Finanças pessoais - Divórcio
O divórcio é sempre algo difícil de enfrentar, não só pelo impacto emocional do
fim de um relacionamento, mas também pelas mudanças financeiras e de estilo de
vida que ele geralmente acarreta.
Como ocorre com praticamente todos os eventos inesperados que afetam
negativamente a nossa vida financeira, ninguém gosta de pensar na possibilidade
de passar pelo divórcio.
Porém, é importante estar sempre preparado para superar qualquer dificuldade.
Dessa forma, caso um problema desse tipo ocorra um dia, você estará pronto para
tomar as decisões necessárias, mesmo estando emocionalmente abalado.
O divórcio é sempre um momento de se reorganizar. Caso um dos cônjuges tenha
sido sempre o responsável pelo orçamento do casal, essa é a ocasião em que o
outro deverá assumir o controle de sua própria vida financeira, o que exige
esforço e adaptação à nova fase.
Contrate um advogado
Para iniciar um processo de separação e, posteriormente, de divórcio, será
preciso o aconselhamento de um advogado, que pode ser contratado por uma das
partes ou pelo casal. Os honorários dos advogados, em geral, representam os
maiores gastos de um divórcio.
Porém, somente por meio de um deles é que se pode entrar com um pedido de
divórcio na Vara da Família ou na Vara Cível, conforme o caso, mesmo que os dois
concordem com a divisão dos bens, o estabelecimento de pensão alimentícia e a
guarda dos filhos.
Por isso, você precisará de alguém em quem possa realmente confiar, sentindo-se
confortável em sua decisão. Pergunte a amigos recentemente divorciados sobre
seus advogados. Se eles tiveram uma boa experiência, você pode entrevistar o
mesmo profissional. Se você trabalhou com advogados em outras questões
judiciais, peça a eles uma recomendação.
Importante: no Brasil, o pedido de divórcio só pode ser feito depois que
o casal já tiver solicitado a separação judicial há mais de um ano, ou esteja
efetivamente separado por um período mínimo de dois anos.
O divórcio de vocês é consensual (com ambos os cônjuges de acordo com a decisão
e desejando chegar a um entendimento) ou você precisará iniciar um processo
litigioso? Se você e seu cônjuge puderem chegar a um acordo, basta, com a
orientação de um advogado, estabelecer os termos, dar entrada nos papéis certos
e depois comparecer perante um juiz para solicitar o fim da união.
Mas raramente os divórcios são tão simples assim. A divisão de bens isoladamente
já pode ser complicada. Quando você e seu cônjuge não chegarem a um acordo sobre
a partilha, será preciso que cada um de vocês contrate seu próprio advogado para
defender seus interesses individuais.
Documentação e honorários legais
Antes de contratar efetivamente um advogado, você deverá assinar um acordo de
honorários por escrito. Este é um documento legal que detalha os honorários que
seu advogado irá cobrar. Certifique-se de que entendeu esse documento e sinta-se
à vontade para fazer perguntas, se não tiver entendido.
Geralmente, o advogado cobra uma porcentagem sobre o valor real dos bens
recebidos pelo cliente. É comum serem cobradas taxas extras à medida que o
processo vai se complicando. Quem não puder arcar com os custos pode contar com
assistência judiciária gratuita em universidades ou associações. Para isso, é
preciso comprovar a falta de recursos financeiros. A Justiça também cobra suas
taxas, que correspondem a uma porcentagem variável sobre o valor dos bens a
serem partilhados. Há mais tributos a pagar nos casos de partilha de imóveis.
Não tente usar uma decisão de divórcio apenas para punir o ex-cônjuge. Isso vai
acabar causando mais tensão, mais dor e muito mais gastos em honorários
judiciais. Acompanhe o processo com lucidez para ter certeza de que o acordo é
justo para você - escolha suas batalhas, mas não hesite em ceder em pontos de
pouca importância.
Em todo este processo, a documentação é um item extremamente importante. Reúna
sua papelada em uma pasta: isso o ajudará a ficar preparado e organizado.
