Banco / Cheque / Conta - Cartões magnéticos - E se o caixa pedir para redigitar a senha?
E se o caixa pedir
para redigitar a senha?
Antes de atendê-lo, veja se o comprovante de pagamento foi emitido. Se sim, a
transação foi concluída. Caso redigite a senha, acompanhe o lançamento do débito
na conta corrente
Quanto mais prático, melhor. E, em matéria de praticidade, o cartão de débito é
um aliado do consumidor. “Ele é mais seguro que o cheque, porque está menos
sujeito a fraudes”, afirma Marcelo Tangioni, diretor de Marketing da Mastercard.
Segundo dados do Banco Central, entre 1994 e 2002, a quantidade de cheques
compensados no País teve queda de 42%. As facilidades oferecidas pelo dinheiro
de plástico, porém, não garantem que os consumidores não terão mais problemas.
Fique atento na
hora de pagar |
Preste atenção ao terminal eletrônico: apenas um comprovante de
venda deve ser emitido;
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Antes de digitar a senha pela segunda vez, peça ao lojista uma
declaração escrita de que, apesar de a senha ter sido digitada duas
vezes, houve apenas uma compra;
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Guarde o comprovante de venda emitido pelo terminal eletrônico. Se
houver cobrança em duplicidade, guarde uma cópia do extrato bancário
como prova;
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De posse da declaração do lojista e da cópia do extrato bancário,
volte à loja pedindo o ressarcimento.
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Um dos dissabores mais comuns para quem usa o dinheiro
de plástico é conferir o valor no terminal eletrônico, digitar a senha e ouvir
do vendedor: “O sistema caiu, por favor, digite novamente a sua senha.” Mesmo
sem saber se é seguro, ele acaba digitando-a pela segunda vez. E o final da
história nem sempre é feliz: às vezes, a primeira cobrança foi efetivada e dois
débitos idênticos são lançados na conta do correntista. “A tecnologia é muito
prática, mas não proporciona segurança ao consumidor”, alerta Fernando Scalzilli,
vice-presidente da Associação dos Direitos Financeiros do Consumidor (ProConsumer).
“Digitar a senha é o mesmo que assinar um cheque autorizando o débito em conta.”
O analista de sistemas Jeferson Franzini conhece bem esse problema. Ele pagou
suas compras no supermercado com o cartão RedeShop, administrado pela Mastercard.
“Após ter digitado a senha, o caixa me disse que o sistema tinha caído e eu
deveria digitá-la novamente”, relata. Franzini conta que combinou com a gerente
que o supermercado o ressarciria caso houvesse cobrança em duplicidade, “pois
ela alegou que eu não tinha outra opção, teria de digitar a senha novamente”.
No dia seguinte, Franzini constatou, no seu extrato bancário, dois débitos
iguais, referentes à mesma compra. “Tive de voltar ao supermercado levando a
cópia do extrato para obter o ressarcimento do valor”, relata.
A Assessoria de Imprensa da Redecard, responsável pela captura das transações
com cartões de débito Maestro RedeShop, informa que problemas nas transações são
possíveis, mas muito raros.
Tangioni, da Mastercard, recomenda que o consumidor confira o extrato após a
compra e ressalta que raramente há duas cobranças se apenas um comprovante de
venda for emitido. “Ele é o principal indicador de que a operação foi
concluída”, afirma.
Cobrança em duplicidade é rara
Mauro Bracco, gerente de Desenvolvimento de Produtos de Débito da Visanet,
explica que é raro ocorrer cobrança em duplicidade no pagamento com o cartão
Visa Electron: “Muitas vezes a duplicidade é cancelada no fechamento do caixa
das lojas, porque o terminal avisa a central da Visanet que uma das operações
não pôde ser completada”, explica.
Renata Cook, gerente de Produto da Visa, acrescenta: “Se o comprovante não foi
emitido, então a transação não foi completada.” Nesses casos, ela diz que o
consumidor pode, tranqüilamente, digitar novamente a senha. “Apenas se houver
falha no sistema ocorrerá a duplicidade se o comprovante não foi emitido. Se
ocorrer, o consumidor deve pedir o estorno do valor ao banco: a Visa e a Visanet
podem verificar a duplicidade em seus sistemas e o problema será rapidamente
solucionado.”
Scalzilli, da ProConsumer, acredita que é mais prático pedir o estorno ao banco,
mas o mais correto é recorrer à loja, “afinal, foi ela quem recebeu duas vezes o
valor”. “Para se prevenir, se houver queda de sistema, o consumidor deve pedir
ao lojista que lhe entregue uma declaração de que a senha teve de ser redigitada,
mas há apenas um débito naquele valor”, recomenda. Dessa forma, explica, o
consumidor terá uma prova caso precise exigir o ressarcimento do lojista ou
mesmo provar na Justiça que a cobrança foi indevida.
Na opinião de Cláudio Lima, técnico em Assuntos Financeiros da Fundação
Procon-SP, a empresa que oferece a forma de pagamento com o dinheiro de plástico
deve garantir o seu bom funcionamento. “Se houver falhas no sistema de cobrança,
não é o consumidor que deve pagar por elas.” Ele acredita que a empresa, o banco
e a administradora do cartão respondem solidariamente pela falha no sistema.
“Isso porque as três juntas oferecem essa facilidade”, explica. Por isso, o
consumidor pode pedir reparação a qualquer um dos estabelecimentos. Se a questão
não for resolvida amigavelmente, Lima recomenda ao consumidor que procure os
órgãos de defesa do consumidor ou a Justiça, e ressalta: “É preciso apresentar o
comprovante emitido pelo terminal eletrônico e o extrato bancário como provas.”
Matéria publicada na edição de 01/02/03 do
Jornal da Tarde
Referência:
febraban.org.br
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