Você já deve ter convivido com aquele colega de trabalho que está sempre
certo, não aceita a opinião alheia sem antes travar uma batalha e acaba
incomodando toda a equipe. De acordo com a gerente de Planejamento de Carreira
da Manager Assessoria em Recursos Humanos, Marisa Ayub, estamos falando de
profissionais que, em geral, estão há bastante tempo na mesma empresa.
Já na opinião do sócio-diretor da LCZ Consultoria e Desenvolvimento, Luis Felipe
Cortoni, esse tipo de comportamento está muito mais ligado à personalidade do
indivíduo. Ele classifica os profissionais "sabe-tudo" em dois tipos.
O primeiro é o narciso, que, obcecado por suas próprias idéias e opiniões,
demonstra um tipo de negação com relação ao outro. Muitas vezes, pessoas com
este perfil conseguem chegar a posições de liderança.
O segundo é o que deseja passar a impressão de estar sempre certo porque sente
necessidade de afirmação. "Ao contrário do narciso, ele usa isso como um
mecanismo de defesa. Para este tipo de pessoa, é importante manter sua posição".
Atitude prejudica empresa e equipe
Segundo Marisa, no dia-a-dia, esse profissional inflexível age como se soubesse
mais do que os outros e não precisasse de treinamentos ou melhorias. "São
completamente engessados e derrotistas, não conseguem resolver os problemas de
forma assertiva, acham que nada está bom e nem gostam de pensar em mudanças",
diz ela.
Com o tempo, a tendência é que a equipe se afaste e desista do confronto com o
colega que nunca está errado. Dessa forma, quando um assunto é debatido, as
pessoas acatam a opinião do "sabe-tudo". "Quem é persuasivo ao extremo gera um
mecanismo de defesa no outro. Ninguém se mantém disposto a discutir todo dia,
então, simplesmente, deixa pra lá", explica Cortoni.
"O inflexível não deixa a empresa crescer e acaba por desmotivar os demais
colaboradores, que, muitas vezes, buscam outras colocações no mercado, por não
conseguirem ascensão profissional na empresa", afirma a gerente da Manager.
Efeito contrário
Para o "sabe-tudo", o efeito é justamente o contrário do que se pretende: ele
perde a credibilidade e desgasta as relações. Marisa lembra ainda que empresa e
gestor enxergam profissionais assim como descartáveis. "Eles até têm a impressão
de que são insubstituíveis, mas não são", garante ela.
Pode ser que suas atitudes tenham fundamento na insatisfação com relação à
empresa. A questão é que é importante aprender a assumir os próprios erros e
estar de acordo com o que a maioria das organizações preza hoje: cooperação e
trabalho em equipe.