Os documentos necessários incluem a certidão de casamento, pacto pré-nupcial (se
houver), certidão de nascimento dos filhos, comprovação da existência dos
imóveis e de seus valores. Com isso em mãos, o advogado deve redigir um
documento chamado petição de acordo e encaminhá-lo ao juiz. Caso este não veja
nenhum impedimento, a separação ou, se ela já existir, o divórcio, pode ter
aprovação no mesmo dia.
Dependendo do que estiver sendo contestado, você dever reunir dados e preparar
uma lista de bens que deseja manter e informações sobre seus filhos (quanto
tempo você passa com eles, as atividades que realizam juntos e as despesas
relacionadas com o sustento deles, por exemplo).
Quem fica com a casa?
Lar, doce lar. A casa é, quase sempre, muito mais do que um bem. É onde você
vive e passa grandes momentos. É possível que tenham trabalhado muito para
transformar o local no ambiente aconchegante do qual gostam tanto hoje. Por isso
mesmo, a questão “quem deve ficar com a casa?” pode se tornar algo difícil de
negociar durante um processo de divórcio.
Para ajudar na decisão, certifique-se de que faz sentido financeiro para você
ficar com a casa. Ter comprado o imóvel com a união de duas rendas e continuar
os pagamentos com apenas uma delas pode ser muito difícil, ou mesmo impossível.
Não pense apenas no pagamento mensal do financiamento, mas também no seguro,
reparos, manutenção, IPTU, empregados e outras despesas pelas quais você ficará
responsável.
Para ficar com a casa, você poderá ser obrigado a comprar a parte de seu
cônjuge, cujo valor é medido pelo total do imóvel menos as dívidas de
financiamento. Você também pode "negociar" bens. Em outras palavras, você
cederia sua metade de algum outro bem que venha a possuir em conjunto, para
pagar pela metade da casa pertencente ao seu cônjuge.
A alternativa de ficar com a casa poderá lhe dar alguma estabilidade em um
momento de dificuldade financeira, por exemplo. Você poderá ficar com ela
enquanto durar o processo de divórcio e tomar decisões após ter uma oportunidade
de se estabelecer em sua nova situação de vida. Por outro lado, a venda da casa
poderá proporcionar segurança financeira tanto para você quanto para seu
cônjuge, isso sem falar que será evitada a disputa pelo tão querido local.
Caso você fique com a residência e opte depois por vendê-la, considere por
quanto pode oferecê-la e depois subtraia os custos da venda e o valor que ainda
é devido no financiamento. Se você estiver vendendo e dividindo a receita com
seu ex-cônjuge, precisará repartir então a quantia pela metade.
Utilize conscientemente a sua parcela da venda: você deverá deixar a quantia
como uma sólida base financeira. Afinal, você precisará encontrar um novo local
para morar e começar uma nova vida!
Por outro lado, se o seu cônjuge ficar com a casa, não deixe de obter uma
avaliação profissional quanto ao valor do imóvel, visando uma divisão justa em
relação aos outros bens do casal.
Alguns casais optam por compartilhar a posse da casa por um período prolongado,
após o divórcio. Por exemplo: você pode concordar que sua esposa e as crianças
morem na casa até que seus filhos terminem o ensino médio. Desde que o acordo do
divórcio dê à sua esposa essa opção de uso, detalhando bem as condições
estabelecidas, você será capaz de embolsar sua parcela do ganho quando a casa
for vendida.
Restabeleça sua vida financeira
Após o divórcio, você terá que reiniciar sua vida financeira individual. Confira
alguns pontos a considerar:
Primeiro, uma conta bancária
CContas bancárias básicas servem para transações do dia-a-dia e pagamento de
débitos. Portanto, é importante que você abra uma em seu próprio nome. Pesquise
as tarifas e os serviços oferecidos pela instituição financeira. Às vezes,
pacotes mensais podem compensar mais que o pagamento de serviços avulsos.
Em segundo lugar, um cartão de crédito
Independentemente de seu estado civil, você deverá sempre ter um cartão de
crédito em seu próprio nome. Ele pode ser uma poderosa fonte de fundos, no caso
de uma emergência.
