, e transformá-la em uma coisa agradável?
Acreditamos que este conjunto de procedimentos certamente poderá causar um
impacto positivo em sua vida. Se conseguir realmente desenvolver estratégias
motivacionais no contexto pessoal e profissional transformará as tarefas
importantes que precise realizar em situações agradáveis.