Embora ainda haja empresas contrárias à idéia, o sentimento de que o
orçamento alocado em capital intelectual deve ser considerado investimento e não
custo está cada vez mais arraigado no mercado.
Conforme apontado pelo relatório da equipe do Deutsche Bank, essa opinião parte
do pressuposto de que ativos como habilidades, inovação e relações com o cliente
proporcionam uma forte vantagem competitiva e geram valor às companhias.
"O capital intelectual - desde patentes e habilidades da equipe até a relação
com os clientes - se tornou o mais importante fator de sucesso de um negócio",
afirma o banco.
O que é capital intelectual?
Para entender o ponto de vista do Deutsche Bank, é importante saber que a
definição de capital intelectual engloba todos os ativos intangíveis em uma
organização, separados em três classificações principais (embora elas se
misturem entre si): capital humano, capital estrutural e capital de relação.
O capital humano se refere às habilidades técnicas, competências sociais e
motivações da administração e dos funcionários, além das patentes e direitos
autorais. Isso significa que ele é a fonte de inovação e renovação da companhia.
Nesse sentido, o capital estrutural é definido como a estrutura organizacional e
os processos que tornam possível o desenvolvimento e aplicação do capital humano
dentro da empresa, ou seja, ele permite que o capital humano crie valor para a
companhia.
A última classe, o capital de relação, se refere ao conhecimento e
relacionamento com clientes e fornecedores, além da eficiência de recrutamento.
Esse ativo é tão importante que alguns economistas afirmam que é nele que o
fluxo de caixa começa.
Gerando valor
Ainda que seja difícil contabilizar, a partir da definição de capital
intelectual já é possível perceber que os ativos intangíveis agregam valor aos
produtos das empresas, seja através das técnicas utilizadas para sua fabricação,
das inovações alcançadas ou do bom relacionamento com clientes.
Uma medida importante para a avaliação desses ativos e do valor econômico que os
investimentos neles podem gerar é o desenvolvimento de relatórios, tanto
internos, visando uma melhor gestão do capital intelectual, quanto externos, de
forma a serem avaliados pelos demais stakeholders (investidores, clientes,
comunidades).
De acordo com o Deutsche Bank, cada vez mais a comunidade internacional está
adotando esse tipo de relatório, desde governos (Dinamarca, Japão e Alemanha)
até organizações internacionais como a União Européia. No plano corporativo, já
são mais de 150 empresas, principalmente as escandinavas e da Europa central.
Por fim, a importância dos investimentos em ativos intangíveis levou o banco a
concluir que o mercado deveria "integrar rotineiramente a informação [sobre
capital intelectual] em suas análises para melhor entender o potencial das
companhias".