Não deixe de pesquisar quais cartões servem para você. Obtenha informações sobre
o tipo mais adequado aos seus hábitos. Para saber mais sobre cartões de créditos
e serviços, visite:
www.abecs.org.br
Corte os laços
Quando você tiver sua nova conta corrente aberta, encerre todas as contas e
cartões de crédito conjuntos ou, dependendo da situação, providencie a retirada
do seu nome.
Para isso, reveja cada caso. Isso inclui linhas de crédito em lojas específicas,
ou outro tipo qualquer de conta que ofereça adiantamento de qualquer crédito..
Faça um novo planejamento financeiro
Após um divórcio, sua situação financeira provavelmente será muito diferente de
antes. Por isso, dê-se algum tempo para se acostumar com sua nova situação. Um
novo orçamento é o primeiro passo a ser dado na adaptação às suas novas
circunstâncias financeiras. Organize-se.
Crie um orçamento anotando suas despesas, para descobrir para onde seu dinheiro
está indo. Use suas contas de cartão de crédito e extratos bancários de anos
passados como guias de seus hábitos de consumo. Em seguida, calcule o valor
futuro de suas novas contas. Não deixe de incluir despesas para lazer, vestuário
e outras importantes categorias de gastos. Inclua algum dinheiro para poupança
ou investimentos financeiros. Você pode demorar alguns meses para fazer a
sintonia fina de seu orçamento.
Em seguida, calcule sua renda mensal. Não inclua renda potencial, apenas a
receita que você tem certeza que receberá. Pensão alimentícia e sustento de
filhos podem ser incluídos, mas somente se você tiver certeza de que seu cônjuge
as deve e as pagará.
Cheque suas despesas orçadas e as contraponha à sua renda. Você está com mais
despesas do que receitas? Em caso afirmativo, precisa cortar os gastos. As
despesas de lazer são mais fáceis de reduzir do que custos fixos como serviços
básicos e habitação. Mas todos os casos devem ser revistos, visando se
certificar de que está realmente economizando onde pode.
Continue reduzindo, até ter renda suficiente para cobrir suas despesas. Pode ser
penoso no início, mas adaptar seus gastos à sua nova situação financeira é
essencial para o ajuste de longo prazo. O último passo consiste em relacionar
todas as receitas que possam resultar de seu processo de divórcio e investi-las.
Se você tiver perdido cobertura de seguro, seja de carro, saúde, residência ou
qualquer outra, reponha-a assim que puder. Em seguida, comece a poupar para
garantir sua estabilidade e futura aposentadoria.
Enfrente o inesperado
A tensão e o impacto emocional de um divórcio podem significar um obstáculo
bastante difícil de superar e, diante disso, algumas pessoas se confortam
gastando dinheiro. Mas, no ambiente financeiro incerto pós-divórcio, gastar
dinheiro pode ser prejudicial ao seu bem estar financeiro de longo prazo. Você
deverá se tratar bem, mas não gastar mais do que seu orçamento permite.
Não há nada mais difícil de planejar do que o inesperado. Muitas vezes, o
impacto emocional é pesado, mas pode ser administrado sem incertezas
financeiras. A chave para sobreviver com êxito a esses eventos inesperados da
vida, pelo menos financeiramente, é prever tempos difíceis, reforçar sua
situação financeira agora e dar a si mesmo um espaço para respirar.
Construa um fundo de emergência para poder se sustentar nos tempos difíceis.
Você precisará de dinheiro para despesas de sustento durante três meses, no
mínimo. Caso o seu emprego não lhe proporcione a devida estabilidade, este prazo
pode se estender bem mais.
Diante desta realidade, reserve mensalmente alguma quantia, por menor que seja.
Opte por alternativas de investimento que garantam, ao mesmo tempo, a liquidez
de suas reservas de emergência, assim como a possibilidade de resgate
facilitado, caso seja necessário dispor da quantia.
Esperamos que você nunca venha a precisar dessas garantias, mas se isso
acontecer, você ficará feliz por tê-las.
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