Filhos - Quando e como falar de carreira com os filhos?
Quem, quando criança, nunca pensou em passar a vida inteira brincando? Ou então,
imaginou ser o ator de um fato heróico, para ser reconhecido por todos? Estes
pensamentos estão bastante relacionados com o conceito de carreira (o que fazer
o resto da vida) que se tem na infância, sempre ligado ao heroísmo ou à
diversão. Por isso é que as crianças sonham em ser astronautas, bombeiros ou
artistas de circos, por exemplo.
À medida que o tempo vai passando, porém, a criança tende a escolher ou uma
profissão relacionada ao heroísmo ou outra à diversão. Quando chega aos nove
anos, ela passa a ter uma explicação para as suas possíveis escolhas
profissionais, com resquícios daquelas consideradas durante a primeira fase da
vida.
"Na verdade, a escolha vai se afinando. Em orientações de carreira, detectei que
há muito resquício da imagem que se formou de carreira na infância. O que muda é
que a criança lapida o conceito, com as experiência negativas e positivas que
passa", afirmou a consultora da DBM, Fátima Rossetto.
O papel dos pais
A partir dos nove anos, quando a criança começa a filtrar as imaginações, e a
colocar os motivos para suas escolhas, a presença dos pais se torna fundamental.
"De nove a 12 anos, surgem as primeiras concepções do que eu quero ser. A
criança coloca mais motivos para optar por alguma coisa", disse a consultora.
Por exemplo: ela fala que quer ser veterinária, mas já justifica com o fato de
gostar de animais e de se sentir bem com o contato com a natureza.
O papel dos pais, nesta fase da vida, será o de apresentar a carreira que a
criança optou, não de maneira burocrática, mas mais lúdica, por meio de filmes,
exposições e outros.
A partir dos 14 anos
É a partir desta idade que os pais devem começar a passar o conceito das
carreiras escolhidas pelos filhos. Eles devem levá-las a eventos, colocá-las em
contato com os profissionais da área e fornecer o máximo de informação possível.
"Depois dos 14 anos, os pais devem estimular o porquê, que é uma pergunta que a
gente, não sei por qual motivo, perde o costume de fazer quando tem cerca de
sete anos".
Os pais devem estimular o porquê, para que o indivíduo consolide as razões pelas
quais escolheu a profissão. Os adultos, durante todo este processo, devem se
fiscalizar: "em vez de oferecer o caminho, ofereça questões", ponderou Fátima. A
consultora citou duas atitudes negativas que os pais não devem tomar nesta fase
da vida do adolescente:
- A primeira delas é dizer não de maneira restritiva: frases que
desestimulem o filho a explorar e a tentar, são negativas para o indivíduo,
porque mexe com a auto-estima e com a autoconfiança;
- A segunda diz respeito a estabelecer valores culturais: neste caso, o
filho fala que quer ser, por exemplo, artista de circo e os pais dizem que
esta profissão não tem futuro ou que paga mal. Estabelecer valores morais é
muito ruim.
"Quando você vai de encontro com as suas características pessoais e motivações,
e investe na carreira, é muito improvável que não tenha sucesso. Você vai ser
uma pessoa feliz e produtiva", afirmou Fátima. Ela acrescentou dizendo que cada
vez mais existe um mundo repleto de opções, quando o assunto é carreira, e que
deve existir um espaço para que os adolescentes reconheçam seus talentos, para
fazer uma melhor escolha.
A presença dos adultos
Conforme afirmou Fátima, a presença dos pais é bastante importante nesta fase da
vida (após os 14 anos) e conversar sobre carreira facilita a comunicação de
forma geral entre os adultos e as crianças. "A escolha da carreira é uma das
mais complexas da vida. Há muito medo, porque existe a percepção de que esta é
uma decisão irrevogável".
Mesmo assim, muitos pais não estimulam este tipo de conversa, com medo de
acabarem pressionando os filhos. "Eles têm que ter em mente que existe uma
maneira de ser colaborador sem ser determinante", finalizou a consultora.
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