Frequentemente, colocamos a culpa nos outros por nossas frustrações
profissionais. É o chefe que é egoísta, o colega que vive a passar a perna nos
demais e até mesmo o marido ou a esposa que sempre exige que passemos mais tempo
com a família, impedindo diversas reuniões de negócios no exterior.
A verdade, no entanto, é que não adianta culpar ninguém, porque somos nós mesmos
que escolhemos por qual caminho seguir. E, não raro, somos também os verdadeiros
sabotadores de nossas carreiras, de acordo com a executive coach da Sociedade
Brasileira de Coaching, Claudia Watanabe.
Zona de perigo
A coach listou as situações em que as pessoas acabam cumprindo o papel de
inimigas delas mesmas. O primeiro caso ocorre quando falta confiança em si
próprio. Indivíduos com baixa autoestima não conseguem visualizar o sucesso e
costumam ser mais ansiosos, o que prejudica suas atividades e, consequentemente,
os resultados obtidos.
Outra situação diz respeito à negação da realidade, a fim de evitar sofrimento.
O sentimento de autopreservação é importante, entretanto, enxergar a realidade é
preciso.
Um exemplo: é comum profissionais demitidos criarem desculpas para seu
desligamento da empresa. Pode ser a crise econômica, o chefe invejoso ou a
simples necessidade da organização de cortar gastos. Muitos dizem que foi melhor
assim, pois, de qualquer maneira, não gostavam do emprego, e ignoram o fato de
que precisavam dele para pagar as contas. Outros pensam: "o azar é da empresa,
que perdeu um grande profissional".
O problema é que, geralmente, as pessoas são dispensadas porque não apresentaram
um desempenho satisfatório e, mesmo após alguns meses, não melhoraram. Pode ser
a crise? Com certeza. Mas, antes de culpá-la, que tal rever os erros cometidos e
tentar melhorar, para que, ao conseguir uma nova colocação, sobreviva a esta e
às outras crises econômicas que provavelmente virão? Lembre-se de que, se
algumas pessoas foram dispensadas, outras tantas permaneceram na organização.
"Muitas vezes, as pessoas são desligadas e não têm a menor noção do verdadeiro
motivo. Por isso, desconhecem os pontos que precisam melhorar", explica Claudia.
O sentimento de autopreservação pode reduzir a capacidade de autoanálise, o que
impede o profissional em questão de evoluir e ter uma carreira de sucesso.
Excesso de confiança
Não é só a baixa autoestima que impede as pessoas de terem uma carreira de
sucesso. O excesso de confiança também pode ser fatal. Quem acredita em si
próprio de forma exagerada tende a não enxergar seus erros e a não ouvir os
outros, demonstrando dificuldade em receber críticas.
"Esse tipo de profissional toma atitudes repetidamente erradas. No entanto, no
fim das contas, o resultado acaba sendo incompatível com o que ele próprio
espera, bem como com o que a empresa espera. Acontece muito, principalmente no
caso daqueles que se tornaram líderes ainda muito jovens ou dos que possuem
muitos títulos no currículo. Eles se escondem atrás dos diplomas", finaliza a
coach.